Estalagem Stallion

A mulher com quem Samira conversava fez uma expressão estranha de decepção medrosa. Ao mesmo tempo que desdenhava Samira por não ter dinheiro, sabia que ela era uma criatura anormal, não humana assim como seu companheiro.

— Olha, sinto muito mesmo. — Disse, com uma voz calma e forçada. Estava obviamente se controlando. — Mas sem dinheiro não posso lhe oferecer qualquer tipo de estadia. Talvez você possa chegar num acordo se trabalhar em troca de hospedagem.

Era exatamente isso que Hayate estava fazendo. O homem com quem conversava já parecia animado com a idéia.

— Oh! Claro, claro! — O homem abriu um sorriso. — Quanto mais gente melhor para trabalhar. Estamos com uma falta de mão de obra mesmo.. Vamos fazer assim...

Nesse momento um garoto estranho de cabelos loiros passou por eles. Sua expresão estava carregada de cansaço. Poderia ter chegado agora de sua terra, já que era, claramente, forasteiro. O mesmo homem que se dirigiu a Hayate falou para o garoto também.

— Pois não?

Ouviu a proposta de Sérpico e abriu ainda mais seu sorriso.

— Ora, não seja por isso. Esse viajante aqui mesmo já estava me proponda seus serviços. — Deu uma palmada amistosa no ombro de Hayate. — Vamos fazer assim.. — Pousou a mão queixo. — Se trabalharem duro aqui eu posso dar quartos, simples, para cada um. Inclui comida também. Mas é o seguinte.. não posso fazer isso por muito tempo, no máximo alguns dias. O que acham?

Ficou olhando para os dois ansiosamente. Parecia que precisava mesmo da mão de obra. Seu olhar desviou-se um pouco em Samira, que escutava atentamente a conversa.

Off:
<Sérpico, esqueci de avisar. Você ganhou 100 de EXP pelos posts e briga anteriores. Além disso, darei mais 30 de EXP pelos ótimos posts, totalizando 130 de EXP.>

Assim que a notou que a mulher não a aceitaria na hospedagem, sua atenção voltou-se para o redor da estalagem. Ouviu Hayate se oferecer para 'pagar' a hospedagem dela com trabalho. "Nossa, ele vai se matar para ajudar uma desconhecida." foi o que ela pensou "Hayate com certeza não sabe como as coisas funcionam nas cidades grandes. Generosidade não existe, as pessoas não costumam fazer nada sem receber algo em troca."
- Ok, moça - disse se virando para a atendente - vou arranjar um jeito de pagar minha estadia.
E saiu da repeção, indo até o local onde Hayate estava com o homem que trabalhava ali, e um loiro que acabara de chegar - e que ela ouviu se apresentar por Sérpico.
- Ei cara, precisa de mais alguem para trabalhar?
Não deixaria Hayate pagar por ela. Primeiro, isso feria seu orgulho, segundo, o rapaz ia morrer se trabalhasse tanto, e por ultimo: trabalhos braçais não eram problemas para ela.

Apenas quando Sérpico se apresentou, que o lobisomem se deu conta de que não havia feito isso.

— Ah desculpe, me chamo Hayate, Hayate Kennel. — Ele apertou a mão de Sérpico em cumprimento, em seguida a do senhor. Viu a vampira se aproximar, e ficou surpreso por ela pedir trabalho. — Ótimo, quanto mais gente, melhor! Se bem que você não precisa trabalhar se quiser, posso fazer isso por você sem problemas.

Era bastante acostumado a trabalho braçal, e gostava disso. Estava bastante empolgado para começar a trabalhar na construção, era algo novo e gostava disso. Virou-se para o senhor novamente.

— Quando começamos?

- Samira - e estendeu a mão para Hior.
Certo, conseguiram emprego em troca de estadia. Mas ela teria que trabalhar de dia. Isso seria ruim. Talvez ela conseguisse turnos... esquece. Melhor se virar de dia, e tentar descansar durante a noite.
Se aproximou de Hayate
- Voce está sendo muito legal comigo. Mas não fira meu orgulho, tá? Eu vou trabalhar.
E olhou para Hior, esperando ele mostrar os quartos ou dar alguma instrução.

Hayate estava animado. Afinal, arranjara um trabalho logo que chegou na ilha, estava com bastante sorte. Mal podia esperar para amanhecer e comer o trabalho... e comer alguma coisa. Estava a alguns dias sem comer, mas era de seu costume.

— Muito obrigado, Hior. Prometo trabalhar duro. — Sorriu, e então ouviu a vampira lhe dirigir a palavra. De primeira não entendeu muito o que ela quis dizer com aquilo, mas não queria pensar muito agora. — Ah, sem problemas! Vou te ajudar se precisar, ok?

E esperou Hior mostrar o caminho para os quartos.

Fez questão de descansar o máximo possível durante a noite. Precisaria para enfrentar o sol no dia seguinte.
Assim que amanheceu, ela levantou-se e abriu as cortinas - tentando se acostumar à luz. Vestiu uma roupa resistente e simples, e desceu para o café da manhã. Pegou uma fruta do banquete, e esperou que Hior chegasse.
Passou um tempo ajudando a retirar o resto do entulho que parecia brotar. Por mais que tirasse, parecia que a pilha diminuia vagarosamente. Ou parecia só por que ela estava entediada. Não que ela não estivesse ocupada, mas a mente estava ociosa.

[OFF: ptz... demorei e deixo essa merreca aqui? ]

[asuhsauashuas]

Mesmo que o quarto fosse somente um cubículo com uma cama de palha, Hayate ficaria surpreso. Afinal dormia em qualquer lugar, e seu último "quarto" foi um depósito fedorento de um navio, deitando numa rede, dividindo o lugar com vários outros tripulantes. Perto daquele quarto que fedia a peixe, qualquer outro era o paraíso.

Não se demorou muito para ir até o banheiro e tomar um banho. Ficou surpreso com o fato da água ser quente, e não imaginava como aquilo era possível sem fogo. Dessa forma, acabou aproveitando mais do que deveria. A muito tempo não se banhava bem. Logo que terminou, foi dormir, ansioso pelo dia seguinte. Esperava que naquela ilha conseguisse uma nova vida e grandes aventuras para se fortalecer.

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Mal amanheceu, e Hayate já estava no campo de obras. Vestia apenas suas calças e botas, o que evitaria que suasse demais. Empolgado, avistou todo trabalho que precisava ser feito, e não hesitou em começar. Avistou Hior, e o cumprimentou.

— Bom dia, Hior! Já podemos começar? — Sorria.

Logo o trabalho teve início, e Hayate foi direto para os entulhos, que seria a primeira etapa. Pegou um carrinho de mão que encontrou, e passou a carregá-lo com todo entulho que conseguia pegar. Havia muita madeira e tábuas partidas, mesmo assim Hayate usava suas próprias mãos para pegar aquele entulho, muitas vezes partindo a madeira em pedaços menores para caber mais no carrinho de mão. Uma vez cheio, o levava aonde era indicado e descarregava, para logo voltar e pegar mais. Parecia gostar de trabalhar duro, o sol logo esquentava seu corpo, e sentia-se ainda mais disposto. Carregava o carrinho de mão com velocidade, e colocando o máximo de entulho que cabia, e também que aguentava levar. Esforçava-se ao máximo, algumas vezes ajudando um trabalhador ou outro a carregar seu carrinho ou até mesmo a levá-lo. Algumas vezes fitava Samira e Sérpico, ansioso para terminar com o entulho e partir para a construção das paredes.

- Não por aqui - respondeu, esticando o braço para a jarra de suco que Hior trazia - Conheço piratas, mas no continente. Eles não gostam de vira pra cá, a ilha é muito bem cuidada.
E completou antes que alguem achasse que era uma deles:
- Hey, minha guardiã é importante no continente, - e sorriu - ela conhecia todo tipo de gente. E... por incrivel que pareça, a maioria dos piratas são legais. Só são ladrões.
E voltou a se concentrar no prato, ainda ouvindo a conversa.
Não estava nem aí pro que pensavam dela. Se eles temiam tanto os piratas, pelo menos não se meteriam com ela. Isso a fez pensar: por que temiam tanto os ladrões? No fundo são todos inseguros e medrosos. É só se mostrar firme, que eles param de importunar. Quer dizer, a maioria. Piratas são a mesma coisa: é só ser forte, e demonstrar confiança e liderança, que te obedecem e não ousam chegar perto.
Fez vários 'amigos' assim. Os piratas eram os que ela mais considerava.

Off: Malz a demora pessoals...

Finalmente era a hora do almoço, e Hayate nem havia notado o quão estava faminto. O lobisomem suava bastante, mas ainda parecia muito disposto a trabalhar. Logo aproximou-se dos demais para comer, e deu mais preferência para pegar pão e carne. Trabalhou por dois, mas também comeu por dois, tamanha era sua fome.

Estava tão distraido para comer, que mal ouviu a conversa. Entendeu algo sobre piratas, ladrões, e a ilha. Só depois de ter terminado de comer, o que foi bem rápido de tanta fome, que prestou mais atenção. Esperou todos falarem, mas não sabia se dava sua opnião. De qualquer forma, comentou.

— Piratas geralmente enterram tesouros, não? — falou algo óbvio, mas que ninguém havia comentado. Não necessariamente se interessava pelo dinheiro, era apenas inocente em vários pontos, até demais. — Talvez só estejam vendo se ninguém pega nada.

Acabado o jantar, voltou para seu quarto rapidamente. A cada minuto bebia mais um pouco de água - tentando se enganar. Estava com sede. Precisava caçar.
Ficou até mais de meia noite andando pelo quarto, com um copo de água nas mãos. Até que se sentiu claustrofóbica. Ela precisava sair. Ter passado o fim do dia ali tornara insuportavel passar a noite toda.
Apenas ir até o salão principal já ajudava. A maioria das paredes ainda não haviam sido levantadas, então ela tinha uma bela visão. Dava pra ver ao fundo, depois da área central de Ruff e do porto, o mar cintilando. Sentou-se no chão e esperou que sua sede se aplacasse. Deixou os pensamentos livres, flutuando no nada.
Apenas olhar o mar a fazia lembrar do continente. De tudo que conheceu nos seus três anos. E que deixou pra trás, a procura dos outros anos perdidos. Não viu o tempo passar. Ficou observando a paisagem, possivelmente cochilando - ou o mais proximo disso que conseguia.
Ficaria ali até o sol surgir - ou alguem aparecer para lhe tirar a paz. Ou quem sabe para servir de lanche?

Hayate tinha um olfato aguçado, e talvez por isso não gostasse muito do cheiro do mar. E talvez esse foi o motivo por ter achado o cheiro de Hior bastante estranho, mas poderia estar enganado. O lobo dificilmente desconfiava das pessoas. Tanto que, quando todos voltaram ao trabalho, não entendeu o porquê de todos olharem Sérpico de uma forma estranha.

Voltando a se concentrar apenas em seu trabalho, o lobo continuava animado. Não apenas gostava de trabalhar, mas adorava saber que seu esforço era para ajudar, para reconstruir algo. Sua vontade de trabalhar era tanta que por acidente chegava a esforçar-se demais, e não percebia. Só notou isso à noite, quando subiu ao seu quarto, e sentiu seu corpo exausto. Era gratificante.

Comeu tudo que havia na mesa, e mesmo assim estava faminto. Deveriam considerar que um lobisomem comesse muito mais do que um humano comum. Pelo jeito teria que esperar pelo dia seguinte e aproveitar o almoço. Antes de dormir Hayate fitou a lua, tranquilizando-se. Imaginava o que iria fazer assim que terminasse seu trabalho ali. Sua jornada para ficar mais forte estava apenas se iniciando.

Não demorou muito para adormecer, se deitando de qualquer jeito na cama.

Acordou de repente, com uma estranhsa sensação. O vento do leste trazia um estranho odor que Hayate não conseguia definir sua origem, mas sentia que algo estava errado. Levantou-se e foi até a janela, a abrindo e fitando o mar. Estreitou os olhos, desconfiado. Não mais ouvia os raros sons de animais próximos dali, e as ondas pareciam chocar-se à praia de forma diferente. Algo estava diferente, e muito. Hayate não tinha medo, apesar de apreensivo com o desconhecido, mas precisava saber o porquê de tudo aquilo.

Vestiu seu sobretudo e saltou pela janela, não tinha problemas em saltar daquela altura, já havia feito coisa pior. Caminhou até a praia, parando a poucos metros daonde a água alcançava com as ondas. Não gostada de ficar preocupado, mas era impossível não ficar neste momento. Fitou o mar por um longo tempo, notando certa diferença em seu comportamento. O que viria a seguir? Não sabia, mas ficaria ali para descobrir.

Com o tempo, ficar sentada não adiantava mais.
O que fora aquele vento? Tinha algo grande acontecendo. E algo dizia que ela tinha que saber, que era importante. Mas, naquelas cincurstancias, não conseguia pensar.
Levantou e ficou pulando de um pé para o outro por alguns momentos. Depois começou a andar em circulos. Ela precisva de sangue. Fazia tanto tempo que estava sem, que sentia que podia começar a se despedaçar ao sol. Se sentia seca.
Foi até a área externa da Estalagem. Olhou em volta, e começou a correr sem pensar em nada. Apenas fez o que precisava.

~*~

Estava quase amanhecendo, quando retornou. Se sentia maravilhosamente bem.
Não lembrava do que tinha caçado. Começou a sentir um pouco de culpa. Mas passou logo. Os humanos não sentem culpa quando comem carne, então por que ela deveria sentir ao se alimentar?
A unica coisa que se lembrava, era do sangue quente em sua boca, encorrendo pela garganta. Da pele macia sendo cortada por suas presas. Mas não lembrava onde havia atacado, nem quem. Melhor assim.
Agora, com a força retomada e a cabeça de volta ao lugar, podia pensar com clareza. Ainda estava inquieta - e sabia que tinha a ver com o que sentira durante a madrugada. Andava em seu quarto. Pensando. Mas não chegava a nada lógico.
Conhecera magias, mas nenhuma como essa. Havia algo mágico, sem duvida. Mas o tipo que ela conhecera, era feita por magos, e nem de longe tão fortes. Talvez um mago mais poderoso? Ou algo ainda maior?
Não saberia responder.

Tomou um banho, e assim que o sol nasceu, desceu para encontrar seus colegas de trabalho. Hoje trabalharia firme. Não sentiria tanto o sol quanto nos dias anteriores. E tinha que manter o corpo ocupado, e se concentrar nisso. Não queria que sua mente vagasse pela noite passada.

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OFF: desculpa a demora. pensei q o Gin ia postar, e me dar uma idéia p continuar. Bem, tá aí...