Continente Shane

A contração muscular intensa que Nym fazia para se defender por um instante fraquejou, foi quando foi surpreendido por Gin voando em seu resgate. Aliás, Voando em cima de Chouldon. O golpe pegara seu braço esquerdo. O impacto fora grande e Nym por se tratar de um ser pequeno foi arremessado. Não foi muito longe, mas o suficiente para girar no ar e cair de boca no chão. A dor em seu antebraço foi indescritível.

Em seu antebraço, não... Em seu égo! Seu antebraço estava quebrado, não havia o que fazer. Porém, há muitos anos que Nym não sabia o que era ser acertado por seus adversários. Aquilo realmente havia enfurecido o pequeno demônio. Ouviu Raven se aproximar enquanto se levantava vagarosamente, utilizando somente as pernas e segurando seu antebraço ferido em frente ao tronco. Nym se viu sujo de terra e sangue. Bufava de dor, mas principalmente de raiva. Odiava ser fraco. Estava sendo fraco diante de milhares de pessoas. Não conseguia aceitar isso.

A pergunta de Raven não ajudou em nada. Nym olhou para o garoto por um instante e em seguida se virou para Choudon que estava sendo controlado, até que com certa facilidade por Gin. - Claro que consigo! - Respondeu para Raven sem olhar para o mesmo, sua voz saiu quase como um grito de ódio. Foi quando ouviram o locutor novamente anunciar outra criatura.

- Não é possível! - Pensou quando quando viu Chaser. Nym não acreditava em seus olhos. Aquela criatura monstruosa surgiu queimando tudo e todos em seu caminho até atingir a arena. Nym precisava se acalmar, novamente não conseguiria encarar tamanha criatura de frente. se tratava de um dragão! Ele não iria ser burro de cair em alguma gracinha de Gin. - Não sou forte o suficiente para encarar isso... - Nym esquecera seu braço. Seus olhos perderam o foco enquanto mirava aquele ser enorme que soltava labaredas de fogo enquanto respirava. - Ninguém aqui é... A não ser, ele mesmo... - Aquele pensamento fez Nym serrar os olhos.

Se concentrou. Respirou fundo ainda encarando o animal e sua aura começou a crescer. Raven até mesmo poderia sentir o ódio que Nym emanava. - Encontro você no Inferno... Humano... - Nym saiu em disparada na direção de Gin, corria muito mais rapidamente que o habitual. Passando por Gin parou por um instante. - Use esse animal estúpido que está montado e um pouco do seu cérebro! Esse daí vai ter que cair com sua própria força... - Nym estava sério e seu tom de voz frio voltara. Estava com raiva e farto daquele lugar. Queria resgatar de uma vez a maldita menina só para depois poder arrancar-lhe a cabeça com as próprias mãos.

[Utilização da habilidade! Aríba Aríba Anda-lê Anda-lê!!!! xD ]

Pulou sobre Choudon, esperando o pior. Sabia que tinha salvado Nym do pior, pois com um puxão conseguiu desviar o terrível soco da criatura. Imediatamente começou a puxar os cabelos de seu inimigo, para, logo em seguida, parceber que não precisava fazer isso. Choudon parecia um dos velhos cavalos de Hirt, antes de começar a se aventurar pelo mundo. Era domável.

Ouviu o grito da platéia. Sabia que tinha feito algo que nenhum ser, humano ou não, já tenha tentado antes. Imediatamente ajeitou-se melhor: encontrou uma posição para suas pernas e segurou levemente, porém de modo firme os pêlos onde estava segurando antes. Com a mão esquerda começou a fazer carinho no pescoço de Choudon.

Fez alguns testes. Puxou os pêlos de lá pra cá vendo se acompanharia o movimento. Incrivelmente a criatura obedecia a todos os comandos. A idiota idéia de Gin provavelmente foi uma das melhores idéias que alguém já teve nesse torneio. Só então virou-se para Nym e avaliou o estrago.

Sabia que o youkai estava ferido, não só no braço mas também no orgulho. Poucas vezes ele era alcançado por qualquer criatura, mesmo sendo esta sobrenatural. Logo ele recuperaria sua frieza de sempre e Gin preferiu ficar quieto. Foi quando o locutor anunciou uma nova criatura.

— Agora isso já é plena sacanagem .. — Disse, com pesar.

Viu o dragão acabar com uma parte da platéia só com a aparição. Gin não era muito de se assustar e não era agora que iria começar. Ficou calmo, enquanto olhava para a criatura. Pensava rapidamente enquanto faia carinho, com a mão direita, em Choudon caso este se assutasse com Chaser.

Nym passou correndo por ele. O youkai parecia mais movido pela raiva do que pela razão, de fato. Inusitado, ao menos ele estava indo de encontro e não tentando desviar desse novo perigo. Olhou para Raven, que nada mais parecia falar.

— Acorda! — Gritou. — O Nym foi pela esquerda. Se vamos ter alguma chance de sobrevivência faça o que eu digo. Corra pela direita o mais rápido que puder e espere uma oportunidade. — Gin olhou para frente, encarando o horrendo dragão que somente observava tudo. — Vou atrair a atenção da tão terrível ferinha.

Esperou que Raven começasse a correr para continuar. Firmou bem suas pernas em Choudon e assumiu um ar sério. Não era hora para se tomar alguma atitude idiota. Pressionou fortemente os pés nas laterais de Choudon para que este começasse a correr o mais rápido possível. Puxava os pêlos da direita para a esquerda para fazê-lo correr em zigue-zague. Seu pensamento era que, se o dragão lançasse algum golpe, poderia desviar-se para o lado aproveitando a velocidade de Choudon. Estava tentando aproximar-se o máximo que podia de seu novo inimigo.

— Olha pra mim seu lagarto super desenvolvido! — Gritou. — Vou te meter a porrada, bicho desgraçado!!

Se Ree não tivesse mantido a postura, ela agora estaria rosnando de raiva, vendo seu orgulho ser levado água abaixo. Aquilo a fazia cada vez mais irritada e impaciente. Estava odiando aquele lugar.

Ree.

Seu acesso de fúria deu uma diminuida quando Roswell a fez voltar a realidade. Um dos irmãos estava quase no mesmo estado da garota, mas os fins eram diferentes. Sentiu um arrepio pelo vozerão do homem, mas jamais admitiria. Tinha que racionalizar....

Mas que se dane tudo!

....ou não. Cutucou Roswell, mas quando ia abrir a boca, outra explosão, que a fez olhar para a arena. As criaturas não paravam de vir, era impressionante. Voltou para o rapaz.

Certo, isso já me saturou. Vamos sair daqui de uma vez...

Clock Bunny chegou logo em seguida. Sem nenhum obstáculo a não ser os irmãos, fez a menina desconfiar um pouco. Ainda assim, ela daria um jeito se uma emboscada ocorresse.

Solto uC.B, cochichando em seu ouvido. O coelho deu uma risada maniaca, mas baixinha, que fez questão de abafar com as próprias patas. Ree se concentrou no rei. Aos poucos foi domando a alma dele, sutilmente. Olhou para o Roswell durante alguns segundos.

...No momento, eu te odeio por me fazer vir até aqui. Pegue a menina e vamos...

Ela fez o sinal, e Clock Bunny riu. Preparou suas patas, e começou seu pequeno show. O coelho surgiu das pedras rindo, pulando propositalmente na frente dos irmãos. Falava palavras de baixo calão, provocando os irmãos, e pulando hiperativo, tentando concentrar os homens em um dos lados da área, deixando a outra mais livre.

Ao mesmo tempo, Ree ativava sua habilidade, paralisando o rei, e se esforçando para deixá-lo mudo. Ree não estava afim de ficar por muito mais tempo, e saiu correndo pelo lado oposto a algazarra que C.B fazia. Deixou para Roswell a tarefa de levar a garota, não se importando exatamente se ela iria a gosto ou não. Clock Bunny iria atrás quando eles tivessem cruzado a porta do corredor, em disparada.

Soul Puppet lvl2
Efeito 2 : Prende o espirito de um ser o paralisando monentaneamente, o fazendo perder o movimento. 20% para paralisação 15% para um segundo turno paralisado (máximo permitido)

Nym suspirava controladamente enquanto sentia que seu plano dava certo. Esgueirando-se com agilidade pela multidão pode se posicionar bem. Aguardou atrás de um bando de humanos que gritavam loucamente apoiando o espetáculo, e não estavam sozinhos. A multidão havia enlouquecido com algo que havia ocorrido na arena e um verdadeiro coro fora formado entre urros, gritos e aplausos.

Contudo não havia tempo para outras preocupações. No instante seguinte Nym avistou o pequeno coelho de pelúcia saltitando na frente dos irmãos. Era agora! Partiu novamente para se posicionar logo acima dos irmãos na arquibancada e resgatar a menina. Porem, Nym consegue perceber que a princesa não mais estava participando da apreciação do show. - O que há de errado com essa fedelha?! - Indagou enquanto seus passos rápidos se tornavam um pouco mais lentos e sua atenção se desvencilhava por um segundo, perseguindo a visão da princesa, e ela terminava em Ree...

Somente então que Nym havia percebido que o fato daquele coelho endiabrado estar alí significava que Ree também estava! E logo percebeu a gravidade que aquilo significava. Nym mudou sua direção sutilmente para se possicionar atrás da princessa. Primeiramente iria manter o anonimato e a segurança de todos, depois cumprir a missão. Aquela cena era familiar em seus pensamentos. Lembrava com detalhes daqueles movimentos, tantas vezes repetidos nas mais variadas ocasiões. Com a destreza e maestria que era peculiar do assassino frio que havia em sí, Nym jogou o braço direito por baixo do pescoço da princesa e seus dedos firmaram no maxilar na princesa deixando sua palma da mão abafar sua boca e fazendo força com a mão para cima prendia sua respiração. Ao mesmo tempo seu braço esquerdo ia por cima da cabeça enquanto seus dedo firmaram na tempora oposta da cabeça da princesa deixando a palma da mão tapar sua visão. - Quieta, se não morremos... Vamos dar o fora daqui... - Sussurou no ouvido da pequena enquanto soltava os dedos de sua tempora vagarosamente deixando que a menina observasse o ambiente novamente e relaxando a outra mão para que voltasse a respirar com calma.

Logo depois, escondeu o corpo atrás da cadeira onde estava a princesa e analizou a situação a sua volta. Precisava sair daquele lugar rápido e aquela menina com toda certeza iria atrapalhar bastante sua fulga. Nym passou para o lado da cadeira onde estava a garota, olhando fixamente para os demais que estavam a sua frente. Pegou o braço da menina, continuando abaixado, aproveitou que sua altura era parecida com a da garota e a colocou em seu ombro puxando-a pelo braço. Logo depois saiu agilmente por entre as arquibancadas com a menina apoiada em seu ombro direito. - Finja que esta dormindo... - Nym tentava não chamar atenção, mesmo com aquela menina em seu ombro. Se deslocava como se fosse normal a pequena ter desmaiado e fazia cara de emburrado. Apesar de se deslocar com velocidade, não fazia menção de fulga com seu corpo, para que os demais espectadores não desconfiassem de nada.

Com a garota de cabeça baixa seria difícil alguém reconhecer e Nym procurava não encarar ninguém para evitar que lhe reconhecessem também. Era arriscado mas era a única alternativa. Ir até o final desta arena maldita e sumir das vistas.

[Não sabia que a maldita menina era uma princesa, pra mim era uma filha dos meio-lagartixa... =P
Enfim...Edited]

[Nym.... A princesa...É A GAROTA A SER RESGATADA *facepalm*]

Ree foi a primeira a sair do cômodo. Era a ação mais lógica, afinal, ali, ela era quem menos tinha chances de sobreviver num conflito físico. Enquanto passava por todos, avistou Nym, e apesar de não dizer nada, sinalizou para a menina e depois para a porta, e logo saiu.

Ela não pode ir muito longe, pois ainda tinha que manter seu controle sob o rei. Estava concentrada nisso, quando sentiu uma forte dor, exatamente no meio do corpo, na região do estômago. Arregalou os olhos, sentindo toda a dor que Clock Bunny sentia naquele momento.

GAH...

Por alguns segundos quase perdeu os sentidos, tamanho o choque. As mãos tremiam, os olhos lacrimejavam, e ela sentia falta de ar. Além disso, sentia o sofrimento emocional, pois sabia que seu leal e amado servo estava em apuros....em GRANDES apuros. Queria voltar para lá, e assim, virou, mas quase não conseguindo caminhar, se apoiando nas paredes.

Clock Bunny....O que...o que aconteceu...?

Enquanto isso, lá dentro, Clock Bunny ainda lutou, mordendo e esperneando contra o meio-dragão, até ser rasgado brutalmente. Imediatamente seu relógio girou de forma descontrolada, e o coelho aquietou-se, balançando seu corpo rasgado no ar, os olhos transformado-se em duas pedras negras e opacas.

Lutava contra a desagradável sensação, seus joelhos bambos querendo derrubá-la, suas unhas agarrando nos sulcos da parede, fazendo força para não cair. O suor frio escorria por sua testa, enquanto seus olhos embaçavam.

Não, não, aqui não.

Sua mente estava a meio caminho da inconsciencia. Seus cabelos longos e escuros escondiam seu rosto de Nym. Ela não queria ser vista. Ela queria seu Clock Bunny.

Seu coração bateu mais rápido quando foram flagrados. Seus olhos se espremiam para que ela conseguisse enxergar mesmo com a dor, seu olhar carmim atravesando a cortina que eram seus cabelos. Ela agora ofegava de dor.

Seus dedos arranharam a parede, quando seu amado servo lhe foi jogado. Sentiu vontade de chorar. Mais uma vez, mais sofrimento para ele. Seu rosto em agonia. Era mais do que apenas a dor física para ela.

Roswell.. Me desculpa...novamente.

Novamente seus olhos embaçaram, dessa vez com lágrimas. Ela ainda lutava contra elas. Mas perderia quando Roswell lhe fosse jogado.

Ree entrou em puro choque. Ela via o sangue, ela via os rasgos, ela via tudo. E ainda assim não conseguia se mexer. Suas mãos pálidas tremiam, sua mente apagou por alguns segundos.

Naquele silêncio mórbido ela não ouvia, via, ou sentia nada. Era pura escuridão. Ela podia sentir suas mãos molhadas. Sim, estavam molhadas, pois em suas mãos escorria o sangue de ROswell.

Onde estava sua dor?

Ah sim, ali. Não, não era no abdomen, mas sim em seu peito. Clock Bunny teria pulado no seu colo, como ele sempre fazia. Mas ele não tinha pulado. Ele não tinha se mexido.

Ela iria morrer?

Olhou em volta, e seus olhos opacos enxergavam apenas sangue e morte. Ela se lembrava muito bem daquela sensação.

Por que?...

E ela se lembrava que havia se libertado daquilo. Olhou novamente para o rosto inanimado de Roswell.

... Eu vou morrer.

Ela por alguns instantes pode sentir esta estranha sensação. Era uma aceitação talvez... Olhou novamente para Clock Bunny.

Mas...

Ela podia sentir. Um pequeno sentimento, que brotava do fundo do peito. Era quente, instavel e pequeno. Mas em segundos ele tomou conta do corpo de Ree, borbulhando sem parar. Raiva.

... Eles também...

Abriu os olhos, finalmente enxergando a sua volta. Seus olhos estavam tão pratas que poderiam refletir qualquer coisa. Seus cabelos longos esbranquiçados se mexiam devagar, seguindo a onda mágica que fluia pelo seu corpo. Ela estava no limite, ela sentia. Era tudo muito instável, as vezes oscilando. Ela olhou para Husk. Seu rosto inexpressivo tomou lugar a uma careta de ódio.

Ela queria levar alguém. Uma pagamento contra Roswell, contra Clock Bunny, contra ela. Buscou o antigo facão que carregava. Com dificuldade, tentou se levantar, seu vestido manchado de sangue, assim como suas mãos.

Venha meu poeta, declame sua dor.

A menina arrancou um colar que possuia uma caveira, estendendo-a para o ar. Em pouco tempo o colar se tornava negro, e uma massa disforme e pegajosa surgia de dentro da caveira, formando uma bola. Ree soltou o colar, e ele caiu, mas parou a centimentro do chão, flutuando. Foi tomando forma, até que se ouve som de sinos.

Vós chamais, mestra infernal?

Um sorriso grande e branco, com dentes afiados se formou, e a bola finalmente tomou um corpo. Tinha um metro de altura, com duas orelhas grandes, com sinos em sua ponta. Possuia tons de negro e roxo. E em lugar dos olhos, dois imensos buracos negros, do qual escorriam sangue. Ele aionda flutuava a centímetros do chão.

Uma última poesia, antes do final, Jesty...

A criatura riu, e deu uma cambalhota no ar. Pousou no chão com tanta força que fez um pequeno buraco onde estava.

Com prazer!!

Ree não se renderia, e morreria lutando se aquele era seu destino. Ela arrastaria quantos pudesse até o inferno consiguo.

Nym... Arremesse ele. Depois, vá.

Nym entrou no corredor e já se apresou em fechar as portas. Voltou-se para o corredor de paredes de areia e pouco iluminado, aquele lugar era realmente sombrio. Não que isso incomodasse Nym, apenas tornava o lugar um pouco mais aconchegante. Caminhou um pouco e avistou um vulto a sua frente apoiado na parede. Sem diminuir os passos foi deixando a pequena garota escorregar de seus ombros, pouco se importava com aquela humana insolente que havia lhe causado tantos problemas. Mas quando se aproximou da figura misteriosa pode reconhecer Ree.

Parando bruscamente, Nym arregalou os olhos em ver que a garota estava pálida e fraca. Apoiava-se na parede para se manter em pé. Seus longos cabelos lhe cobriam a face. A menina parecia delirar, pois era possível ouvir alguns murmúrios que Nym não conseguia entender. Assim como não entendia o que havia acontecido com ela. Estava bem alguns minutos atrás e agora estava em estado deplorável. Se aproximou sentindo-se mais confortável e colocando as mãos no bolso para averiguar Ree e perguntar-lhe o que havia se sucedido quando uma voz lhe surpreende.

– Mas aonde vão com nossa convidada? -

Nym olhou para frente e avistou um vulto se aproximando, porém não precisou esperar que aparecesse o maldito meio-dragão para saber que se tratava de um dos irmãos. O cheiro maldito daquelas escamas já estava em suas narinas desde quando fora preso por eles. Nym encarou o meio-dragão com a mesma calma que este demonstrava. Continuou com suas mãos nos bolsos e somente ouviu o que Husk tinha a dizer. - Verme maldito! Como descobriu?! Será que fora ele que deixou Ree neste estado? Aproveitou para segui-la enquanto estava fraca, sabia que ela iria ao encontro de ajuda... Usou ela como isca... - Os pensamentos de Nym voavam tão rápidos como o próprio youkai. Seus músculos se contraíam e relaxavam conforme sua respiração se tornava mais ofegante. Poderia acabar com aquele meio-dragão, estava mais rápido que no primeiro encontro. Surpreenderia ele. Mas quando seus planos estavam indo bem ouviu uma voz que o fez gelar.

Bryan apareceu por trás de todos debochando. Nym não se virou, seu olhar se perdeu, assim como seus planos de acabar com o meio-dragão em sua frente. Ficou estático, aquele maldito meio-dragão havia lhe deixado furioso no ultimo encontro. Como Nym poderia esquecer. Quando Bryan começou a se referir a ele,Nym se virou. Estava furioso. Seus olhos ficavam mais negros que o normal. A raiva passava em suas veias se distribuindo por todo seu corpo. Aquela sensação estava voltando, o demônio podia sentir o ódio aflorar novamente. Estava de volta. Seu desejo de matar estava de volta, mais forte do que nunca!

Encarava Bryan enquanto este jogou C.B. Aos pés do grupo. Nym tinha o olhar fixo nos olhos do meio-dragão, estava alucinado. Queria arrancar cada escama da pele daquele ordinário e brincar com seu crânio decapitado. Ouviu um baque surdo atrás de si e Husk pronunciando algumas palavras, virou a cabeça somente para trás e viu o corpo de Roswell ao chão. Não se demorou muito com aquela visão, Roswell para ele também não fazia diferença nenhuma. Ouviu os lamentos de Ree. A garota estava sofrendo muito...

Apesar de sua ira Nym não conseguia mover um músculo. Estava petrificado diante dos irmãos, sabia que não conseguiria enfrentar ambos em um mesmo combate. Eu braço estava ferido e tinha duas garotas para proteger...

Tinha?

Não, não tinha. Nym pode sentir a raiva surgindo perto de seu corpo e logo assumiu que era Ree. A garota começou a emanar enorme energia e então evocou uma criatura tão curiosa quanto C.B.

– Nym... Arremesse ele. Depois, vá. -

A voz de Ree saiu seca, decidida. A menina estava realmente enfurecida, assim como o pequeno demônio. Nym olhou de Ree para a criatura insana que ela havia evocado e não teve dúvidas. Nym queria o sangue daqueles meio-dragões! Queria ouvir suas vozes pedindo perdão e piedade, implorando pela vida e logo depois se esvaindo em um soluçar interrompido pelo sangue que invadia a garganta.

Em movimentos rápidos, Nym retirou as mãos dos bolsos e partiu em direção à Husk. Segurou a criatura pelas orelhas e logo após arremessou Jesty em direção ao peito de Husk. Correu com velocidade extrema e ultrapassando a criatura que acabara de arremessar fez um movimento de finta na frente de Husk que mal conseguia acompanhar a movimentação de Nym se colocando atrás de seu oponente. Assim que se posicionou jogou seu corpo contra o de Husk para desequilibrar o maldito meio-dragão e assim permitir que o ataque de Jesty não fosse impedido.

Por um momento todos poderiam ter confundido o estrondo com o golpe certeiro de Jesty. Mas a magnitude era forte demais até para ele.

O pequeno escravo pousou no chão, fazendo trincar o piso em seus pés. Seu rosto já não tinha mais o sorriso, mas os olhos inexpressivos. Olhou para a direção de origem do som, e depois para Ree.

Ela não olhava para o servo, mas para o youkai chamado Bryan. Seus olhos prateados analisavam a sua alma, mas ela não tinha como raciocinar direito aquilo que tinha em vista.

Seu estômago continuava doendo, suas forças se esvaindo. Não parecia, mas cada vez mais ela usava a parede como apoio. Estava suando frio. Mas sua face continuava carregada de ódio e a procura do preço certo contra o que acabara de sofrer.

Jesty.... Não pare...!

A criatura por um minuto ficou parada. Uma lágrima de sangue escorreu-lhe por seus olhos profundos como buracos-negros. A lágrima escorreu até alcançar seus lábios, onde uma lingúa levemente bifurcada apareceu, aparando a pequena gota. Engoliu a lágrima, e trocou o rosto sofredor por seu sorriso. Ele andava mais descontrolado, rindo alto, primeiro a passadas lentas, desengonçadas, o corpo balançando para frente e para trás, chegando aos pés de Bryan... e logo...

AU REVOIR, MES AMI!

Jesty saltou com toda sua força, acertando-lhe um soco no queixo, de baixo para cima.

Garoto, é pra você vazar com essa princesa daqui... AGORA!

Uma onda de magia fluiu de Ree naquele exato instante, seus cabelos e olhos mais pratas do que nunca, refletindo toda e qualquer luz que pudesse entrar naquele ambiente escuro e puerento. Seus olhos se trancaram em Bryan, sua magia fluindo dela, rodeando de modo invisível o rapaz, procurando, torturando, forçando...

Ali! Ali estava, sua alma. Ree usava sua habilidade para usurpar a alma do infeliz, aproveitando de tantas distrações que ele sofria no momento. Jesty voltou correndo ao seu lado, tomando seu papel de guarda-costas.

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Off: Habilidade Soul Puppet
Custo: 40% MP para roubar a alma e incorporar 10% por turno para manter

Seu plano havia dado certo, Nym pode acompanhar o golpe de Jesty em Husk. Acertará em cheio seu oponente, mas foi então que um grande estrondo toma conta do local. Nym por sua vez continuava focando Husk, o meio-dragão havia sofrido um ataque de impacto e foi neste momento que Nym viu surgir uma oportunidade. A chance que ele estava esperando.

O ódio do demônio se aflorou com aquela cena. Via Husk baqueado pelo golpe de Jesty e não conseguiu pensar em outra coisa a não ser sua vingança. Nym não se demorou para investir contra Husk, um soco forte em sua nuca utilizando todo o peso de seu pequeno corpo, porém com a velocidade excepcional de seu salto Nym derruba o meio-dragão e começa a sentir todo o seu poder reuperado. O youkai cai junto com Husk envolvido por sua fúria, e sem delongas começa a socar a face de seu inimigo com uma velocidade surpreendente. Nym utilizava toda a sua força, sua velocidade, sua raiva naqueles golpes. Não somente queria desfigurar o maldito meio dragão, queria colocar um fim em sua existência, queria sentir o sangue quente daquele maldito ser, queria ouvir seus urros de dor e sua vida se esvaindo de seu corpo, queria vingança!

Um sorriso diabólico surgia nos lábios de Nym juntamente com seus olhos esbugalhados de prazer, prazer em rever aquela cena tão aguardada, estava no controle novamente. Agora sim, ele voltou o demônio que sempre fora. Um assassino cruel, calculista, traiçoeiro, vingativo... Seus punhos não se cansavam de acertar a face de Husk, sentia-os doerem, mas o prazer daquela situação era maior que qualquer dor. Nym iria continuar a agredir aquele corpo, mesmo que sua vida já tivesse terminado, mas sua fúria teve que parar.

Ree conseguira colocar a mente sanguinária de Nym em seu devido lugar e lhe chamar a atenção para a situação que o rodeava. Suas palavras fizeram o sorriso de Nym diminuir e sua atenção se voltar para a garota que havia causado toda aquela situação. Nym sente a exaustão do que acabara de fazer, não havia medido esforços para atacar Husk e isso acabou por deixá-lo cansado. Mas não tinha tempo para cansaço. Levantou-se de cima do corpo do meio-dragão e rapidamente já se encontrava na frente da princesa. - Venha fedelha, vamos sair daqui! - Nym virou de costas para a garota e se abaixou apoiando o joelho no solo para que a menina subisse em suas costas. Não esperou que ela fizesse isso sozinha, segurou sua mão e puxou ela ao encontro de suas costas e assim que sentiu que ela estava equilibrada partiu em direção a saída correndo o mais rápido que conseguia.

- Preciso esconder esta humana e logo depois tenho de voltar para buscar os demais... -

O youkai sentia o medo daquela menina, aquele corredor extenso e escuro parecia não ter fim. Estava cansado, não queria estar naquela situação.

Tenho? Não, não tenho...

A corrida de Nym diminuia seu ritmo, seus passos ficavam mais lentos conforme sua mente trabalhava.

Estou salvando uma humana... Isso está errado! Porque estou fazendo isso? Não quero fazer isso... Quero é dar o fora deste lugar, voltar para Lodoss... Então porque carrego essa garota? Quero acabar com a vida de Bryan, quero a riqueza desses malditos meio-dragões, quero saber quem é aquele velho... Quem é aquele velho de olhos cintilantes... Pai dessa humana insolente...

Nym para por alguns instantes. Seus olhos miravam o caminho a sua frente, porém não estavam focalizados, estavam perdidos em meio à seus pensamentos. Aquelas perguntas invadiam sua mente e não permitiam que ele continuasse. O demônio estava voltando...

@Gin

— O que a gente faz agora?! — Raven gritou em meio aos sons estridentes e ao grito de todos que corriam dali. — A gente sai daqui o mais depressa possível! Já viu dois dragões brigando?! Logo não vai sobrar nada aqui!

Foi Raven terminar de falar que uma labareda de fogo veio na direção dos dois. Por sorte Choudon e Echee foram rápidos o suficiente para esquivarem-se, e o lugar onde estavam instantes atrás se envolveu em chamas. Era como se o fogo dos dragões fosse líquido, grudando e queimando por onde passasse. Se fossem atingidos, seria o fim.

— Rápido! Procure nas arquibancadas!

O caos estava espalhado. Pessoas fugiam, e tudo aos poucos era destruído. Logo até mesmo o que estava construído em torno da arena — que se resumiam em longos corredores e grandes salas —, também ia abaixo. No meio disso tudo, duas feras travavam uma luta colossal. Seu sangue era escuro, viscoso, e começava a manchar a areia aos seus pés e as pedras à sua volta.

@ Ree

O que aconteceu a seguir poderia superar todas as expectativas de quem assistisse, mas não Ree. Ela tinha plena consciência do que seus servos eram capazes de fazer, e Jester foi capaz de acertar um soco em cheio, debaixo para cima, no queixo de Bryan, um meio-dragão muito maior que o boneco. O inimigo estava totalmente desconcentrado devido a tanto barulho, a única explicação seria uma audição muito apurada, e isso acabou sendo seu ponto fraco. Como se não bastasse, Ree, pormais que estivesse atingida pelo que houve anteriormente, encontrou a alma de Bryan. Animalesca, sarcástica, irônica. Era como se zombasse de tudo e todos, mas que ao mesmo tempo possuía a pureza da raça.

E tudo parou para o meio dragão. Seu corpo caiu imóvel, uma casca vazia, apenas um organismo funcionando, sem nada para o que pensar ou sentir. Sua alma fora arrancada de seu corpo em um instante, puxada e armazenada em um dos pequenos ossos pendurados no colar de Ree. Mais uma pobre alma para sua coleção, destinada a ser escravizada e obedecer às suas ordens.

Outro estrondo forte, e desta vez a parede cedeu. Jester conseguiu escapar a tempo, e se aproximar de sua mestra. As pedras, no entanto, cobriram totalmente o corpo inerte de Bryan. Os sons e urros lá de fora ficaram mais altos, assim como o grito de quem ainda restava na arena. A abertura era enorme, e logo duas grandes figuras pararam em frente ela.

— É a garota! — Chamou a voz.

@Ree / Gin

Raven e Gin haviam encontrado a pequena Ree. Sorte talvez, mas já esperavam que ela estivesse próximo daonde a princesa também estava, que eram os assentos dos irmãos Dester. Gin desceu de sua montaria, Choudon, e correu até Ree, vendo seu estado.

— Poutz, cada vez que olho você tá pior! Vambora, tem duas largatixas gigantes lutando lá fora e não quero estar aqui quando a luta esquentar! — Não hesitou ao puxar Ree e colocá-la nas costas, mara logo correr devolta para Choudon.

— Mas...! — Foi muito rápido, e ao estado de Ree, levou um tempo para lembrar-se de Roswell. Porém, quando olhou para onde estaria seu corpo, viu apenas uma grande mancha de sangue e mais nada. O que havia acontecido?

— Mas nada, minha filha! Ainda temos que achar o Nym!


@Nym

A cabeça do youkai estava confusa. Oras, era um youkai! E do pior tipo, que somente faz o que interessa para ele. Só ele importava e nada mais! Só queria as riquezas que ali haviam, e descobrir as verdades. Era revoltante saber que estava ali, arriscando a própria vida, para salvar... outra vida! Na verdade sequer se importava com a princesa, ela foi a culpada por tudo aquilo, ela é apenas um peso morto!

— Isso, meu caro. Fuja, deixe a garota no chão e vá embora, provando ser o verme desprezível que és. — A voz veio da frente do youkai. Era uma voz masculina, grave, e com um notável tom de desprezo. Por reflexo Nym parou de correr, e avistou a forma que se aproximava.

Era Turker, um dos irmãos. Assim como Bryan suas pernas eram dracônicas e possuía uma longa cauda com espinhos, porém suas escamas eram vermelhas, coisa que se extendia por quase toda sua pele exceto no rosto e nas mãos. Em sua cabeça, fortes chifres curvados para trás, escuros, como se fizessem parte do cabelo preto desgrenhado que fazia Turker parecer ainda mais selvagem. Usava como roupa apenas trapos, envolvendo sua cintura.

— Quer ouro? Pode pegar o quanto quiser, será o youkai mais rico de Lodoss... Hah! E também o mais baixo. Para quê se importar com essa ralé que carrega nas costas? Você nunca se importou com ninguém! Não tente mudar isso, só vai ser pior para você quanto está sendo agora, seu lixo...

As palavras batiam forte em Nym, que as mastigava contra sua vontade. Contra sua vontade?

— Quem está fugindo!? —

O pequeno demônio se virou definitivamente para Turker, sua face estava novamente fria e indecifrável. Contudo seu olhar era fulminante, digno do ser maléfico que habitava seu interior. Ninguém lhe dava ordens. Ninguém lhe dizia o que fazer ou o que não fazer. Ninguém lhe insultava daquela forma e saia impune...

— Vejo que tem muitas opções para mim... Tão gentil de sua parte se preocupar tanto com... Lixo. — A ultima palavra saiu arrastada, regada com o desprezo da pronúncia; como se arrancada da garganta de Nym com muito esforço pelo youkai. — Tem razão. Não mudei, continuo sem me importar com ela. Mas também não irei largá-la. — Um breve sorriso se formava nos lábios de Nym, um sorriso tão maldoso como só um assassino poderia realizar. — Só pelo fato dela valer mais para você do que todo o ouro que me oferece! — Nym agora assumia uma faceta mais agressiva, cerrava seus olhos para o inimigo, mas não retirava sua mão do bolso nem largava a menina para demonstrar combate. — Não venha você me dizer o que devo ou não fazer! Lixo... Eu mereço!

Com essa ironia final, Nym se vira novamente para a saída e começa a caminhar até a mesma. Claro que não havia abaixado a guarda nem mesmo se descuidado um segundo. Seu inimigo era ardiloso e Nym tinha o que ele queria em mãos.

E logo, como num piscar de olhos, Turker estava à frente de Nym. Rápido demais, ou um truque? Os olhos do meio-dragão ardiam de empolgação, parecia se divertir em simplesmente mutilar o que via pela frente. Era completamente diferente dos dois irmãos que Nym havia encontrado. Estava cara a cara com um sádico, e sentiu isso na pele. Por um instante o youkai teve a sensação de medo, um terror percorrendo sua espinha, não deixando-o se mover. Era como encarar a própria morte.

Na mão direita de Turker, fogo negro começou a se formar, criando uma energia formidável que, só de vê-la, Nym sabia o quanto era poderosa. Aquilo o mataria em um único golpe, e de quebra até mesmo atingiria a garota em suas costas.

— Te dei a chance de fazer parte dessa família, meu caro... Mas agora pode entrar pra coleção de corpos lá fora!

Estranhamente, o golpe não veio. A expressão de Turker foi, aos poucos, substituída por uma neutra, e logo uma confusa. O fogo em sua mão se extinguiu enquanto ele passou a olhar para baixo. Seu corpo foi sendo coberto por hematomas profundos, cortes e feridas, simplesmente brotavam sem motivo aparente. Sangue começou a escorrer da cabeça do meio-dragão e de sua boca, e logo suas pernas não mais sustentavam seu peso. Em poucos segundos, Turker caiu no chão em meio ao seu próprio sangue.

Assim que o corpo caiu, Nym pôde ver quem estava atrás do meio-dragão. Era Roswell, porém agora sem qualquer ferimento aparente, apesar de suas roupas ainda estarem rasgadas em alguns pontos.

— Não vai querer estar aqui quando Fyren chegar. Vamos. Logo este lugar estará em ruínas.

Nym não pôde deixar de ficar surpreso. Não sabia o que aconteceu. Num instante o meio-dragão ficou coberto de ferimentos e caiu, enquanto Roswell apareceu intacto. O Youkai podia jurar que viu o estranho rapaz envolto em sangue momentos atrás.

Mas não podia pensar nisso agora. No momento, as paredes do corredor começaram a ruir. Roswell fitou Nym como se pedisse para segui-lo, e correu entre as pedras. O youkai o seguiu com facilidade, mesmo tendo a garota nas costas. Quando Nym se deu conta, estavam voltando para onde deixara Ree. Irônico.

@Gin / Ree

O trio estava preocupado, pois não encontrava Nym em lugar algum. Por um instante era fácil pensar que ele teria simplesmente fugido e deixado os outros para trás.

Ree estava segura, Choudon a segurava em um dos braços, os restos inanimados de Clock Bunny no colo da garota, que os abraçava. Seu estado era crítico, estava cada vez pior. Recebia todo dano causado aos seus servos, e aquilo não era excessão. Sentia, aos poucos, o sangue dentro do seu corpo tomar caminhos errados, vazar pelos seus órgãos. Não sobreviveria por muito tempo.

Quando o trio deu por si, avistaram Nym e Roswell correndo em sua direção, com a garota nas costas do youkai.

@Todos

— Amém! Já ia rezar pelas suas almas! — Zombou Gin, ocultando seu alívio.

— Gin! Me entregue o colar que o velho te deu, rápido! — Anunciou Roswell, e Gin levou um tempo para se lembrar do que aquilo se tratava. Nisso, tirou do bolso o colar que recebera na praia e atirou para o rapaz obscuro.

— Você sabe para quê serve?!

— Não, mas vamos descobrir!

Num movimento rápido, Roswell usou uma magia para lançar o colar como se fosse uma flecha na direção dos dragões. A luta não tinha perdido a intensidade por um segundo, e aqueles magníficos animais estavam cada vez mais sujos de sangue.

Foi quando o colar atingiu Chaser em cheio, e houve o que pareceu ser uma explosão de luz, que cegou o grupo por instantes. Um urro foi ouvido, e logo um grande estrondo. Quando se deram por si, Chaser estava caído sobre parte da arena destruída, e o dragão dourado o fitava, surpreso. Ele então bufou, logicamente exausto, e se aproximou do grupo. Estranhamente nenhum sentiu medo, somente Echee e Choudon, mas se manteram parados já que seus mestres também o fazia.

"Precisamos sair daqui depressa. Não tenho poder para enfrentar Fyren. Subam, antes que seja tarde...!"

A voz do dragão soou forte na mente de cada um, como se viesse delas. Ouviram então um urro de raiva vindo do corredor. Só poderia ser o último irmão, e não parecia feliz com o que viu lá dentro.

— Vambora, macacada! Não quero virar picadinho hoje! — Gritou Gin, e todos subiram nas costas do imenso dragão. Chaser não parecia gostar muito de altura, mas obedeceu seu mestre, segurando firme a pequena Ree.

Logo o dragão dourado ergueu vôo, levantando uma enorme nuvem de poeira que cobriu todo o estádio. Era possível ouvir sua poderosa respiração ofegante, e vários ferimentos pelo seu corpo eram visíveis. Mas mesmo assim o animal ganhava altitude com facilidade, era impressionante assistir.

Finalmente sairiam daquele inferno, daquele continente que proporcionou muitas dores ao grupo. Um companheiro fora perdido, mas ganharam um novo: Raven. Todos agora respiravam aliviados, uma vez que o dragão começou a voar em linha reta. Enfim, iriam para casa.

<Todos receberam 2000 exp pela aventura>
<Continua aqui: Link>

@ Zato

O que fez o garoto acordar fora o doloroso vento frio que tocou sua pele. A primeira coisa que fez fora sentir o seu ar voltar aos pulmões. Sentia seu corpo pesado e bem devagar abriu os olhos. Viu o chão branco e certificou que estava na neve. Provalmente tinha voltado para as Montanhas. Ainda estava totalmente molhado e por isso o frio desgraçado. Sua espada estava a poucos metros de sua mão, quase enterrada na neve.

Com cuidado levantou-se e se assustou com o que viu: Um imenso mar de cor verde, muito lindo e penetrante... Certamente não estava nas Montanhas. Olhou ao redor e viu que altas picos de neve se estendiam, contudo tinham características montanhosas. Ele reconhecia aquele lugar... Era o Shane, porém, totalmente mudado.

Virou-se então e teve mais uma surpresa, deu de cara com uma imensa quantidade de sangue logo a frente. Lembrou-se então da Hydra, ela não estava em lugar nenhum, que final ela teria recebido? Foi então que ouviu um rosnado e a mais ou menos cinco metros de distância de Zato, o corpo da Hydra caiu inerte fazendo o chão tremer. Estava todo arranhando e mutilado.

Receoso, olhou para cima e uma espécie de felino, com dois metros e meio de altura, totalmente branco, de olhos amarelados e calda com mais ou menos menos um metro e meio, cheia de escamas duras e resistentes, que faziam parecer um chicote, o olhava com ódio. Rosnava e aos poucos, começou a caminhar em direção a Zato.

Naquele momento, o clima instável do local fez iniciar uma poderosa chuva. Raios e trovões rasgavam o céu e o novo desafio de Zato estava presente. Ainda com tempo, percebeu que atrás desse monstro, havia um portão enorme e logo atrás um imenso e luxuoso castelo de Gelo. Com certeza o guardião do portal não suportava visitas.

Spoiler:

[ Tem sua espada de volta. A primeira ação é sua e seu HP recuperou 10% ~ Status: 50% de HP e 100% de MP ]

Aos poucos o jovem meio elfo foi acordando. Estava se sentindo estranho, era como se a pouco estivesse a ponto de morrer, e agora estava em "perfeito" estado, ao menos inteiro. Coçou a cabeça tentando descobrir o local onde estava, até que não demorou muito para reconhecer. Era Shane.

Olhou para sua espada, coberta na neve e sorriu. Agora tinha sua arma devolta, poderia voltar a lutar, porém tinha algo que o incomodava. Porque Shane? e como? Um continente tão estranho, que trazia tantas memórias. Foi quando finalmente se tocou.

A Hidra também estava ali. Tomou um susto e se levantou. Ela estava dilacerada, toda ensanguentada. O menino ficou pensando o que poderia deixar um monstro com aquela força no estado que se encontrava agora. Sua expressão mudou rapidamente.

Se levantou aterrorizado segurando firmemente sua arma. Olhou para frente e la estava. o castelo de gelo. talvez fosse aquele o castelo que procurava. Guardado por um imenso felino braco. Parecia ser forte, um guardião talvez?

Estalou o pescoço se espreguiçando, Não adiantava ficar mais criando teorias. Com a espada na mão andou aos poucos. Bem lento até se aproximar do castelo, Agora era esperar a reação do felino e se preparar para agira, não podia atacar o animal sem saber nada sobre ele antes.

@ Zato

O imenso felino rosnou furioso. Zato o tinha pertubado e com certeza ele não o deixaria sair dali. Não sem antes levar pelo menos uma parte do corpo do garoto, e isso não era uma proposta vantajosa para o Meio-elfo. A passos lentos o imenso animal avançava, como se estivesse se preparando para atacar no momento certo. Só que algo estranho começou a ocorrer.

Aos poucos a cauda escamada do monstro foi sumindo. Em seguida, suas patas traseiras, assim como seu corpo, começava a desaparecer sem motivo algum. O guerreiro não demorou a perceber que o animal de alguma forma estava ficando invisível. Só era possivel identificá-lo pelas pegadas e pelos pingos de chuva que não caiam na neve, devido ao imenso corpo do animal, "abrigá-los".

E então um vento forte bateu, levando neve para todos os lados e para se proteger, em uma ação de instinto, o Meio-Elfo levou as mãos ao rosto por segundos, e tamanho foi seu espanto ao perceber que as pegadas haviam sumido e o animal não estava na sua frente. E tão rapido quanto, um galopar furioso era ouvido pelos ouvidos elficos apurados.

Algo vinha por trás de Zato. E se aproximava rápido. Muito rápido.

O pior aconteceu, era meio obvio que o animal não queria deixar Zato entrar no castelo. Apesar do meio-elfo não estar tão ansioso por batalhar ele sabia que não tinha escolha. Ja estava metido demais nessa história e queria ir até o fim, estava curioso para saber o que iria acontecer. O que Belkior sabia e não quis contar para o garoto...

Não importava agora. O animal já avançava em direção a Zato, enfurecido e pronto para matá-lo. O garoto sabia disso e tinha certeza do que iria fazer. Ao menos até o Felino começar a desaparecer. Aos poucos foi se tornando invisível. Mas Zato podia ver suas pegadas e não iria hesitar a frente de qualquer combate.

-Não da pra ficar pior?-

Ironicamente dava. Num rapido momento Zato levou suas mãos ao rosto para proteger a vista do forte vento que batia. Quando as abaixou, a seqüência de pegadas tinha acabado, era como se o animal não estivesse mais ali.

Felizmente Zato conseguiu perceber a presença de seu oponente. Devia ter sido assim que a hidra morreu, sem poder vir de onde o ataque vinha ela não teve chances. O menino por sorte, tinha sua boa audição. Ouviu o som das patas afundando na neve e rapidamente mudou a posição de sua espada.

Segurou a arma de ponta-cabeça pelo cabo fincou-a na neve e enquanto puxava com a mão esquerda colocou a mão direita na parta plana e larga da lamina empurrando-a. Seu objetivo era claro, iria jogar a neve do chão no animal para poder enxergar onde iria desferir o golpe.

Foi muito rapido. Assim que lançou a neve ja ergueu sua espada segurando com as duas mãos e desceu ela verticalmente na direção do bicho. Um golpe certo desferido na cabeça podia ser letal.

@ Zato

O felino não parou, nem hesitou em nenhum momento e Zato fez o mesmo. Preparou-se e inteligente como era, primeiramente precisava localizar o inimigo. Para isso, arremessou uma boa quantidade de neve naquele imenso volume e conseguiu acertar o que pensava ser o pescoço do animal. Mesmo recebendo aquele ataque de neve, o monstro não parou e se chocou contra a espada do Meio-Elfo.

A decepção veio para Zato, que nenhum dano causou naquela imensa criatura. O rabo do felino, todo cheio de escamas resistentes, irrompeu na frente de sua face, lhe protegendo do pior e parando com uma facilidade extrema o ataque do garoto. Por alguns segundos, batalharam no quesito força, para saber quem levaria a melhor... E Zato perdeu.

Em um movimento veloz com a cauda, o felino chicoteou o braço de Zato, jogando o paro o lado. Na tentativa de se recuperar rápido para o combate, levou outro ataque e dessa vez mais perigoso. A cauda serpenteou no ar, e acertou a bochecha do garoto, rasgado a pele, deixando um corte em forma de X em seu rosto.

Contudo, Zato estava mais forte e agüentou a pancada no lugar, nem sequer arredou o pé na neve. Essa talvez pudesse ser a chance para atacar, já que o animal recuava a cauda, pensando em terminar com aquela luta rapidamente com uma boa mordida no corpo do Meio-Elfo.

[- 7% de HP pelo corte, que continua sangrando e doendo PRA CARAMBA. Status: 43% de HP e 100% de MP. Good Luck]

O felino acabava de provar ser mais forte e agil do que Zato. O menino não imaginava que teria que lidar com algo assim, e nenhum momento veio a sua cabeça que o animal usaria sua calda como escudo ou se aproveitaria tão bem de sua agilidade. Não era, definitivamente, um animal comum.

No momento em que levou o ataque não conseguiu pensar em mais nada. Sua meio veio ao rosto direto para cima do machucado. O meio-elfo deu um urro de dor e sentiu a adrenalina vir a tona. Seu sangue agora estava quente e corria muito mais rapido. Zato olhou para a mão ensangüentada. Sacudiu a cabeça e voltou com essa para o cabo da espada.

Percebeu um rapido recuo do animal. Essa era uma brecha, o garoto não tinha muito tempo para refletir sobre os riscos de suas ações. Tinha que atacar rapido, se movimentar seria o mais importante agora. O recuo da cauda abria um espaço pra Zato.

levou a espada parar trás com as duas mãos e investiu em uma estocada contra o Monstro. Sua espada era longa, talvez o suficiente para junto ao cumprimento de seu braço ficar com um alcance superior ao da cauda do felino. Investiu, rezando pra que sua matematica desse certo, e para que não recebesse mais um golpe como aquele.

@ Zato.

Assim que ergueu sua espada para atacar o animal, ouviu-se um rosnado. Pelo visto o felino não havia se interessado pela atitude do Meio-Elfo e vendo tal afronta, resolveu contra-atacar, só que dessa vez não fora bem sucedido, pelo menos no primeiro momento. A calda, apesar de vir com velocidade, vinha sem força por causa do recuo e apesar de bater contra a espada de Zato fora rebatida com certa facilidade para a lateral.

E por sorte desse pequeno impacto, o monstro não morreu. A espada saiu rasgando, fazendo um corte profundo que começou no rosto, passou pelo pescoço e terminou no ombro do imenso felino, que rugindo de ódio, avançou sem se importar com a espada, já que ela havia alcançado sua elongação máxima e não mais o iria ferir.

O impacto seguinte fez Zato voar longe. Fora uma forte cabeçada do felino que não deu chances de defesa para o garoto. A sua sorte foi ter amortecido metade do dano, por causa da neve que amorteceu sua queda. Mas não parou por ai. Tentou se levantar, mas uma pancada abrupta o impediu, e em seguida, uma dor tomou conta de seu corpo todo.

O sangue começou a escorrer da lateral do seu corpo e mais um ferimento entrava para a lista. Aos poucos o felino ia voltando a ficar visível e Zato entendia o ocorrido. A pata do ser estava em cima de seu peito e suas unhas cravadas na lateral de seu corpo, perto de suas costelas. Por sorte, a espada ainda estava em sua mão. O rabo já se erguia pronto pra chicoteá-lo... Precisava agir rápido.

[-3% de HP pela cabeçada e - 8% pela perfuração no seu corpo. Não é tão profundo. Status: 32% de HP ]