Arredores da Cidade

A conversa se seguiu até pouco antes da Lua tomar o centro do céu. Blue a olhava com curiosidade e amor enquanto conversava com Jackie, aquela peça a encantava ainda de forma única, quase a fazendo esquecer-se da conversa, coisa que a pirata já conhecia. Ela resolveu fazer o primeiro turno e Blue aquiesceu, subiu no galho da árvore e recostou-se, observando a companheira se aprontar. Aos poucos a conversa foi diminuindo e a garota foi ficando com sono, mas apesar disso não conseguia dormir pensando no dia seguinte.

O vampiro ainda não tinha chegado. Aquilo preocupava a loba e a inquietava. Tentou imaginar que ele estava caçando, mas a desconfiança que carregava consigo dizia o contrário. Não o conhecia, então poderia ser qualquer coisa. Por fim desistiu e virou o rosto para o lado contrário, fechando os olhos e obrigando-se a dormir.

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Como sempre Blue acordava primeiro. Pulou do galho e espreguiçou sem pressa olhando para o céu, ainda era cedo, o sol tinha aquecido seu rosto e não tinha outro jeito senão acordar. Agora seria a hora do encontro e estava ansiosa, não conseguia ficar parada. Resmungou alguma coisa ao ser abordada pelo vampiro, olhando de soslaio.

— Encontrar quem procuramos. Quanto mais rápido melhor.

Lançou um olhar para Jackie e jogou a mochila nas costas já andando para o lugar indicado noite passada. Tudo que ambas conversaram noite passada deveria ser colocado em pratica, e como não conhecia Nell direito - e odiava sua raça - não confiava nele. Mesmo assim, precisava dar certa confiança agora.


— Como disse ontem, preciso me infiltrar no grupo para chegar nele. Ele é muito esperto e escorregadio. Talvez leve certo tempo para chegar até ele, querendo que provemos que somos confiáveis, mas é claro que sabe que não sou para ele, mas preciso fazer com que confie em mim. Primeiro passo: Conseguir confiança. — Disse, esperando alguma resposta dos outros três. Mesmo tendo este objetivo em mente, queria uma segunda opinião de sua amiga, ela sempre tinha boas ideias que complementavam as suas.

@ Blue e Jackie.


<Se decidirem aceitar, já sabem onde postar. => Rochedos.>

"Bom dia branquinho", as palavras ecoavam na sua cabeça, e bailavam com suas memórias distorcidas, nem borrões para enfatizar a forma de sua mãe, seu pai, irmãos, o cachorro? Não, nada, nada além das palavras, vezes altas outras sussurradas, as ouvia no pé do ouvido, bem próximas, e seu coração era tomado de calor. Talvez fosse sua mãe, ele perguntava a seu coração. Mas a ausência de imagens, sons e sentimentos, o perturbavam profundamente e, o levavam a buscar cada vez mais fundo em seus pensamentos algo que essa curta frase pudesse se relacionar.

Chegou a aqueles bosques quietos, vazios e silenciosos. Uma paz que prontamente o incomodava, apesar de acalmá-lo sensivelmente, o lugar poderia ser até familiar, mas... bosques quietos não são singulares para muitas pessoas no fim das contas, não é? Contudo, aquele lugar desperta na raposa branca uma espécie de lapso. Ele não é capaz de entender, seria muito menos capaz de explicar para alguém, ele apenas compreende que é uma cor, algo quente, e com essa cor quente as palavras ecoam mais sinfonicamente, quase como se completassem.

A brisa apesar de inodora leva a ele o cheiro peculiar de algum tipo de árvore. Magnífica árvore, ele sabe de alguma forma, folhas voam agora com a tal brisa, como voavam segundo suas memórias falhas que tentavam eclodir por seus olhos, boca e ouvidos. No bosque, nos arredores de alguma cidade, que para ele, Gin Shiro, não vazia a menor importância, a brisa fresca revolvendo seus cabelos escuros, e jogando suas roupas negras, levou a seu rosto uma folha, caída, única em sua forma quando comparada as demais das cercanias. Estava seca, com os dias contados, com o pé na cova, mas ainda que nesse estado lamentável em que a natureza a chamava para seu útero novamente, foi capaz de alimentar a faminta imaginação da raposa, e dar-lhe o ingrediente que faltava.

"..folhas vermelhas.." Sussurrou para si mesmo, como se ao falar baixinho evitasse uma possível fuga de suas memórias sumidas. “Carvalhos vermelhos". Determinou, finalmente, o que era aquilo que sua mente tentava dizer-lhe. Agora sabia, que por algum maldito motivo, a brisa fresca, as palavras de alguém e as folhas vermelhas, de algum carvalho, se ligavam de alguma forma.

Olhou a sua volta, buscando a origem da folha perdida, enquanto a mesma já voava para longe acompanhando avidamente a brisa que a levará de encontra com Shiro. Infelizmente ele não há achou, além de perdê-la (a folha). Coçou sua cabeça como se achasse graça dele mesmo, e catou com os olhos a presença de mais alguém no lugar. Gostaria de uma ajuda, onde estariam os carvalhos? Ou melhor, para onde ele deveria ir, já que nas andanças, perdido em lembranças e pensamentos, ele mesmo se perdeu da trilha em que estava.

“Baralhos voadores de espadas vermelhas!” Esbravejou sozinho no meio das árvores. Irritou-se, aparentemente sem motivo já que não havia como voltar atrás estava perdido. Colocou as mãos na cintura, quase como uma diva, e olhou para o céu, que era ofuscado por galhos, folhas e talvez insetos nojentos. Certo, insetos, como esses animaizinhos – ou isso seria uma ofensa aos pobres animais? – conseguem sempre se afundar nos cabelos negros e sedosos que com tanto trabalho ele, Gin Shiro, lavou amorosamente?! Fora àquelas perninhas que o enchiam de nervoso quando caminhavam por sua pele. Olhou para os lados afoito, alguém o estaria observando enquanto dava pinta? Bom, a verdade é que ele era fresco com determinadas coisas, e insetos, com toda a certeza, eram uma dessas coisas.

Encostou-se em uma das árvores, que não eram um carvalho, buscando focalizar no seu campo de visão algo que não fosse mato. Estava difícil, já que tudo era praticamente da mesma cor. Já imaginava se aconteceria algo consigo, na verdade, perguntava-se se foi de forma parecida que perdeu a memória, perdido em algum lugar, a pobre raposa despencando por uma ribanceira e terminando em alguma margem, após ser levado pela corrente do rio.

Bom, ele pensou, se isso tivesse acontecido realmente dessa forma, uma vez fora o bastante, não cometeria o mesmo erro uma segunda vez.

“ Alguém ai?” Ele gritou não muito alto, mas também não muito baixo. Lá poderia haver bandidos, e ele não queria ter que se suar correndo de brutamontes fétidos que poderiam querer levar sua carteira, vazia.

“Alguém ai?!” Repetiu-se com alguma esperança, enquanto caminhava calmamente admirando a paisagem natural a sua volta.

@ Shiro


Considerações: Ignore o fone de ouvido da imagem e considere bem maior as suas asas. Ok?

É estranho quando se espera ouvir uma resposta e, ela não vem. Mesmo que você insista tudo o que se mantêm é o silêncio e os sons da natureza. A mesma natureza que se afasta com medo do toque do homem, o instinto de preservação é interessante, pensava Gin enquanto observava os animais se distanciando dele.

Por suas andanças esbarrou com a estrada. Isso era bom, de fato Shiro se animou com a visão de um caminho sem fim, para o Norte e para o Sul, mas como na floresta não haviam pessoas, nem ali, não a vista pelo menos, ele continua a chamar por alguém, qualquer um, mas de preferência alguém que não quisesse violentá-lo, roubá-lo ou que enchesse o seu saco.

Pensando bem, era até pior, ele confirmou para si mesmo, na estrada não haveria nada com o que se distrair, agora a sensação de solidão aumentaria, talvez na mesma medida em que a temperatura, já que haviam escolhido o caminho que levaria, em algum momento, até a cidade.

A parte ruim? O ruim é que fazia 30 minutos que ele estava sob o sol quente, cada vez mais quente, e sabemos que roupas pretas não combinam com o Sol. Ele não estava mais ligando para a solidão, ela que se explodisse, Gin Shiro estava ensopado, seu corpo gritava por um pouco de água. Sua camisa estava amarrada na cabeça, o kimono na cintura, já pensava em tirar suas calças até que notou algo incomum na estrada.

Ora, quem seria o idiota que ficaria deitado em pleno sol escaldante?

Naquela altura do campeonato, com aquele calor, e já fulo da vida, ele não queria nem saber, passaria pela difunta sem pestanejar. Mas claro, não foi isso que fez. O problema o que o impediu de fazer isso? Simples, era uma difuntA, no feminino, gênero oposto ao de Gin Shiro. Seu ponto fraco.

Aliais, quando ele chegou mais perto ainda notou que a garota de asas estava ferida e com a roupa rasgada. Levantou seu dedo e apontou para o Sol.. “Gin Shiro é um cavalheiro, e jamais deixaria uma dama como essas neste estado!”, bradou.

Sabia, claro, que aquilo poderia terminar mal de alguma forma, já que o Deus do Azar gosta de pregar peças nos mortais.

Estava pronto para fugir por sua vida quando se abaixou e cuidadosamente cutucou-a na testa, esperando alguma resposta. Talvez ela acordasse, ou gemesse, pelo menos um sinal de vida!

De fato, ela não era humana, sabe.. asas não combinam com humanos.

“Ei, garota, acorde!” Clamou em seu ouvido com voz adocicada. Gin, na realidade, queria ouvir da boca da criatura de asas brancas a permissão para tocá-la. Ele podia não se lembrar de nada, mas algo dentro de si mesmo, talvez seu instinto de preservação, o dizia que antes de tocar era bom perguntar.

@ Gin Shiro.

(primeiro peço desculpar ao GM Akira por demorar uma infinidade de tempo para postar. Semana de Enem... a cabeça esquece das coisas \: )

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Silencio. Ó doce silencia que preenche o vazio que habita seus ouvidos em uníssono, aquele que abandona as palavras, as reações, a vida, e até mesmo que sabe uma carteira vazia ou algo de valor, afinal de contas.. morto não precisa pagar contas né?

E por acaso, aquela parecia ser a situação. Claro que Gin não se precipitou a procurar os pertencias de bela anja. Por que? Bom, era uma anja.. e ele não era bobo, vai que ela tinha amigos. E sinceramente, ele a achou tão linda que se perdeu em pensamentos, como alguém poderia fazer isso a tão bela criatura? Ou melhor, o que havia acontecido para que ela terminasse daquela forma? Quantas perguntas, Kami sama, quantas perguntas!

Seu nome significava ‘Branco Prata’, mas aquela ambição vinha exatamente da ‘prata’, mesmo que a apenas alguns segundos a centímetros de sua orelha ele já desejava tudo; queria o conhecimento, queria seus pertencias, queria um suspiro, queria uma palavra, queria seus lábios, ele a queria, ele a queria como seu brinquedo, como sua dona, como sua diversão, tanto fazia, Shiro em instantes para o mundo, mas uma eternidade a seus olhos, já queria seu coração.

Perdido em meio a seus anseios profundos e distorcidos é pego de surpresa quando a bela difunta se ergueu. Fucking Kami-Sama, ele quase gritou, mas se conteve quando a mesma a agarrou o pescoço. Certo, ele não se conteve, ele simplesmente travou, muitas emoções ao mesmo tempo. Mas... isso durou pouco, apesar dos olhos vidrados fixados nos da garota com asas, a lâmina realizava parte de seus desejos, tocava sua buchoche com delicadeza, esperando um bom motivo para beijar-lhe.

Deuses? Não o façam rir, ele era o Azar encarnado em carne! Malditos deuses, como podem cuspir em sua cara dessa forma? A criatura desceu com feridas, quase morta, tão bela, e se volta contra ele? Que diabos! Era nessa hora em que ele pensava em mudar de lado, deixar de ser bom, deixar de ser Gin Shiro para ser Gin Kuro. Cruel. Malígn....

“E...eu?” Retrucou, destroçando seu raciocínio deliberadamente louco. “É...er.. Achei a anja, éé você. Você, a anja” Terminou desconexo.

Mal foi erguido, batei com seus pés ao chão, a asa estava ferida, e ela parecia sentir muita dor. Ele tentou notar sua expressão, mas ainda estava maravilhado com a visão. Não sabia o que fazer, não sabia de mais nada, só estava ali, ameaçado, com a coisa mais bela que já tinha visto em toda sua vida.

“Não tenho certeza..” Comentou de forma calma, o que o assustou. “Eu.. pode me chamar de Gin”, falou revelando seu sobrenome. Estranhamente ele parecia estar fora do transe de segundos atrás. Agora sério, começava a compreender a situação.

“Você estava caída.. morta.” Revelou olhando para a criatura celeste, de forma reflexiva. “O que houve com você?” Suas palavras estavam em tom baixo e passivo era calmo como um bichano, mas.. suas garras e presas surgiriam com a resposta errada da mulher. Era magnífica, mas ninguém aponta uma lâmina para ele, que aliais, buscou descobrir o que era usando sua visão periférica.

Previsibilidade não era um adjetivo para a raposa, mas era uma característica que o anjo a sua frente também possuía, dessa forma...o aroma feminino precisaria valer mais do que as ameaças, e as palavras deviam ser mais esclarecedoras. Raposas são espertas, atacar seria previsível quando acuado então...porque não correr? Ele foi feito para isso, preferia o coração batendo a coragem no peito, ou era apenas covardia. Quem saberia dizer?