Re: Vilarejo de Calm

por **Shaorin** Ter 11 Ago 2009, 10:03 pm

A mulher piscou os olhos várias vezes, surpresa, com a pergunta de Arach. Não esperava por ela, e por isso demorou para responder.

— Ham, não. Que isso! Claro que não teria medo de você. — Falou rápido, pegando uma flanela e começando a limpar o balcão de forma desesperada. Era claro para Arach que a mulher escondia alguma coisa, e isso ficava cada vez mais à mostra em suas ações.

— Desculpe perguntar mas... Da onde você vem? — Perguntou depois de alguns minutos em silêncio, apertando o pano em mãos.

por Sperium 3000 Qua 12 Ago 2009, 7:59 am

Arach não mudou sua expressão enquanto o nervosismos da moça dos pães parecia aumentar, pois já havia visto aquela cena antes. Muitas eram as pessoas que tinham medo dele, por algum motivo que ele sequer sabia. Lógico, ele não deveria se importar com isso, já que seu único objetivo era reencontrar sua mestra, mas... Isso até que o incomodava de certa forma, especialmente se uma pessoa lhe dá algo à partir do medo e não por generosidade sincera. E a maneira como a moça dos pães agora limpava o balcão de seu estabelecimento após seu medo ter sido descoberto era... Desconcertante.

Depois de algum tempo de silêncio com a moça limpando e Arach, com as mãos nos bolsos a olhar para ela de sua forma indiferente (o quê de fato era um tanto intimidador), ela lhe perguntara de onde havia vindo. Passou-se mais alguns minutos de silêncio até que Arach concluiu que talvez sinceridade mostraria que ele não era um perigo para ela...

- ... Eu venho de Paramet, madame... - O ser composto disse, olhos fechados e o rosto levemente abaixado em um gesto de humildade, ou talvez modéstia... Ele sempre confundia os dois. Enquanto falava, levara a palma da mão direita para o peito em um gesto para indicar a si mesmo - ... Procuro por uma pessoa... Minha amada mãe... E nada além disso...

À primeira vista, os trejeitos de Arach mais lembravam um tipo de criado do que alguém independente, mas o problema em seu gesto para indicar a si mesmo era que isto deixava sua mão direita totalmente a mostra. Isso incluía as unhas negras como o breu, a pele branca como a neve e as marcas negras cujo significado Arach sequer compreendia (Não vou dizer que não avisei... Ah, espera, eu não avisei mesmo...).

por **Shaorin** Qua 12 Ago 2009, 10:58 pm

Isso fez a mulher parar de limpar o balcão. Inclinou-se para frente, mais para perto de Arach, e o olhou nos olhos.

— E sabe quem é a sua mãe? Um menino como você não deveria perambular por aí sem destino. — A mulher observa-o de cima à baixo notando suas roupas cheias de neve igual sua cabeça. Ela, por instinto materno, faz um gesto com a mão para que o garoto entrasse por detrás do balcão e saísse do gelo.

por Sperium 3000 Sex 14 Ago 2009, 10:08 pm

Quando a moça dos pães aproximou seu rosto do de Arach, ele instintivamente afastou o rosto com uma expressão de leve desconforto. Quando ela falou de uma forma bastante maternal, dando-lhe passagem para entrar em seu recinto, a expressão do rapaz se tornou uma de leve surpresa, seus olhos ganhando um indistinguível brilho de gratidão. Abaixando o rosto de leve como sinal de agradecimento, Arach fez como ela queria e passou para dentro do balcão. Enquanto entrava, ele resolveu responder a pergunta dela...

- Eu sei quem é minha mãe... Seu nome é Margoth... - Ele disse de forma preguiçosa, mas casual, parando e olhando para a moça dos pães por cima do ombro logo após.

por **Shaorin** Dom 16 Ago 2009, 6:19 pm

Ao passar o balcão Arach e sua sombra se deparam com uma sala grande e espaçosa que tinha um corredor onde dava para uma sala de estar. Lá dentro estava quente, mais do que o esperado por causa do forno e calor humano. A mulher pensa por alguns instantes, ponderando sobre o que ouvira.

— E... Não sabe onde ela está? Nem uma ideia ou pista de onde ela possa estar morando? — A mulher parecia muito interessada no assunto, tanto que atendeu o último cliente e fechou a padaria improvisada. Ela faz um gesto com a mão para que Arach a seguisse para a sala de estar.

Uma lareira grande esquentava o ambiente com suas chamas crepitando com verocidade. Duas poltronas de couro velho estavam perto da lareira e em uma delas estava um gato preto. A senhora faz um outro gesto para que Arach se sentasse na poltrona livre.

por Glass Vandfald Qua 19 Ago 2009, 9:41 pm

Ah! Então aquele era o Vilarejo de Calm! Havia saído ainda a pouco das Montanhas da Neve Eterna. E naturalmente, não entendia o conceito humano de frio. Sentia-se totalmente bem, ainda que não estivesse com muitas roupas. Estava com o mínimo, para ser exato. Tecidos não exatamente grossos, mas simplesmente confortáveis. Os cabelos azulados e escorridos, enquanto caminhava. Talvez ficar um tempo em Calm não fosse má idéia. O pequeno golem olhava para os lados. Pessoas parecendo pequenos montes de roupas, provavelmente estava morrendo com o calor de tantas roupas ─ pelo menos em sua inocente visão. O garoto então, olhou para os lados. A priori, tentou encontrar alguma face conhecida - talvez alguém da montanha também tivesse descido!

Mas não encontrou nada. Na verdade, não encontrou nenhuma face conhecida ou nada do tipo. Decidiu andar. Até porque, se desejava se afixar na cidade, ainda que só por alguns meses, precisaria de uma moradia. Aquele era seu objetivo principal. Moradia. Nem que fosse um lugar pequeno, só precisava de pouco. Por isso, decidiu procurar. Estreitando os olhos claros, começou sua caminhada pelo pequeno Vilarejo de Calm. Ainda havia muito a aprender, claro. Mas os primeiros passos em direção a liberdade tinham sido tomados. Pelo menos os primeiros.

por **Shaorin** Sáb 22 Ago 2009, 9:51 pm

[ Bom, como não houve resposta de Arach, continuarei pra você. ^^ ]

@ Glass

A cidade estava calma, silenciosa e quase vazia por estar anoitecendo. O frio se intensificada nesta hora da noite. Crianças corriam de um lado para o outro terminando suas brincadeiras enquanto mães desesperadas corriam atrás ou as gritava com raiva. Um grupo de cinco crianças — todas com vestimentas saindo por tudo quanto era lugar — estavam correndo descontroladamente na direção de Glass, só que de forma fragmentada.

Perto do Golem, mais necessariamente do lado esquerdo, estavam algumas casas com portas e janelas fechadas; e do lado esquerdo, um espaço vazio, algumas barracas e um poço com alguns pedaços de madeira escorado e esparramado pelo chão.

Uma das crianças, uma menina desavisada que corria olhando para os lados, não percebe os pedaços de madeira e tropeça neles e cai direto no poço de água gelada.

— Alguém me ajude!! SOCORRO!! — Grita a mulher correndo pra cima do poço e jogando uma corda para que a criança pegasse e pudesse puxá-la. A criança começa a gritar, desesperada, e segura a corda mas quando a mãe puxa, esta arrebenta e a criança cai novamente na água e começa a se debater.

por Glass Vandfald Dom 23 Ago 2009, 3:17 pm

Observando as crianças correrem, um sorriso se delineou nos lábios do garoto. Aquela era a diversão da vida, não? Viver brincando, fazendo aquilo que bem se desejava. Ficou lá, sentindo o vento agradável bater contra a pele; divertindo-se ao observar a alegria das crianças. E daí que as mães gritavam em desespero, tentando arrastar seus filhos de volta para a casa para que não ficassem naquele tempo. Ok, aquilo deveria ser frio para pessoas normais. Mas o conceito de frio de Glass estava longe de se aproximar do conceito de frio das pessoas normais.

E talvez por isso não entendeu quando o desespero quando a criança caiu naquele poço. A princípio, claro. Porque, pelo menos para aquele golem, não estava realmente frio. Mas quando a criança começou a gritar, o golem se preocupou um pouco. Porque, afinal, talvez não fosse pelo frio que a criança gritava; mas sim por não saber nadar. E bem, a mãe gritando também não ajudava nada. Rangendo os dentes, aquele ser diminuto e fracote virou-se para o poço. Não correu, embora tenha andado um pouco mais rápido que o normal. Olhou para dentro do poço, e depois para a mulher.

▬ Err, moça. Se for possível vá pegar uma corda. Não tenho certeza se consigo escalar isso aqui com uma criança. ▬ Afinal, sozinho ele conseguiria. Viver nas Montanhas da Neve Eterna não era fácil, fica aí o comentário de alguém que nasceu e viveu quase vinte anos lá. E então o garoto saltou pelo poço como saltaria por cima de uma cerca. Mas claro, não poderia cair em cima do garoto. Seria arriscado para ele. Quando estava a poucos metros da água, seu corpo pareceu mudar. Assumir uma textura diferente, quase transparente. Água pura. E mergulhou na água, passando pelo corpo da garota. E logo voltou ao normal, textura de carne humana - ainda que mais fria em quase 20ºC. O garoto emergiu ao lado da pequena garota, esbaforando. ▬ Calma, calma, calma. Nós vamos te tirar daqui. Calma. ▬ E tentava respirar. Visivelmente, não era a melhor pessoa do mundo para lidar com crianças. Talvez o fato de ser tão aluado não ajudasse. Tentou, apoiando os pés na parede do poço, impedir a criança de se afogar. Era sua prioridade. Afinal... o frio, pelo menos, ele não entendia.

por **Shaorin** Seg 24 Ago 2009, 8:56 pm

Todos pararam, incrédulos, ao ver Glass pular na água. Um grito pôde ser ouvido quando o Golem pulou no poço. A garota solta um grito ao vê-lo cair e fecha os olhos cobrindo o rosto com um ataque de tosse repentina. Estava engolindo muita água e com a caída de Glass o movimento se intensificou. Quando chegou perto, a menina grudou em Glass agradecendo a ajuda e acalmou-se aos poucos.

A mulher não demorou a fazer algo. Gritou para que alguém pegasse uma corda qualquer e jogou dentro do poço. Ela era grande e grossa, resistiria ao peso dos dois facilmente. — Segure, garoto! Calma filha, logo você estará a salvo! — Gritou a mãe desesperada. Cinco pessoas ajudaram a mulher a puxar a corda, podiam ouvir o barulho que os seis faziam, ofegando e gritando como incentivo para que a corda fosse puxada com certo cuidado. Aos poucos, Glass e a garota saíram do poço. Uma pessoa agarrou a menina dos braços do Golem e enrolou-a em uma toalha quente e seca e levou-a para dentro de uma casa. A mãe da menina a seguiu desesperada e antes que pudesse entrar na casa, trocou algumas palavras com um homem e olhou de relance para Glass e adentrou a casa.

— Venha, rapaz, deve estar com frio. — Um homem alto de barba rala e de idade avançada enrolou Glass com outra toalha; ele achava que o garoto era um humano qualquer e estaria tremendo de frio. Sem dar tempo para Glass o contra-dizer, puxou-o para dentro da casa. Muitas pessoas estavam ao redor da menina que agora estava sendo aquecida pela mãe que a segurava nos braços e a secava. A casa era quente e simples, com os móveis rústicos apesar de estarem em um estado quase deplorável. Quando Glass entrou, todos olharam para ela e a menina sorriu igualmente a mãe.

— Obrigada por salvar minha filha, sou eternamente grata.
— Nós dois. — Disse o homem que estava trazendo-o para dentro e o fazia sentar em uma poltrona quente ignorando se a molhasse.

por Glass Vandfald Ter 25 Ago 2009, 12:21 am

A água não estava tão ruim quanto ele pensava. Estava até agradável! Se fosse por ele, ficaria naquela água durante algum tempo. Afinal, não sentia frio naquele tipo de água. Segurava a garota as costas, enquanto via a corda descendo. Rangendo os dentes, o garoto mirrado agarrou-se a corda e a menina ao mesmo tempo. E antes que conseguisse pensar em falar "Comida" ou algo do tipo, ele já estava fora do poço. E pior, antes que pudesse esbravejar ou qualquer coisa do gênero, estava enrolado em algo áspero e estava sendo empurrado por um sujeito, e entrando em uma casa.

Quente.

Foi recebido com carinho pelo ato heróico - que o garoto excessivamente estúpido encarava como algo até mesmo normal. Sem muito jeito, foi praticamente lançado na poltrona, encharcando-a. Ainda estava molhado, como era possível notar pelos cabelos azulados que respingavam; mas aparentemente não tremia. Respirando fundo, o garoto sorriu. ▬ Não fiquem falando isso, eu fico com vergonha! ▬ Disse o garoto em um tom infantil, brincando. Acenou para a garotinha. Pelo visto ela não havia se afogado. Talvez agora tomasse distância de poços, pelo menos.

por **Shaorin** Qua 26 Ago 2009, 8:52 pm

Todos o olharam e arquearam a sobrancelha. Um breve silêncio se fez até que todos riram e o homem que o trouxera desse uma batida em suas costas levemente. Uma mulher logo desceu com mais uma toalha que enrolou em Glass gentilmente.

— Querido, precisa trocar essas roupas senão poderá pegar alguma gripe! Estão encharcadas! — Esbravejou a mulher com um sorriso preocupado.

— Tem algumas roupas com você? Se não tiver, meu filho poderá lhe emprestar algumas, ele tem o mesmo tamanho que você. Podem só ficar folgadas. — Sorriu, olhando para a garotinha que agora subia para o quarto com a mãe.

— Deve estar faminto também. Quer comer alguma coisa? — Perguntou em seguida, bombardeando Glass com perguntas.

por Glass Vandfald Qua 26 Ago 2009, 10:24 pm

O garoto, sem nenhuma noção da maioria dos costumes humanos normais, suspirou; um tanto preocupado. Não era como se realmente estivesse com frio ou algo do tipo, mas talvez aquilo fosse a educação dos humanos. Ergueu as sobrancelhas. A idéia de usar roupas emprestadas não lhe agradava muito, embora preferisse algo confortável ao monte de tecido encharcado e grudado na pele fria. Talvez ainda não tivessem notado exatamente por ele estar molhado. ▬ Errr... Roupas secas seriam uma boa idéia. Eu não trouxe nada das montanhas... E não estou com tanta fome assim, eu acho. ▬ O garoto fez uma careta, colocando a ponta da lingua para fora da boca e rindo sem graça. O pequeno golem olhou para tudo ao seu redor. Parecia ser uma casa simples, mas o ar que as pessoas da casa davam para ela transformavam-na em um lar; e não em uma simples casa. Deu um sorriso. Precisava trocar de roupas, afinal. As roupas molhadas começavam a grudar mais ainda no corpo, o que era pior ainda para o garoto; que começava a se sentir um tanto... restringido pelos tecidos pesados.

por **Shaorin** Sex 28 Ago 2009, 4:38 pm

A mulher ouviu em silêncio enquanto o ajudava a se secar. Por algum motivo, a mulher parecia não se incomodar em cuidar de um desconhecido, ainda mais Glass que salvara sua sobrinha.

— Espero que estas roupas sirva em você. — Disse a mãe da garota que descia as escadas. Ela trazia em mãos uma calça marrom surrada, uma blusa branca de manga comprida e uma jaqueta quente; todos de um número maior que o de Glass. Ela entrega e sorri, porém olha para os lados e suspira, percebendo onde está.

— Vou preparar algo para ele comer.
— Ok. Enquanto isso o levo para um quarto, assim poderá descansar e se vestir.

A mulher sorri e aponta para cima das escadas, o andar de cima, e leva Glass até os quartos. Era um corredor com três portas de cada lado com uma mesinha ao lado de cada porta com um vaso diferente com um porta retrato da família. Ela abre a última porta da esquerda e acende a luz.

— Entre. — Diz com um sorriso, e adentra ao quarto em seguida do garoto e caminha até a janela e a abre. O quarto era simples e era formado por uma cama de madeira que tinha uma toalha azul em cima, um guardaroupa grande do mesmo material que a cama e um criado mudo onde estava um abajur cor de carne. A mulher afasta a cortina branca da janela e deixa pouco espaço aberto e se aproxima da porta novamente.

— O banheiro está no final do corredor, do seu lado. Quando terminar de se arrumar, desça que a janta estará lhe esperando, rapaz. Se quiser alguma coisa pode me chamar, sou Lilian. — O olhou por um segundo, deixando que o sorriso se dissipar aos poucos e fechou a porta, pensativa, deixando o Golem sozinho.

por Glass Vandfald Dom 30 Ago 2009, 9:26 pm

O garoto tomou as roupas em mãos, sorrindo amistosamente. Não parecia se importar em estar na casa de um grupo de desconhecidos, também. Ouviu a mulher falando para ele sobre o quarto, e prontamente se ergueu da poltrona, deixando um pequeno rastro de água por onde passava. Embora estivesse consideravelmente seco, não era com se a mulher fosse capaz de secar toda a água presente em seu corpo. Adentrou o quarto após subir as escadas, logo atrás da mulher. Ouviu suas explicações, e curvou um pouco o corpo. ▬ Agradeço pelos bons cuidados. ▬ E sorriu, esperando então que a mulher deixasse o aposento. Porta fechada, finalmente livre. Finalmente livre, o garoto retirou a camisa que já estava totalmente grudade a superfície do corpo. Tentou notar algum possível machucado - embora achasse difícil encontrar algo, já que não sentia nada de errado. Retirou o resto de suas roupas; então vestindo as roupas que haviam sido emprestadas por aquela família.

Maiores que ele, fato. Mas bem, o que contava era a intenção, não? Sem se preocupar muito, o garoto arregaçou as mangas da camisa, e dobrou a calça; improvisando uma barra somente para não cair ao andar. Balançou os cabelos, lançando alguns poucos respingos para todos os lados. O garoto sentou-se sobre a cama, olhando para a janela. Ficou mirando o lado de fora durante um minuto, enquanto pensava. Talvez fosse interessante procurar mais coisas para fazer na cidade. Talvez buscar algum lugar para trabalhar. Não era inteligente viver dando trabalho para os outros, não?

O garoto, então, levantou-se e saiu do quarto. Não sentia vontade de ir ao banheiro. Simplesmente desceu as escadas, parando no meio, e olhando para a família que lá estava; totalmente sem jeito. Afinal, ainda era um estranho, não?

por **Shaorin** Ter 01 Set 2009, 9:38 pm

Ninguém estava na sala. Vozes altas e gostosas, com assuntos paralelos vinham da cozinha. Nela tinha uma mesa pequena onde cabiam todos sentados confortavelmente. Havia um espaço vazio perto da garotinha que Glass salvara e ela ria enquanto comia. Embora a pobreza da casa fosse pouca, a mesa estava farta. Pedaços grandes e suculentos de carne e outras iguarias estavam em cima da mesa e todos atacavam com prazer. Vinho e suco estavam nos copos e jarras que eram frequentemente cheios.

— Ora! Venha juntar-se a nós, rapaz! — Diz o pai da menina ao levantar o copo de vinho. Todos aprovam seu gesto e o repetem, fazendo um brinde ao Golem. Todos começaram a comer e esperavam que Glass fizesse o mesmo. Um prato foi posto ao lado da garota junto com mais um copo e talheres. — Sirva-se à vontade e repita quantas vezes quiser. — Disse a mulher, esboçando um sorriso e colocando mais uma garfada na boca.

por Glass Vandfald Ter 01 Set 2009, 11:38 pm

▬ Ook, ook! ▬ O golem suspirou, finalmente avançando em direção a mesa. Pelo visto, eram pessoas de bom coração. Pareciam estar realmente gratas ao golem por ter salvo a pequena garotinha. O garoto de cabelos azulados sentou ao lado da pequenina, ajeitando-se na cadeira sem fazer muito barulho. Apesar das palavras acolhedoras da mulher, Glass sentia-se retraído. Pegou somente um pedaço mediano de carne, colocando-o no prato. Pegou também um pouco de vinho, deixando-o fluir para dentro de seu copo. O golem deu um sorriso, e começou a comer. Depois de duas ou três garfadas, finalmente falou novamente. ▬ Hump, queria perguntar... será que vocês saberiam algum lugar onde eu pudesse trabalhar? Não sei fazer muitas coisas, mas me contaram que normalmente se trabalha para ganhar... como é... é... dinheiro? Não lembro o nome. De todo modo, eu preciso achar algum lugar para trabalhar. Se alguém aqui souber de algo, poderia me contar após a refeição? ▬ Educado, Glass simplesmente expunha aquilo de que se lembrava. O golem, então, voltou a comer. Não tinha pressa.

por **Shaorin** Sex 04 Set 2009, 9:45 pm

[Desculpe a demora oO]

Alguns dos presentes ficaram atentos aos movimentos de Glass quando tomou o vinho. O golem tinha o tamanho e a aparência de uma criança ou, no máximo, um pouco mais velho, mas não comentaram nada, optaram por dar de ombros e continuar a comer. O silêncio pairou quando fez a pergunta. Todos se entreolharam, pensativos, até que um deles, o mais velho, se prontificou antes da mãe da garota que para disfarçar enfiou mais uma garfada na boca.

— Eu trabalho cortando lenha para algumas casas do vilarejo. É um trabalho árduo e trabalhoso, mas o pagamento é bom. Se tiver interessado e com vontade de trabalhar, me diga, estou precisando de um ajudante. — O velho deu um sorriso amarelo e abocanhou um pedaço de carne que pegara com a mão.

— Bom, eu preciso de um ajudante aqui na padaria também... Se quiser, pode trabalhar aqui. Venderá os pães enquanto eu os faço. Carmem ainda é muito pequena para isso... — E sorriu para a filha que ficava ruborizada.

— É verdade, Tio, ele parece ser um rapaz corajoso, principalmente pelo que ele fez pela Carmem, por isso ele pode ajudar o senhor à achar aquela criatura e...

— Marcos...! — Um grito vindo do pai de Carmem soou e calou o primo da menina que recebeu os olhares irritados de todos da mesa. O velho cortador de lenha olhou para Marcos com um olhar repreendedor, o fitando como se o tivesse matando.

— Ham, perdoe meu sobrinho, ele não sabe o que diz. — Falou a mãe, limpando a boca com um pano.

— Me desculpe. — Disse com um suspiro, e todos voltaram a comer em um silêncio incômodo.

por Glass Vandfald Dom 06 Set 2009, 10:52 pm

{ Que isso, não se preocupa demais D: Tu já tá fazendo o favor da narrar, não tem que se estressar muito com prazo S: além de que tem vários outros lugares onde tu narra e talz X3 ~ }

Ouviu tudo, atentamente. Ok, as ofertas eram tentadoras. A idéia de cortar madeira não parecia nada má - embora fosse, naturalmente, um tanto mais dolorida. E verdade fosse dita, Glass não era do tipo bombado - tanto que parecia uma criança aos olhos humanos. Mas, de fato, não poderia negar a existência da filosofia da dor. Através da dor e do sofrimento, ele conseguiria aprender. A idéia de receber um pagamento elevado também não era nada má. A seguir, o convite para ajudar na padaria. Oras, a idéia também não lhe pareceu nada má! Ficou em dúvida durante aqueles segundos. Até que o garoto falou sobre alguma criatura. Ok, o termo "criatura" era algo bem familiar para Glass. Mas o que ela havia feito? O garoto se sentiu curioso, naturalmente. Que diabos havia feito a tal criatura? Ergueu as sobrancelhas. ▬ Hm, que história é essa de criatura? Não sou exatamente um caçador de monstrengos, mas dependendo do que aconteceu, posso ajudar. Sou bem familiar com a região, principalmente com as Montanhas. Em todo caso, se não quiserem contar, não vejo problemas. ▬ O garoto sorriu, como sempre fazia. Arrancou um pedaço da carne e enfiou-o na boca. Claro, se eles preferissem não contar sobre o que havia acontecido e que diabos era aquela "criatura", acabaria provavelmente escolhendo por ajudar o mais velho com a corta de madeira. Afinal, além de ser um trabalho com um bom pagamento, ele acabaria ficando mais forte, fisicamente falando - pelo menos na teoria. Engoliu a carne, e logo virou mais um gole de vinho. Família ótima, por sinal.

por **Shaorin** Seg 07 Set 2009, 9:02 pm

[ Waa... Obrigada ^^ ]

Todos se entreolharam, de novo. O velho engoliu em seco, e uma grande tensão pairou na mesa novamente. Os olhares caíram novamente do Golem para o garoto, que encolhia os ombros com muito receio do que aconteceria depois que Glass fosse se deitar. Tinha falado demais, e pagaria por isso. O silêncio durou um certo tempo, e isso fez com que o velho sentisse obrigação em contar, afinal ele poderia trabalhar com ele.

— É uma criatura que vem assombrando o vilarejo desde o ano passado. — Falou devagar, ainda receoso, como se escolhesse as palavras. Todos alternavam olhares do velho para Glass, demorando mais para comer devido às lembranças que vinham surgindo com a história.

— De seis em seis meses uma criatura proveniente das montanhas vem para cá à procura de um alimento em específico: Crianças. — A garotinha se comprimiu na mesa, apertando os olhos; era a primeira vez que estava escutando a história. — Os pais são escolhidos a dedo, dependendo do seu grau de poder e capital. Aguentamos isso por certo tempo, mas agora queremos acabar com esse problema só que não sabemos como podemos enfrentá-lo. — Suspirou, baixando o olhar.

— Ela sempre vem faltando um mês para completar os seis. Ela manda um corvo como entregador para entregar à família destinada seu pedido. A criança não pode ter mais de dez anos, essa é a regra, e menos que seis. No entanto ela ainda não tinha vindo e pedido sua oferenda, passamos a achar que ela tinha ido embora e pensamos que poderíamos voltar a viver felizes. Porém ela surgiu semana passada. A carta foi para uma família inesperada; ninguém esperava e acabou pegando todos de surpresa.

A mãe da garotinha baixou a cabeça e um brilho perolado surgiu em sua bochecha na qual ela não se demorou a apagar. Todos os restantes membros da família que estavam a mesa, os mais velhos, olharam de relance para a garotinha. O silêncio voltou e todos ponderavam calados o que acontecera, porém a mãe, sem conseguir mais segurar o choro, levantou-se de sopetão e correu para seu quarto, soluçando.

por Glass Vandfald Seg 07 Set 2009, 9:25 pm

Ouviu a história, horrorizado. Oras, que história era aquela? Até então só havia conhecido criaturas que se alimentavam de... outras criaturas. E em geral, não era humanas - em sua maioria, alguns monstrengos estranhos que ele nunca havia tentado entender. E claro, havia se batido com alguns com a proteção de seu pai. Mas que história era aquela? E se a "criatura" mandava mensageiros e escolhia seu alimento a dedo, poderia acreditar que era uma criatura que conseguia pensar. Mordeu os lábios. Oras, claro que era um sujeito corajoso! Mas também não era estúpido, não acreditava que era nenhum tipo de divindade ou algo do tipo; pelo menos não para conseguir ir contra um monstrengo sozinho. Mas verdade fosse dita, não poderia deixar sua braveza ir por água abaixo! Ele havia saltado em um poço para impedir que a garotinha se afogasse - e embora não soubesse, morresse de frio! E se aquele esforço acabasse passando em vão; acabaria ficando totalmente desmotivado durante um bom tempo. Mas aquelas informações não eram completas, certo? Respirou fundo. ▬ Hm, me digam uma coisa. Depois do corvo e de toda essa história, como o monstrengo busca a criança? Vocês deixam ela em um altar ou levam ela a algum lugar ou algo do tipo? E vocês já tentaram fazer alguma coisa contra ele? Eu simplesmente não posso deixar meu esforço passar em vão! Me entreguem uma marreta e eu... Ok, não uma marreta. Eu provavelmente não conseguiria erguer uma... ▬ O garoto olhou para o chão, desconsolado. Mas em seguida, recobrou a atitude positivista e determinada. Estava decidido! Não deixaria seu esforço passar em vão! ▬ Que seja uma espada, alguma arma. Já vi alguns sujeitos passarem pelas montanhas com armas, embora só os tenha visto uma vez... Bah, que seja! Vocês realmente não fizeram nada contra esse monstro até agora, é?! ▬ O garoto fez uma cara de emburrado, descrente daquilo. Até então, ninguém havia feito nada contra aquilo? Era simplesmente inaceitável! Um traço característico do golem era levar suas decisões até o fim - e aparentemente, a vontade de salvar a garota - ou pelo menos fazer seu esforço não ser inútil - era grande. Agora só precisavam ver como fariam aquilo.

por **Shaorin** Seg 07 Set 2009, 9:51 pm

Suas perguntas pegaram todos de surpresa. O velho, ao ver a mulher se levantar e correr, faz um sinal com a cabeça para seu marido ir atrás dela e outro para o garoto levar a menina para outro cômodo. Após todos fizerem o que lhe foi pedido, embora relutantes, o velho relaxou na mesa e pegou um palito e botou no dente, começando a palitá-los e morder o pedaço fino e pontudo de madeira.

— Levamos ela para o começo de uma montanha, um vulcão adormecido, que é perto do lugar onde mora. Não sabemos exatamente onde ele vive, se é dentro do vulcão adormecido, se é fora... — pensativo, suspirou, voltando ao assunto — Tentamos uma vez, mas, como é de se observar, falhamos miseravelmente. Aumentamos sua ira, e por isso pagamos caro. Ele pegou crianças de duas famílias: dois gêmeos e uma mulher mais velha. Talvez a ira o tenha deixado com raiva para pegar a mulher, mas isso é o de menos agora.

— Quanto a sua ajuda... Não podemos aceitar, és jovem e não podemos deixar que ele leve outra criança junto com a escolhida que, como percebera, é a minha neta. — Uma amargura percorreu-lhe o rosto e o coração, um aperto incomparável, que o fez, sem querer, quebrar o palito.

por Glass Vandfald Seg 07 Set 2009, 10:18 pm

▬ Que história é essa, ô?! Tá me chamando de criança?! Eu já tenho quase 20 anos, e que fique bem gravado! Eu faço o que bem quiser da vida, e que entendam isso também! ▬ O garoto bradou, balançando um pedaço de carne na mão como se fosse uma espada. Cômico, no mínimo. Mas o que falava era bem real. Porque, a priori, aquilo era o que ele mais apreciava. A liberdade, o poder de livre escolha. Aquela sensação magnífica que era fazer o que bem entendia. A seguir, baixou o pedaço de carne, dando uma mordida brutal; e mastigando um pouco. Se afogaria de verdade, se não tivesse ficado tão irritado. Engoliu a bolota de carne, finalmente falando novamente. ▬ Falem a verdade. Vocês não querem lutar contra esse monstrengo? Aposto que conseguimos o apoio das famílias que já perderam seus filhos. ▬ De fato, o Golem estava decidido. Rescostou-se na cadeira, cruzando os braços. Estava com um semblante nada receptivo - estava com a cara fechada, irritado. Esperou a resposta. Definitivamente, acabaria com o monstrengo!

por **Shaorin** Qui 10 Set 2009, 9:06 pm

O semblante do velho mudava enquanto as palavras saiam sábias de Glass, e o pobre homem via um garoto que mal acabara de conhecer querendo ajudar de uma forma tão impressionante sua família.

— Obrigado rapaz, você trouxe a coragem devolta a esta família. — Disse o velho fechando o punho da mão direita e o batendo no peito com determinação. — Ao amanhecer, montaremos um plano e iremos para as montanhas! — concluiu surpreso consigo mesmo o homem e sorriu de canto fazendo um aceno com a cabeça.

— Agora é melhor dormirmos, o dia será cheio amanhã. Seu quarto já deve estar arrumado, boa noite rapaz. — O velho se levantou e passou a mão enrugada na cabeça de Glass e caminhou devagar até as escadas e as subiu no mesmo rítmo. O Golem podia notar que o ambiente na mesa havia mudado e que havia sim esperança de ajudar todas as crianças do vilarejo.

por Glass Vandfald Qui 10 Set 2009, 10:49 pm

▬ É assim que se fala! Se não me chamarem, não os perdoarei! E que fique avisado, hmp. ▬ O Golem fez um sinal de "jóinha" para o velho, erguendo o polegar e mantendo os outros dedos fechados. O garoto ergueu-se da mesa - discretamente carregando o copo com vinho - e virou-se; sorrindo alegre. Em fato, havia conseguido! Seu esforço definitivamente não seria em vão! Subiu as escadas rápido, de dois em dois degraus - tomando um cuidado imenso para que o vinho não se derrubasse. Entrou no quarto, virando-se e logo fechando a porta. O sorriso estendeu-se mais. Talvez voltasse para as montanhas. Talvez encontrasse algum conhecido.

O Golem, então, sentou-se na cama. Tomou um gole do vinho, apoiando o outro braço na cama. Olhou para o teto. Bem, sabia que seu dia seria ocupado. Olhando pela janela, o golem lentamente bebia o vinho. Um método sútil de sentir mais vontade de dormir. Não havia se preocupado em tirar a camisa - provavelmente faria-o depois; assim que houvesse terminado o vinho. Ficou a pensar sobre como seria sua vida dali em diante. Ficaria ali? Desceria até as terras do Sul? Leste? Oeste? Era algo curioso. Talvez não soubesse a resposta até quando se decidisse.

Finalmente, o golem tomou o último gole do vinho. Deixando o copo a uma distância segura da cama, retirou sua camisa - deixando-a sobre a cabeceira da cama - e deitou-se; cobrindo o corpo com os lençóis. Adormeceria logo. O vinho ajudaria, pelo menos em teoria.

por **Shaorin** Sáb 12 Set 2009, 5:46 pm

O dia amanheceu. O galo cantava alto acordando todos os moradores da casa e seus vizinhos. Passadas surgiam do lado de fora do quarto de Glass e seguiam escada a baixo em direção à cozinha. Em minutos, todos estavam de pé mesmo com o silêncio na casa. O sol entrava por algumas frestas que haviam na janela e iluminava a porta do quarto e parte do guardaroupa. Apesar de estar cedo o Sol já estava quente o suficiente e aquecia o quarto. Glass logo acordou cheio de energia e disposição.

Um falatório de repente estourou no andar debaixo e tumultuou a casa que outrora parecia silenciosa. Quando Glass desce as escadas, e os moradores escutam seus passos, param de brigar e se entreolham. Todos estavam na cozinha, menos a garotinha e sua mãe, discutindo como seria a caçada.

— Ah, vejo que acordou disposto! — disse o velho com um sorriso largo coçando a barba rala. Todos fizeram acenos com a cabeça, cumprimentando-o, e se acomodaram na mesa. A mesa estava farta como na noite passada: paes de todos os tipos e sabores, sucos, café, chocolate, e uma garrafa onde continha leite tirado na hora dentre outras peculiaridades. Todos estavam comendo fartos, receosos em tocar no assunto.

— Sente-se, meu rapaz. Iremos comer e logo partiremos para as montanhas em busca da criatura. Por isso, alimente-se bem, o dia será longo. — Na mesa estavam o pai da menina, seu primo e o velho, mas murmúrios vindos do lado de fora da casa denunciavam que os vizinhos também ajudariam na busca.

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