Academia de Magia

Corria desesperado, não era a primeira vez que olhava para trás para me certificar se ninguém me seguia. Acho que tenho que estancar esse ferimento. Parei de correr, me escondendo atrás de uma arvore, me agaixando. Havia um ferimento no meu ombro esquerdo, um mordida de lobisomem. Limpo a ferida incesantemente por alguns minutos, sabia que seria inútil, mas não custaria tentar. Derepente um arrepio passou por minha coluna, me lembrando do que passei, perdi tudo, e provavelmente perderá meu irmão também. A cena que tinha na cabeça era de dois seres encapuzados o levando e o afogando no rio, eu estava quase desistindo de viver, mas algo me tocou, tinha que viver, viver para me vingar.

Ainda não sabia como conseguiria comida, ou onde iria dormir aquela noite fria. Estava ferido, me deixei levar pelo meu corpo, me deixando adormecer por algumas poucas horas, ou mais, não sei, quando acordei era dia.

A primeira coisa que vi foi o Sol, e fiquei bem agradecido, o calor tinha voltado ao meu corpo. Logo depois me virei e me certifiquei, meu arco continuava ali junto com uma aljava de flexas, não seria grande utilidade já que estava quebrado. Coloquei a mão no bolso, só para sentir o frio do metal, era um anel incomum, com uma bela pedra negra, quase não tinha peso. Tirando o arco e minhas roupas, era o que sobrou de minha herança.

Coloquei o anel no dedo médio da mão direita, imediatamente me sentindo mais fraco o aranquei com susto o jogando alguns metros a frente. Me levantei com certa dificuldade, tirando a grama que ficou presa à minha roupa. Quando avistei uma construção enorme que parecia não estar ali no dia anterior, apanhei o anel novamente e o coloquei no bolso. Já andava melhor que no dia anterior, para falar a verdade me senti bem para tirar a peça de roupa que revestia o ferimento. O ferimento estava quase fechado, para meu alivio. Juro que pensei em Deus nesse momento, para que me protegesse, não queria virar lobisomem, sabia que tudo era culpa desse estúpido anel.

Me dirigi até o predio, talvez lá alguém pudesse me ajudar.

Shake, ao começar sua subida até a curiosa construção à sua frente. O garoto estava, de fato, melhor do que no dia anterior, mas ainda mancava. Em sua roupa ainda tinha sangue e seu ferimento estava exposto. Sentia a estranha sensação de seu corpo esquentar aos poucos, mas não parecia febril.

O garoto, então, avistou um jovem elfo sentado na grama. Hope ficou surpreso ao vê-lo, afinal o garoto tinha sangue nas roupas rasgadas, e um grande ferimento no ombro. Não mais sangrava, mas mesmo assim era algo preocupante, além de ele mancar enquanto andava.

<Como é a primeira aventura de vocês, darei algumas dicas em alguns posts. Algumas vezes só existirão algumas opções para seguirem, e serão acrescentadas da mesma forma que estas observações e sugestões.>
<Hope possui várias opções no caso, como ajudar Shake, ignorá-lo, fugir, roubá-lo, entre qualquer outra imaginável. A escolha é livre.>
<Shake, você pode optar por conversar com Hope, pedir ajuda a ele, ou mesmo ignorá-lo e gritar por socorro nas portas da Academia. A escolha é livre.>
<Preferencialmente postem na mesma ordem>

- Ok. - disse, jogando meu braço bom sobre o ombro de Hope para me apoiar, usando meu arco quebrado como uma muleta para o braço ruim. Não me movimentei, esperei que o elfo me conduzisse, se fosse para algum lugar ou para me sentar ali mesmo.

- Fui atacado por lobos, - menti, sabia que tinha que me explicar de alguma maneira para que o elfo me ajudasse, mas não estava pronto para dizer a verdade para estranhos, principalmente porque fui atacado por um lobisomem e nunca conseguiria ajuda se contasse a verdade. - Eu estava caçando em busca de uma lebre há alguns dias atrás, cai e quebrei meu arco. Foi então que desisti e resolvi voltar para o vilarejo, mas fui atacado por lobos no caminho, me perdi e desde então estou vagando perdido por essas bandas. Graças a Deus achei alguém para me ajudar! Estou ferido e sem comer há dias. - Achei a mentira boa, talvez convincênte, só esperava que o elfo acreditasse nela e me ajudasse. - Eu me chamo Shake, e você?

- Obrigado. - Andaram juntos até chegar a entrada academia, enquanto ia devorando sua fruta com mordidas grandes e bebendo sua água com ferocidade. Parando na entrada da academia, após a degastante subida.

- Você trabalha aqui? - Disse, soltando o companheiro e se apoiando sobre a bengala improvisada. A beleza do local era incomparavél, de baixo se via uma cúpula roxa eminando luz com uma especie de desenho em estrela, era um local incrivél.

Quando Hope chamou, uma estranha brisa gelada soprou pelos dois. Após algum tempo, aparentemente sem resposta, passaram a ouvir um rugido vindo detrás deles. Ao virar-se, avistaram um grande lobo os fitando. O anormal não era o lobo num lugar inesperado como aquele, mas sim o fato do animal ser feito puramente de gelo, e seus olhos num verde intenso encaravam os intrusos.

— Visitas? — A voz por um instante parecia vir do lobo, mas então os dois garotos notaram um rapaz se aproximando do animal, os fitando. Aparentava não mais do que vinte anos de idade, usava roupas normais e um boné, peça bastante incomum na ilha, mas não fora dela. Quando ele notou o animal rosnando, arqueou uma sobrancelha. Pareceu entender o que ele dizia — Rapaz, você precisa de um tratamento urgente... Ou espera que eu acredite no seu conto de fadas?

No momento seguinte, água serpenteou pela perna de Shake até chegar à ferida em seu ombro, estranhamente sem encharcar o pano que Hope usara. O líquido gelou e fez o ferimento arder, mas logo tormou-se uma cicatriz profunda. Uma magia estranha. Mesmo assim, Shake ainda precisava de apoio para andar.

— Eu seria muito rude se não oferecesse abrigo a vocês. A partir de agora, são meus convidados, sejam bem vindos! Me chamo Cobernick... Não se acanhem, por favor subam, os quartos ficam logo depois das escadas.

O portão da Academia abriu sozinho, sem emitir qualquer ruído. No entanto um ar fresco começou a passar pelos dois. (Descrição do interior no primeiro post do tópico)

<Shake, muito boa narração. Lembrem-se: quanto melhor sua narração, melhor o aproveitamento e, por sua vez, maior exp conquistada. Esforcem-se, e não tenham pressa em escrever, afinal estamos escrevendo a história de seus personagens, a aventura que eles vivem>

Fiquei boquiaberto, meu ferimento derepente parará de doer, coloquei minha mão esquerda sobre o pedaço de camisa o tirando com cuidado.

- Obrigado senhor. - disse vislumbrado por tudo aquilo - mas antes de ir me alojar posso falar com você em particular?

"Esse cara pode me dar algumas respostas..". Pensei aliviado e um pouco animado, passando a mão curiosamente sobre a ferida que magicamente se fechará, esperando uma resposta positiva para tentar descobrir algo sobre aquele anel.

- Como previo, essa é realmente uma ferida de lobisomem. - disse ao me direcionar para a escadaria, do lado oposto de Altair apenas de precaução, deixando Cobernick separando os dois. Mesmo Cobernick se mostrando apto me ajudar, recusei, me apoiando sobre o corimão da escada para subir.

- Vou contar como fui atacado, mais terá que me ouvir toda a história. - Alertei antes de começar. - Ela faz mais sentido quando ouvida inteira. - Então contei-lhe brevemente sobre minha familia, falei de meu pai e meu irmão principalmente. Contei-lhe do comercio da familia que tinhamos em Paramet e da vida boa que levavamos. Contei-lhe então como meu pai morrerá logo após a visita de um mago que deixará um anel para ele, e que depois de sua morte coisas estranhas começaram a acontecer, fazendo que eu e meu irmão fugissimos para Calm, e então o ataque que matou o resto de minha familia e destruirá tudo que era meu. E quando por fim, finalmente chegamos ao 3° andar. - E esse é o anel meu pai morreu segurando. - disse, tirando o anel quase sem peso do meu bolso. Esse era feito de metal, e tinha uma pedra negra muito bonita, estava gelado.

— E eu estou grato por tudo que fez, mas não quero purificar o anel, algo me diz que ele ainda será de grande utilidade. - disse pensando que talvez ele fosse útil para achar aqueles culpados pela morte de meus familiares - Mas aceito sua ajuda para reverter essa maldição. Quero dizer, se eu for capaz, porque ao contrário de você, eu não sei nada sobre magia.

— Esse anel irá trazer azar enquanto não purificá-lo. Mas bem, a escolha é sua. — O mago devolveu o anel ao rapaz.

Abriu uma das portas, revelando uma sala ampla sem nada de espeial. Apenas um espaço vazio, mas com uma aura estranhamente diferente do resto da torre.

— Não sei a quanto tempo foi mordido, nem o quão a maldição já correu em seu sangue. Mas bem, isso que vamos descobrir. — Indicou a sala para que Shake entrasse. No mesmo instante o rapaz sentiu-se como se tivesse levado um soco. — Esta sala não possui influência alguma da minha magia, diferente do resto da academia. Como eu havia dito, você só não havia se transformado ainda devido a esta influência. Agora... é o momento de vermos sua força de vontade.

A porta foi fechada, deixando os dois ali dentro.

<Shake, sua narração aqui será cruscial, e valerá exp. Lutará consigo mesmo, se transformará aos poucos, não reconhecerá nada e não irá raciocinar. Quanto melhor narrar agora, melhor será para você>

Após sentir o soco larguei meu arco que servia de apoio e cai de joelhos, nesse momento não pensava mais em Cobernick ou em qualquer outra coisa, precisava resistir ao mesmo tempo que sentia minhas entranhas revirarem dentro de mim e perdia o total controle da minha língua que parecia tentar me sufocar, me fazendo cair no chão, tinha uma vontade insaciável de gritar, mas até onde meus pulmões permitiam eu gemia, como se fosse o único remédio para a transformação, que bem, não funcionou. O ferimento no braço esquerdo abrirá novamente, mas dessa vez uma grande bola por baixo da carne se formará, se dividindo em diversas bolas menores que andavam livremente pelo meu corpo, empurrando carne, ossos e órgãos de lugar, deixando por onde passavam uma pelagem negra com muitos pelôs, enquanto eu depois de agonizar durante todo o processo comecei levemente a perder a conciência enquanto meu rosto se alargava e minha boca ia ficando deformada até virar um fucinho.

Perdi totalmente a conciência logo depois que não mais reconhecia meus próprios olhos e as imagens que dele recebia, já não ouvia mais nada, nem reconhecia de onde vinham minhas dores, ficando o meu eu, sozinho e com dor enquanto meu corpo almadiçoado surgia.

Meu corpo estava jogado ao chão, irreconhecível como se estivesse todo esticado e ainda crescendo até que por fim as pequenas pretuberanceas pararam de se mover, se acomodando abaixo da pele, funcionando como uma espécie de músculo.

Meu novo corpo abriu os olhos, agora vermelhos, pairando sobre Cobernick. Levantou o corpo monstruoso, que tinha o dorso muito mais avantajado que os membros de baixo, e erguendo ambos os braços para trás, pegando impulso ao jogar a parte traseira do corpo para cima, e junto aos enormes braços atacar o mago verticalmente de cima para baixo.

[Perfeito, parabéns! Continue assim!]

A dor ainda percorria as veias de Shake. Era incessante, revoltante, e irritava o novo lobisomem a ponto de deixá-lo incontrolável. Uma vez que ele olhou em volta, sua visão via tonalidades mais fortes, o que de primeira o assustou, até que avistou Cobernick. Instantaneamente sentiu o cheiro de sangue, de carne fresca, e deu-se conta de que estava faminto. Mais do que irado e enlouquecido de dor, estava faminto. Não iria parar pra pensar que o mago era amigo, não iria parar pra pensar que machucaria algém. Simplesmente o instinto o consumia tão forte que urrava incontroladamente.

— Muito bom.... — Cobernick encarou a criatura, que agora avançava. Shake estava muito rápido e feroz, o mago não teria chance de esquivar-se.

Foi quando uma aura gelada envolveu o mago e instantaneamente aderiu ao seu corpo. Cobernick tinha os braços envolvidos por gelo puro e opaco, com punhos próprios que imitavam os movimentos de suas mãos, e garras que cortariam fácil. Em sua cabeça um elmo na forma de uma cabeça de lobo havia se formado, feito uma máscara pela qual Cobernick enxergava perfeitamente. Tudo isso era ligado pormais gelo nas costas do mago, garantindo defesas extras. Uma cauda de lobo, também de gelo, movimentava-se lentamente. Estava usando o lobo Altaïr como se fosse uma armadura.

— Venha, SHAKE !! — Gritou, e com o enorme punho de gelo aberto agarrou a face do lobo, fazendo-o parar o ataque e logo ser jogado para trás.

<Shake sentiu um frio percorrer pelo seu rosto, assustando-se com o aumento de força daquele pedaço de carne que tanto queria devorar. Estava confuso! De onde veio aquela força? A presa tornou-se caçador, mas não queria pensar nisso. Estava furioso, bufando, não deixaria aquilo barato. Aquele gelo com cheiro de lobo o irritava ainda mais. Além disso o frio havia feito a dor dentro de si aumentar. Maldição! Iria estraçalhar aquela carne que insistia em não ser devorada!>

Depois de jogado para trás fiquei com ambas as pernas eretas, ficando de pé e alongando todo meu corpo, então soltei um uivo raivoso. Nessa posição Cobernick podia ver como o corpo de Shake se deformará, principalmente no tórax que quase triplicará de tamanho.

Logo depois do uivo começei a correr de quatro, muito mais rapido do que qualquer humano jamais correria, dei uma rápida meia volta, para pegar um pouco de velocidade, e corri em direção de Cobernick com intenções de esmaga-lô contra as paredes da sala.

Eu seguia Cobernick, minha respiração já estava acelerada o que me fazia bufar alto, o que poderia ser um pouco assustador. Passei pela porta sem me preocupar muito se caberia nela ou não, acabando por ceder ela inteira para fora do sala junto com um pedaço da parede. Logo depois de olhar para Cobernick subindo as escadas, o segui, subindo essas de quatro, chegando finalmente ao terraço.

Em minha forma normal, naturalmente me encantaria com o local, principalmente por ser um ótimo lugar para um arqueiro, não que a academia precisasse de proteção, mas a academia serveria como uma boa fortaleza. Mas em minha forma amaldiçoada eu não pensava em nada. Eu apenas tentava resistir, tentando reaver os movimentos do meu corpo.

Enquanto isso o lobisomem olhava atentamente Cobernick em sua forma de lobo de gelo. Não queria mata-lô, arrancaria um braço para comer depois de o almadiçoar, é claro. Dessa vez, assim como as outras, corri até o mago, mas ao contrário de ataca-lô como fiz as outras vezes tentei domina-lô, pulando sobre o mago.