[Área] Treino de Soldados

O general meramente deu de ombros com a fidelidade demonstrada por Selenna. Caminhou até sua mesa e apanhou um pequeno embrulho enrolado num papel pardo. Desembrulhou o papel e guardou o que quer que fosse dentro de uma gaveta. Em seguida esticou o papel perto de uma tocha e começou a ler. Selenna não conseguiu ver nem o que estava escrito e nem do que o embrulho se tratava.

Depois de alguns instantes o general amassou novamente o papele jogou-no em sua lareira. Viu o papel tornar-se cinza em poucos instantes. O general, então, falou.

— Preciso de informações. Informações essas mais precisamente de um certo lugar. — Caminhava agora, seu rosto demonstrava que estava pensando rapidamente. A própria atmosfera do quarto parecia se condensar. — Preciso que você vá até Hilydrus e que lá consiga detalhes sobre as tabernas, sobre a capela, tudo que puder. Me traga o relatório dentro de uma semana. — O general parou e sentou-se à sua poltrona. — Se aceita, pode partir imediatamente. Mas saiba que não poderá divulgar essa informação com ninguém. Mandarei outro emissário mais tarde também.

Retirou-se dos aposentos do general. Este ficou alguns instantes parado olhando para a porta que acabara de ser fechada. Sorrindo disfarçadamente, voltou ao trabalho.

Selenna chegou até a porta de seu quarto só para ver que alguém já estava esperando-na. Chegando mais perto viu a meia altura do ser demoníaco Krior com os braços cruzados, encostado na parede. Deu um passo à frente.

— Bom, taí sua chance. — Krior sorria. — Pedi ao general para dar-lhe sua primeira missão. Considere isso como uma imensa honra, já que para se fazer alguma missão precisa ser de muita confiança dele. — Coçou o queixo e continuou — Se fizer isso de forma apropriada dará um passo importante pro seu objetivo, garanto-lhe... mas não vim aqui simplesmente para te parabenizar. Preciso que faça uma coisa por mim enquanto estiver em Hilydrus — Sua voz baixou a ponto de se tornar um sussuro. Olhou por cima do ombro. — Vamos conversar ali dentro. — Completou, apontando para o quarto de Selenna.

Era uma surpresa ver Krior, uma boa surpresa. Esperou que abrisse a porta do quarto 6, - Damas primeiro. -disse, e entrando logo a frente. Já lá dentro esperou que Krior fechasse a porta, para que tirasse o capuz negro e desprendesse os longos cabelos ruivos.

- Krior, que bom te ver novamente! - Abraçou-lhe com força e soltou-lhe rapidamente. - Então, o que quer que eu faça em Hilydrus?

Krior fechou a porta do quarto suavemente, olhando para ambos os lados do corredor. Quando virou-se se viu num mar de cabelos ruivos e volumosos.

Selenna saiu do abraço e percebeu que Krior estava, aparentemente, embaraçado. Era um demônio e, como tal, nunca havia recebido qualquer tipo de afeto. Prova disso é que olhava fixamente para o chão sem saber o que dizer. Deu uma leve chacoalhada com a cabeça e pareceu voltar a si. Lá fora, no campo de treinamento, gritos de dor ecoavam por todos os lados. Parecia mais um dia comum em Takaras.

— Então Selenna .. — Começou, ainda falando um pouco baixo do que o habitual. — .. Preciso que, em Hilydrus, você encontre um associado meu conhecido como Dio. Ele fica permbulando, normalmente, pelas tabernas de lá..não sei bem em qual. — Puxou uma cadeira e, com um aceno convidou Selenna a sentar-se também. — Enfim, o importante é que ele lhe indique uma passagem secreta para entrar na capela de Hilydrus. Rumores dizem que, um dia muito distante atrás, a capela já foi uma fortaleza que habitava diversos criminosos.. lá tem um certo artefato que preciso que apanhe para mim. — De dentro de seu bolso puxou um desenho de uma chave. Era daquelas que abriam portões duplos, cheia de desenhos indecifráveis. — Se conseguir fazer isso e fazer o relatório que o general lhe pediu ficarei imensamente agradecido.

Juntou as garras e cruzou as pernas, esperando que Selenna falasse. Parecia um tanto ansioso. A todo momento parecia dilatar suas narinas e a virar o ouvido em direção a porta, tentando captar alguma essência de que estivessem ouvindo-no.

Sentou-se e ouviu o que Krior tinha a disser, segurava o desenho que lhe dera e o observavá atentamente, era difícil disser se o ajudaria, para ela aquela era apenas mais uma chave, não havia porque se arriscar para captura-lá.

- Hmmm, Krior. - olhava em seus olhos, falava rapido e baixo assim como Krior que parecia querer esconder aquela cena. - Eu não posso me arriscar assim sem saber o que essa chave abre.- Se sentia mal por não aceitar logo de cara, mas era difícil ajuda-lo sem mais informações.

Krior olhou brevemente nos olhos de Selenna antes de continuar. Parecia avaliá-la. Por fim deu de ombros e sacudiu a cabeça. Ao longe, o som das batalhas e dos gritos horripilantes cessavam. Parecia que era próxima da hora do almoço.

— Obviamente, lhe darei uma breve explicação. — Apesar de suas palavras, Krior hesitava um pouco. Em sua própria mente não queria compartilar essa informação com muita gente, porém, era algo que precisava ser feito.

— Essa chave específica abre uma porta para o conhecimento. Mais precisamente, ela abre uma porta que dá acesso ao conhecimento de milênios acumulados em um único lugar.. — Seus olhos vermelhos pareciam dilatados. — .. é algo que eu venho querendo a tempos. — Deu uma pequena rosnada, talvez incosciente, mas demonstrando uma certa frustração. — Faria isso Selenna? — Perguntou ansiosamente.

Krior deu um pequeno aceno de cabeça, um pouco aliviado pela resposta dada pela demônia. Ficou um pouco desconcertado com a mão em seu ombro, como se aquele gesto de confiança incomodava-no. Logo em seguida levantou-se e colocou a mão na macaneta da porta.

— Obrigado por isso Selenna. — Disse Krior, sem olhar para a demônia. — Irei recompensá-la por isso, sou um demônio honesto. — Fez um grunido estranho, como se risse levemente. Saiu em seguida, sem nem mesmo olhar para trás.


[Selenna, pode postar direto na estrada, a não ser que queira explorar outros ambientes primeiro. Mas terá que postar na estrada de qualquer jeito, já que é caminho]

Cerrou os olhos. Não estava gostando disso, a sombra imitava perfeitamente seus movimentos, como um espelho. Teria de lutar contra si mesmo? Não tinha certeza, e lhe irritava o fato de nada ali fazer sentido.

Empunhou firme sua blade, e começou a atacar a sombra com golpes rápidos. Sua arma era de três lâminas, tinha certa vantagem contra uma espada curta, que em algum momento não conseguirá defender-se das três. Mesmo assim, estava atento a qualquer movimento incomum.

Kite dava golpes incessantes, jamais baixando a guarda, mesmo que não fosse necessário uma vez que a sombra repetia inteiramente seus movimentos. Não sabia quanto tempo se passava, nem conseguia prestar atenção se estava ou não ficando cansado. Afinal, aparentemente aquele não era seu corpo físico.

Por fim conseguiu desarmar o oponente e golpeá-lo, apesar de não sentir que estivesse cortando algo. Nisso a visibilidade ao redor de Kite ficou levemente melhor, e a sombra ficou num tom mais fraco. Agora que o inimigo estava desarmado, Kite aproveitou e golpeou-o, esperando que toda aquela névoa se dissipasse de vez.

Kite, fazendo somente mais alguns cortes, foi capaz de sumir com a sombra imitadora de movimentos. Somente alguns pequenos pedaços de carne de sombra restavam espalhados pelo chão. Vitorioso, Kite relaxou e olhou ao redor.

A névoa disspiva-se rapidamente. Enquanto Kite olhava iam surgindo pequnos morros ao horizonte e começava a enxergar uma espécie de chão. Agora que percebia, onde estava pisando era duro e rígido, assim como as ruas de Hilydrus. Esperou mais alguns segundos e teve a visão de tudo.

Estava em pé em uma plataforma acinzentada rodeado de escombros de prédios. Inclusive, onde estava era um prédio tombado de lado. Tinha pouco menos de 10 metros de diâmetro e acabava subitamente em uma descida. Caminhou rapidamente, olhando pela borda: somente água, esta ocupando toda a base de sua alma até onde podia enxergar. Olhando para a direita viu alguns morros e montanhas verdes, como se fossem montanhas no começo da primavera. O céu ali era diferente de onde estava. Era azul claro diferente de onde estava que permanecia acinzentado, como se quisesse chover. Virando a cabeça para a esquerda viu um céu preto, carregado e cheio de raios. Ali havia somente umas construções grotescas e árvores mortas.

Afinal, isso era sua alma?

— Olá, meu amigo. — Uma voz rouca falou atrás de KIte.

Deu um pequeno salto para poder se virar rapidamente. O que viu foi, novamente, uma sombra. Porém essa sombra tinha um forma que lembrava o próprio KIte. A mesma fisionomia, a mesma Blade na mão, até o mesmo chapéu e a forma como este fixava-se na cabeça.

— Curioso? — A voz era rouca mas Kite percebia uma certa frieza irônica ali.

Não esperava que acabasse ali, apenas com aquele inimigo fraco. Tinha certeza de que a verdadeira luta não seria algo tão simples como troca de golpes, teria algo mais. Foi quando a neblina se dissipou, e enfim pôde enxergar à sua volta.

Ficou surpreso, não esperava ver aquilo. Tão longe de si, montanhas verdejantes repletas de vida, o céu tão claro e limpo que anunciava um dia tranquilo, um lugar de paz. Em torno de si, escobros de construções destroçadas, inclusive um prédio tombado sob seus pés. Em torno de tudo isso, uma água profunda rodeava, infinita, pesada. Kite fitou o lado oposto das montanhas repletas de árvores e vida, e avistou um lugar vazio, morto, com árvores secas e uma terra árida. Nada além de grotescas construções, isso unido de um céu carregado de nuvens negras sobre sua cabeça, trovejando a todo momento.

Aquele era o maldito reflexo de sua própria alma conturbada. Kite cerrou os olhos, nervoso. Sabia que seria assim em parte, uma forma destruída do que poderia realmente ser. A simples verdade é de que deveria ser assim, carregar seus demônios para onde quer que fosse, criando então aquele mundo tão macabro e inóspito. Nao tinha outra maneira, deveria ser assim. Mas se pegou fitando para as montanhas aolonge, e por um instante imaginou como seria estar lá. Virou-se de repente ao ouvir uma voz, e fitou o ser. Encarava, praticamente, a si próprio.

— Não fico curioso com algo que já conheço. — Kite respondeu sem parar de encarar a sombra. — Era mais do que esperado.

A sombra olhou ao redor quando Kite respondeu.

— Já esperava por isso? Sim. — A sombra falava sem mexer a boca, porém a voz era carregada com a mesma frieza que Kite se utilizava ao falar com qualquer pessoa.

— Você é fraco Kite. Só olhe ao seu redor. — Levantou brevemente o braço esquerdo, mostrando o mundo. — Uma alma conturbada que nem sabe o que quer. — Agitou-se com a Blade de Sombra em sua mão. — Você, que tinha tanto potencial, nem sabe mais o que quer.

A sombra tomou impulso e foi em direção a Kite com a Blade empunhada. Kite, que já esperava por algo similar, defendeu-se do golpe e pulou para trás, quase atingindo a borda da plataforma onde estava.

— Eu sou todo o potencial que você tem, combinada com o rancor de anos de ser um filho bastardo que não sabe o que quer. Não desejo mais você como mestre.

Suas blades novamente se encontraram. A força foi tamanha, porém, que Kite voou. Girando no ar, viu uma outras plataforma de prédio tombado essa mais próxima da água. Caiu ali e olhou para cima. Sua sombra estava ali, na beira da outra plataforma.

— Inútil. — DIsse. Apesar de estar longe, sua voz era ouvida com clareza como se estivessem lado a lado.

A palavra "fraco" pesou em Kite. Mas sua reação foi ficar irritado com seu próprio tom de voz, que vinha daquela sombra imitando sua forma. Odiava aquelas palavras, mas admitia que não sabia mais o que fazer, e que havia desistido de quase tudo. Afinal, nada mais restara para ele, havia perdido tudo que tinha. Então o golpe da sombra veio.

Estava distraído, mas não o suficiente, e defendeu o golpe. Parou a certa distância da borda da plataforma onde estava. Ainda ouvia a sombra, e era patético. Estava sendo rejeitado por si próprio, tudo por causa dessa maldita idéia de que tudo já havia sido perdido.

Havia mesmo?

Lembrou-se então das montanhas ao longe, cheias de vida e com um céu limpo e tranquilo. Sua distração foi o suficiente para levar um golpe forte da sombra e ser jogado no ar, caindo sobre outro prédio tombado. Um rosto veio em sua mente. Primeiramente turvo, não lembrava-se direito, mas lembrava da sensação. Cerrou o punho, apertando a blade em mãos.

— Não vou perder de você. Feh, meu potencial? Tem sorte de já ter alguma vantagem então. — Saltou na direção da sombra, a golpeando, voltando à plataforma de origem. Estava atento a qualquer movimento, e conhecia todos, já que eram os seus próprios. Não iria perder.

A sombra soltou uma risada breve e fria, idêntica à sua. Ficou olhando para Kite enquanto este pensava.

— Sei o que está pensando. Somos, afinal, o mesmo ser. — Sorriu quando Kite saltou em sua direção. Defendendo o golpe inicial, pulou para trás com um meio sorriso em seu rosto de sombra. Só se percebia que estava sorrindo por uma elevação nas sombras na região onde a boca de Kite seria.

— Quase desistindo.. novamente. Perdi as contas do quanto já fez isso. — Kite começava a golpear sua sombra. Esta foi se defendendo de todos os golpes com facilidade. Afinal, os golpes eram conhecidos.

— Pelo menos lembrou pelo que está lutando, apesar de isso não fazer diferença nenhuma aqui. — Falou com um tom sério. — Não muda o fato de ser fraco e indigno, bastardo.

Os golpes e defesas aumentavam de velocidade a medida que a luta avançava. A força aplicada por ambos era tamanha que o prédio tombado a seus pés começava a rachar mais ainda. Estavam lutando de igual para igual. Faíscas voavam da Blade de Kite cada vez q suas armas se encontravam.

MInutos se passaram e Kite começou a sentir que alguma coisa estava errada. Sua sombra ainda lutava da mesma maneira, porém a força e a velocidade que ela aplicava era superior, ou talvez Kite tivesse se cansando. O fato era que sua imagem estava dominando-o.

— O que foi Mestre? Pensou que nossas forças seriam iguais? — Riu. — Lembre-se, eu sou tudo que você não consegue tornar-se.

A sombra sumiu. Kite sabia que esta tinha se teletransportado. Sabia onde esta estaria, atrás de si. Rapidamente virou-se, já atacando com sua blade. Realmente sua Sombra estava ali. Kite golpeou-a verticalmente no peito. Por um momento pensou que estava terminado. Foi quando percebeu que onde tinha cortado era nada mais que uma imagem, uma ilusão. Sentiu mais do que viu que sua sombra estava ao seu lado, pronto para dar um golpe fatal.

Por reflexo pulou para onde o nariz apontava. Sentiu as três blades cortarem seu peito e se arrastarem até seu braço esquerdo. Felizmente era um corte somente um pouco mais que superficial. Filetes de sangue escorreram no mesmo instante. Girou no ar e caiu com um joelho no chão.

— Tolo, não pense que sou igual a você. — Disse, parado onde estava a alguns metros de KIte. — Não poderá me derrotar. Ora, nem poderá me acertar se pensar que pode prever os golpes. — Pingos de sangue caíam da Blade de Sombra.

Novamente a Sombra teletransportou-se. Apareceu ao seu lado com um golpe de Blade que Kite defendeu, levantando-se. Retomaram a feroz briga de ataque e defesa.

A sombra defendia todos os golpes de Kite facilmente, e isso irritava-o. Mais do que isso, as palavras do inimigo eram pesadas e fortes, diziam a verdade apesar de Kite não querer ouvi-las. Apesar de negar para si mesmo tudo aquilo, acabava sendo prejudicado na luta. Inicialmente seus golpes eram precisos, as lâminas se chocavam com violência e aquele mundo dentro de sua alma chegava a rachar. No entanto, a certo ponto, a sombra parecia muito mais superior que Kite em força e agilidade.

Como era possível? Eram praticamente a mesma coisa... ou não. A risada do inimigo e seu comentário sádico fez o príncipe cerrar o punho e assistir a sombra se teleportar. Já virou-se para atacar onde ela apareceria, conhecia os truques, e golpeou em cheio.

— O que... — Não teve tempo para falar, com o canto do olho notou a sombra e desviou-se no último momento, esquivando-se de um golpe que poderia ser fatal. Recebeu três cortes superficiais no peito, mas o suficiente para sangrarem.

Aquilo estava ficando pior a cada momento. Não estava em sua própria alma? Como poderia ser ferido, e sangrar, se aquele nem sequer era seu corpo físico? Mais do que isso, fora golpeado por si próprio, e isso não fazia qualquer sentido.

Errado.

Tinha que fazer sentido. Kite só precisava clarear seus pensamentos, manter sua mente limpa e livre de paredes que o impediam de ver além. Era difícil, afinal sua vida toda manteve estes muros o mais alto possível, jamais vacilando. Tinha que parar de não querer ver o que estava na sua frente... E tentaria muito.

— Tsc... Se não posso prever, então é só mais um inimigo qualquer. — A troca de golpes recomeçou. Desta vez, Kite tentava concentrar-se não somente nos golpes que aplicava, mas nas paredes de seu próprio mundo que o prendiam. Desta forma, analizava a sombra como se fosse outra pessoa, imaginando qualquer outro golpe possível, deixando de limitar-se ao que ele mesmo fazia. Não iria usar suas habilidades, não seriam úteis, e não queria deixar aquilo ir além de uma medida de forças... Comparava sua própria vontade, ainda oscilante, ainda pendendo para a desistência, mas com uma pequena centelha que possui chances de acender-se.

A troca de golpes, surpreendentemente, era mais intensa. Sua sombra era mais forte, isso era claro, mas agora não se limitava a tentar defender-se dos golpes já conhecidos e começou a encará-lo como um inimigo que não conhecia. A defesa e o ataque fluíam de forma mais eficiente, tanto é que seu inimigo começou a ter mais dificuldade. A força de Kite voltou e este começou a gostar da luta.

— Sim, muito bem. Algo mudou. — Falou, enquanto lutavam. Olhava em volta, curioso. Como se percebesse uma mudança no ambiente. Kite, olhando de relance, não conseguia ver nada de diferente.

— Talvez ainda haja esparança para você. — Disse, dando um golpe mais forte, fazendo Kite arrastar os pés alguns metros para trás. — Você não vê, mas estou percebendo uma mudança em seu interior. O clima está amenizando e o ambiente tornando-se menos hostil.

Teleportou-se para frente de Kite, continuando com os golpes. — Aqui era magnífico um dia. — Começou, sem pausa nos golpes. — Um vasto campo rodeava todo esse lugar. Um céu carregado de nuvens mostravam sua indecisão para com Hilydrus e Takaras. Era pesado mas era perfeitamente misturado. Com o tempo os climas foram se separando, formando esses três lugares distintos dentro de sua alma. Por isso você está em constante conflito consigo mesmo. — Parecia desabafar. Falou tudo com um pouco de pesar ou, talvez, Kite sentisse dentro de si todas as palavras que eram ditas. — Porém, tenho esperança. Um novo ar entrou aqui, algo que não entrava fazia anos. Tenho esperança.. — Repetiu, mais baixo.

Subitamente sentiu uma dor latente. Olhando para baixo viu uma espada atrevassada no peito. A mesma que tinha perfurado-no anteriormente e que tinha feito-no entrar nesse mundo em primeiro lugar. Olhou para sua sombra, que tinha parado de lutar.

— Não fraqueje Kite. Não gostaria que tivesse que matar meu próprio mestre.

Tudo ficou preto. Seu mundo interior sumiu e Kite mergulhou no limbo. Não sabia o que era realidade, nem onde estava. Sabia somente que estava flutuando em sabe se lá o que. Cada segundo que passava parecia uma eternidade. Uma eternidade sofrida, já que sentia dor. Dor, mais precisamente no lado direito.

Abriu os olhos. Sabia onde estava: no campo de treinamento de Takaras. Sentou-se, surpreso. A primeira coisa que viu foi um braço direito onde, anteriormente, não tinha nada. Era igual ao seu braço antes de ser cortado com uma diferença: tinha um tom acinzentado. Apesar disso conseguia mexer seus dedos normalmente, juntamente com todas as articulações. Olhou em volta.

Hanor estava sentado no chão, acariciando sua espada.

— Oh, Kite. Meu príncipe preferido. — Disse com ironia, levantando-se. — Finalmente resolveu seus problemas. Pois bem, vou explicar. — Sua espada sumiu.

— Para que eu conseguisse repor ser braço precisei que você resolvesse seus próprios conflitos. Tinha algo impedindo que eu pudesse fazer a operação. Percebi que esse algo era seu próprio poder, sua alma. Mas, tudo resolvido!! — Falou alto, batendo as palmas. — Boa sorte com esse braço.

Foi caminhando para o canto da sala. Parou subitamente. — Ah, esse braço veio com um preço. — Disse, virando sua cabeça um pouco. — Você descobrirá em breve. Adeus, por enquanto. — Caminhou até o canto da sala, onde sumiu na escuridão. Kite estava sentado em uma das pedras daquele quarto estranho de campo de treinamento. NInguém estava à vista.


<Recebe 500 de EXP pela história, lutas e bom Posts. Seu braço foi recuperado, igual como era antes. A diferença, como já dito, é que este agora é cinza, fazendo contraste com seu corpo. Terá mais coisas mas, por enquanto, só isso. Além de tudo está com 5% de HP e nenhum MP.>

A troca de golpes fluía de forma mais equilibrada, Kite conseguia ser mais eficiente nos seus golpes, tudo isso por tomar consciência de que deveria arriscar mais e expandir seus limites.

A sombra agora falava muito, revelando as mudanças que passaram a acontecer. De início, Kite não via sentido naquelas palavras que pareciam mais um desabafo, um lamento de si mesmo. Mas logo voltou às lembranças de como pensava e agia, como tivera uma infância sofrida que o marcou para sempre. Nunca teve a pura inocência de uma criança comum, sempre carregava fardos pesados, e em momento algum de sua vida pôde ter o que se chama de um momento tranquilo e calmo. Mas quando se deu conta, havia sim tido algo parecido. Não em um lugar, não em uma situação, mas com uma certa pessoa a qual havia feito uma promessa.

As muralhas em volta de si desmoronaram. "Tenho esperança". As palavras da sombra eram as mesmas de Kite e ambos sentiam a mesma sensação. Uma palavra que havia esquecido o seu significado, que agora fazia sentido.

Então sentiu uma dor latejante em seu peito. A mesma cena se repitiu: olhou para baixo e viu a ponta de uma espada atravessando sua carne, a mesma sensação de que morreria. Mas de alguma forma não sentiu medo, e tudo tornou-se um breu total novamente. A dor continuava, sentia seu sangue correr dolorosamente pelas veias para vazar pelos cortes da espada, era como se tudo isso durasse séculos. Então acordou assustado.

Estava deitado e sentou-se num instante, ofegando. Estava fraco, sentia que iria desabar a qualquer momento, mas não sentia dor. Levou a mão ao peito, e o ferimento que ali havia estava curado... foi então que notou que novamente tinha um braço direito, se levantando surpreso. A cor da pele era levemente acizentada, mas fora isso era como um braço normal. Mecheu os dedos, moveu o pulso. O membro estava em perfeita condição, como se nunca tivesse sido arrancado. Então avistou o necromago a alguns metros, e notou que estavam em uma das barracas do campo de treinamento.

Não teve vontade de matar Hanor, mesmo com o irritante tom cínico de sua fala. De alguma forma, estava grato, pois conseguira seu braço e havia derrubado as paredes dentro de si. Quando o necromago desapareceu, Kite ficou pensativo. Havia mesmo valido a pena passar por tudo aquilo para ter o braço devolta? Havia desistido de tudo porque, de fato, não havia nada pelo que lutar. Mas aquela experiência o fez novamente ter esperança, algo que esquecera a existência.

Olhou à sua volta, à procura de qualquer tipo de pano que fosse. Quando encontrou, rasgou em tiras e enrolou sobre o braço acizentado para ocultar sua cor. Saiu então da barraca, olhando em volta. Reconheceu onde estava, e lembrara de onde deixara seu cavalo. Kite estava fraco, mas tinha forças suficientes para andar. O sangue em sua roupa já estava seco, não chamaria tanta atenção. Ignorou os demônios que o encaravam, montou em seu cavalo e o pôs a galope em direção ao castelo.

Um rapaz com uma aparencia que aparentemente jamais fosse vista passando por ali, ou pelo menos nao vivo, chega em Takaras em meio ao silencio, mesmo com um mapa, o rapaz nao sabia usa-lo muito bem e seguio seu cominho atravez de seus instintos.
Ao andar bastante observou um portao familiar na qual se descrevia com a explicação que recebeu antes de ser mandado para ca.
Sem hesitar, Tenkai continuo seu caminho ate chegar ao local a qual tinha avistado, e foi adentrando procurando pelo por alguem que informa-se aonde se encontrava algum oficial para informa sobre seu ingresso em Takaras.

Tenkai ao entrar no salão, mesmo não movimentando nem as palpebras de seus olhos, sua visão periferica percebia todos os olhares voltado somente a ele. O mesmo notou expressoes furiosas e outras preocupantes, mas ele apenas ignorou todos ao recinto, com exeção de um que veio ao seu encontro. Com uma aparencia bastante curiosa, e escutando aquela voz que soava familar, Tenkai que nao movia sua cabeça e nem seus olhos para canto nenhum, moveu sua pupila vitando os olhos do demonio que acabará de lhe fazer uma pergunta e logo respondeu a pergunta.

— Fui mandado para vir ate aqui.

Sem mencionar mais nenhuma palavra, Tenkai se questionava por que sempre o chamavam de "Elfo", mesmo Ako mostrando o passado por causa de sua amnesia, algumas coisas ficaram sem resposta ate hoje. Mas sua expressao continuava firme com o mesmo olhar atento de quando chegou ao recinto.

O demônio de pelagem avermelhada sorriu com a resposta de Tenkai. Olhou para trás, mirando seus companheiros que lhe devolveram o sorriso. Algumas criaturas continuavam sua perambulação, tomando o elfo de louco. Muitos, porém, continuavam atentos no que iria acontecer.

— A sim, pois alguém te mandou aqui.. — O demônio sorria. Pelo tom que estava usando parecia que estava se divertindo com a situação. — ..e posso perguntar quem procuras, ó nobre elfo de terras distantes? — Seus companheiros agora riam abertamente. Os mesmos começavam a aproximar-se de Tenkai. Seus olhares brilhavam com a perspectiva de uma boa briga.
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Off¹: Olá. Peço que fique atento aos erros ortográficos. Muitas vezes isso estraga um bom post. Bom jogo ;D

Tenkai com sua audição apurada de um elfo habilidoso, ouvia cada gargalhada, cada comentario feito, mas ele não ligava para o que até então todos conhecem como humilhação, afinal Tenkai nao conhecia isso pois sempre estava em treinamento particular com o general na qual tinha profundo interesse nele e o mandou para Takaras, suas intenções verdadeiras ainda eram desconhecidas, so se sabe que a ultima frase feita pelo general ao elfo foi.
"O verdadeiro treinamento irá começar após voce chegar em Takaras"

Então logo notou que que alguns começavam a sair de onde estavam e foram se aproximando. O comentario do demônio de pelagem avermelhada não fazia sentido para ele, e por conta disso ele ficou em duvida do que responder, mas voltou a falar.

— Não conheço nenhum elfo perdido, muito menos tenho interesse em qualquer um que seja, vim de terras distantes para continua meu treinamento e poder ir atrás de meu objetivo, e se isso for necessario eu ter que derramar mais sangue, não irei hesitar nenhum segundo.

Tenkai ainda muito tranquilo, não tirava os olhos daquele ser avermelhado na qual parecia patetico ao ficar enrolando algo tão simples.