Floresta Allgreen

Foi muito rápido, o salto que Kite deu contra a criatura quase o acertou, sentiu as lâminas se chocarem, e assim que Kite atingiu o chão, já virou-se num golpe com a blade, o que acertaria em cheio o inimigo se este não tivesse sido mais rápido. O rapaz se surpreendeu com a velocidade, a investida o jogou com força contra uma das árvores, fazendo-o cerrar os dentes e os olhos de dor, e cair no chão quase inerte.

— Maldição...! — Cerrou os punhos, ao menos a queda em terra fofa e repleta de folhas não foi dolorida. Ouviu Sora quando se aproximou, não o respondeu, apenas levantou-se, agora mais nervoso ainda com o que a criatura havia dito. Kite olhou atento, havia uma árvore a cerca de dois metros atrás do monstro, seria suficiente. Fitou Sora e, com a cabeça, indicou o monstro, para que Sora o atacasse no momento certo.

Então Kite correu na direção do inimigo, o mais rápido que podia e, quando chegou próximo o suficiente, se jogou com as pernas pra frente e derrapou na terra lisa e cheia de folhas, deslizando rápido e rasteiro por baixo das pernas da criatura. Ao passar, ainda em alta velocidade, foi até onde tinha a árvore que havia visto, bateu com os pés nela, flexionou as pernas e usou-a como impulso para saltar contra o dorso desprotegido do monstro, cravando sua blade pouco abaixo da nuca do inimigo, na horizontal, de modo que as lâminas laterais se cravassem próximas dos ombros.

O sangue do animal jorrou com força no rosto e peito de Kite, que não se importou, segurou-se firmemente em sua arma enquanto a criatura urrava e empinava. O sangue quente o impedia de ver com clareza, chacoalhou a cabeça para tirar o líquido dos olhos, a tempo de ver as rochas vindo em sua direção. Kite soltou sua blade, ficando sobre o dorso da criatura, esquivou-se de duas rochas grandes que lhe foram lançadas, as pequenas deixou que o atingissem, mas uma última grande o atingiu em cheio no peito, o jogando no chão. Mas não havia se ferido muito, havia colocado as mãos onde a rocha o atingiria, segurando-a, mas sendo lançado ao chão com a força do impacto.

— Tsc...! — Se levantou rápido, e viu Sora saltar contra o inimigo, portando aquela arma estranha. Kite sabia que se nada fizesse a criatura iria fazer algo, o garoto estava bem a frente dela e não era tão ágil. O príncipe segurou a pedra que o atingira, era possível carregá-la com uma das mãos, então em um movimento rápido saltou novamente para as costas do centauro, segurando com força a blade cravada ali, usando-a como apoio e, com a mão que segurava a pedra, levantou-a e bateu a rocha com toda a força que tinha na cabeça da criatura.

Quando o animal começou a cair, Kite arrancou sua blade da criatura, fazendo jorrar ainda mais sangue, e saltou dali, pousando a poucos metros do monstro. O príncipe se levantou devagar, de costas para o centauro agonizante, não se importanto com os urros de agonia, e parecia nem estar ouvindo-os.

Ficou parado todo o tempo, e a criatura acabou por morrer. Não respondeu Sora, preferiu ficar quieto naquele momento. Logo Kite sentiu algo lhe atingir o ombro, uma gota, e quando ergueu a cabeça para o céu, a chuva pesada começou. Ficou dessa forma, com a cabeça erguida, enquanto a água da chuva limpava seu rosto ensanguentado, molhava seus cabelos e sua roupa, e manteve os olhos fechados. Ouviu seu cavalo se aproximar, mesmo assim não se moveu. Apenas após longos minutos Kite baixou a cabeça novamente, e retirou o chapéu com a mão esquerda. Com a mão direita mecheu no cabelo, de baixo para cima, tirando a franja do rosto por um breve momento, deixando exposto a cicatriz transversal que tinha no rosto, e sua expressão séria. Quando parou, o cabelo voltou a ocultar parte do rosto, e logo Kite recolocou o chapéu. Fitou Sora, o vendo transformar a arma em uma espécie de chaveiro, e ouviu seu comentário.

— Certamente... — O príncipe falou num tom mais tranquilo que o anterior, a mudança da expressão de Sora o deixava menos irritado do que antes. Kite montou em seu cavalo, já estava mesmo todo molhado, não se importou com a sela e os arreios molhados. — Não quero arriscar encontrar mais um desses no caminho, já perdemos muito tempo. Suba. — Falou, dando apenas o braço, e não a mão, para que Sora usasse de apoio para montar na garoupa do cavalo, que além de forte era um animal alto.

Não espera Sora se ajeitar na garoupa, nem ouve direito o agradecimento, e já coloca o cavalo a galope. Seguiam rápido pela margem do rio, a chuva agora batendo em seu rosto, mas era apenas até saírem da floresta e do campo aberto. Kite não se preocupava se Sora estava ou não firme na garoupa, se iria cair, ou o que quer que fosse. O galope de seu cavalo apesar de rápido era suave, logo Sora teria que ser alguém bastante lerdo e fraco para acabar caindo.

Por fim saíram da floresta, mas Kite continuou com o cavalo a galope, indo em direção a Hilydrus, onde pudesse jogar o moleque em qualquer canto para que pudesse se virar.

Pela vegetação alta, uma leve agitação entre as folhas começa a se formar, perto do riacho. Logo uma orelha rosa podia ser vista, e pequenos murmurios podiam ser ouvidos.

- Haha, ha, haha.... Procurar, procurar inimigos, procurar... Procurar, estraçalhar, sim sim, estraçalhar!!

Da vegetação pula um pequeno coelho cor de rosa. Seus movimentos eram agitados, e seu andar desajeitado. Ele anda pelo local agilmente, procurando por qualquer inimigo. Ele observava durante segundos insetos que se mexiam, e logo depois os esmagava, soltando uma risada rouca, e voltando ao seu trabalho. Após um tempo, ele se vira para onde tinha vindo, e corre.

- Hahaha, sem inimigos, sem inimigos. Nada a estraçalhar, não, nadinha....

O coelho chega até os pés de uma menina que esperava, sentada em uma rocha, olhando para o céu. Este pula em seu colo e lhe informa o que vira. Insetos esmagados, mas nada de inimigos. Ela poe uma mão encima do relogio do coelho e lhe faz um carinho, e logo depois se levanta.

- Muito bom Clock Bunny. Vamos...

Ree se move entre a floresta sem dificuldades, já que CB estraçalhava qualquer pequeno obstaculo que pudesse atrapalahr sua mestra, como galhos ou folhas mais altas. Chegando ao riacho, Ree se agacha nas pedras e leva um gole de agua á boca. Estava com sede e era bom finalmente pisar em melhor solo do que o de Takaras. Ree tira seu chapeu e parte de sua roupa, deixando braços e pernas expostos. Assim, ela se limpa em partes com a água do riacho, e logo ja estava pronta para continuar a viagem.

- Vamos CB... Eu preciso chegar logo a Hilydrus e tirar esse cheiro de Takaras de mim... Tsk. Terra imunda...

Ree havia "visitado" Takaras em busca de novas almas, mas não acharaa nada util.Também fora recarregar um pouco de sua magia, já que ela, de algum modo estava conectada a Takaras, coisa que Ree não suportava.

- Sim, mestra - CB solta mais uma de suas risadas e volta a caminhar em frente a Ree, tirando os obstaculos da frente - Mestra tem que tirar cheiro de Takaras, Takaras tem que sair de mestra, Ha hahaha...

- Sim Clock Bunny....

Ree então volta a caminhar pela floresta, em direção a Hilydrus, com Clock Bunny a sua frente, sempre murmurando e rindo. Ele era um bom amigo para se conversar...Ao menos para Ree ~.