Ilhas Gêmeas

Surpreendeu-se com o abraço, mas não deixou aparentar. A única pessoa que o abraçara na vida fora sua irmã, e eram gestos breves. Esse, sem dúvida, era diferente. Quente, forte, e que valia mais do que palavras. Kite demorou um bom tempo para retribuir o abraço, pensando em como o fazer, e hesitante enlaçou a cintura de Shaorin, a abraçando forte.

Respirou fundo devagar. Nunca havia notado que aquela sensação poderia ser tão boa, havia algo que não sabia o que era mas estava transbordando. Desconhecia aquilo, mas era bom. Queria continuar a abraçando por muito, muito tempo. Mas era realista, aquilo não duraria muito. Apenas queria fazê-lo mais vezes.

Não queria cessar o abraço, mas o fez. Olhava Shaorin enquanto ela falava, sentindo dor em suas palavras. O motivo não sabia. Quando ela lhe estendeu a mão, Kite segurou-a gentilmente como se fosse beijá-la. Era difícil notar seu olhar por entre os fios de cabelo, mas era certamente de angústia.

— O que eu faço para você ter um motivo para voltar? — Perguntou num tom baixo. Temia que não houvesse resposta.

Não se moveu, sua mão ficou ainda suspensa mesmo após Shaorin tê-la soltado. Apesar disso Kite não estava surpreso, e não sabia definir sua expressão ou o que sentia. Quando a garota se distanciou, fechou o punho e baixou-o. Queria tentar não pensar em nada por enquanto, apenas no que faria dali pra frente. Aquele dia que deveria ser apenas mais um deu-lhe alguns objetivos a cumprir.

Não queria ver Shaorni partir, por isso virou-se de costas para ela e para a trilha que deveria seguir. Respirou fundo. Se ela realmente não fosse voltar, ao menos havia deixado sua marca. Ela precisava voltar. Mas Kite não a impediria de ir embora.

Esperou por um longo tempo, horas depois do sol ter se posto. Mesmo assim, a garota não voltou. Nesse tempo repassava tudo que acontecera, além de relembrar o que não queria. A guerra, os resultados, consequências desastrosas e os segredos por trás dela. Os trabalhos que precisava fazer, as pessoas que conhecia, quem poderia oferecer ajuda, como conseguiria recuperar seu braço; mas para esse último, apenas faltava motivo. Não tinha porquê recuperá-lo e não tinha vontade.

Suspirou por fim, e caminhou até seu cavalo. Viu que o animal que dera a Shaorin ainda estava ali, e em seu pescoço um lenço azul que reconheceu na hora. O pegou em mão, incrédulo, e deu um sorriso de canto. Encontrara sua motivação por fim.

Tirou a cela do cavalo branco, os arreios, e deixou-os na sombra de um coqueiro, e deixou o animal livre por ali. A ilhas eram tranquilas, tinham vegetação em boa quantidade e um clima agradável, fora as duas nascentes deonde água cristalina fluía. O animal ficaria muito bem lá por enquanto.

Então Kite montou em seu próprio cavalo. Tinha coisas a acertar em Takaras, e não tinha medo das consequências, sabia que faria o certo e partiu da ilha para aquelas terras.

Venho dos Topicos:
Praia
Rancho Fireball

O rancor em Sérpico proporcionava uma caminhada pouco tranquila pela floresta. A trilha, que entrava um pouco pela floresta, era encoberta pelas árvores, deixando-no com uma claridade um pouco pior. Motivo suficiente para Sérpico suspeitar e olhar cada vez mais para trás e para os lados. Tinha uma crescente sensação de urgência, apesar de nada cultivar esse sentimento. Tanto que andava mais rápido que o habitual.

Continuou pelo caminho, mesmo com um pouco de receio. Qualquer barulho já alarmava Sérpico, que olhava assustado para a fonte deste até perceber que era um pequeno animal ou galhos caindo de árvores. Foi andando. Em pouco tempo contornava a ilha, ficando na face Norte do terreno. Foi quando começou a ouvir vozes altas. Estavam distantes, porém o silêncio carregava o som até ele. Parecia haver alguma discussão mais à frente. Continuou, agora com bastante furtividade.

Ia chegando perto. O sotaque de todas as vozes era diferenciado, sabia que algumas pessoas não seriam de Lodoss. Foi quando chegou numa clareira. Agachou-se atrás de uma árvore rapidamente para ninguém perceber que havia mais alguém ali. Olhou, escondido, para a cena que se desenrolava.

Havia uma pequena casa de madeira, exatamente onde a trilha que estava acabava. A madeira era amarrada e cortada dos troncos das árvores da ilha. A casa mesclava-se muito bem com a natureza à sua volta. Grandes janelas permitiam ver o interior dela. Ficou mais impressionado, porém, com as quatro pessoas ao lado de fora da casa: três estavam vestidas de forma muita estranha. Casacões cheias de utensílios, calças rasgadas com bolsos remendados e rasgados, pistolas de pólvora, bússulas e outras coisas mais. Os três estavam com espadas curvas que pareciam velhas, porém muito afiadas, sacadas. Usavam chapéus estranhos ou, no caso de um deles, um pano enrolado na cabeça. Eram, claramente, piratas. O outro, sem ser pirata, era um homem de meia idade com corpo forte. Era morena, mas talvez fosse por ter tomado tanto sol, por tanto tempo. Usava uma calça preta com uma camiseta branca e empunhava um bastão de madeira na mão. Aquele devia ser Kai.

— Cê tem que sair daqui e logo! — Disse um dos piratas. — Não podemos ter intrusos nas nossas ilhas, não é mesmo garotos? — Os outros dois concordaram, sorrindo horrendamente. — Se não for por bem.. — Deu um passo a frente. — ..Teremos que te matar. Acho que não vai ser tão legal pra você, não é mesmo garotos? — Disse novamente. Os outros concordaram e sorriram. Sérpico observou que Kai estava calmo. Parecia avaliar a situação em silêncio.

— Pois bem marujos. — Kai, por fim, falou. Sua voz era profunda e séria. Poderia até falar baixo que Sérpico iria ouvi-lo claramente de onde estava. — Não pretendo sair. Acho que deviam tentar me matar.

Dito isso os piratas avançaram aos berros. Kai lutava muito bem. Conseguia bloquear as investidas dos piratas com seu bastão. Ele acompanhava o movimento dos piratas para amenizar o corte da espada na madeira e tiraa o corpo. Ele só não conseguia atacar por ter tantos adversários. Estava em clara desvantagem, mesmo conhecendo o adversário.

Sérpico teleportou-se com precisão, caindo em cima de um dos piratas.

De súbito todos que ainda estavam em pé pularam para trás, surpresos. Foi uma aparição repentina, algo que ninguém esperava. Sérpico, com rapidez, puxou a pistola do pirata. Era pesada. Segurou firme e pressionou-a na cabeça do pirata que estava ao chão.

Os outros pararam, olhando para ele sem expressão alguma nos rostos. Kai, saindo do transe que todos estavam, utilizou seu bastão para desarmar os piratas restantes facilmente.

— Saiam daqui e não voltem. — Disse Kai, apontando o bastão para um dos piratas. Estes, com olhares furiosos para Sérpico, viraram e correram. O pirata que estava prensando no chão empurrou Sérpico e foi-se atrás dos companheiros, deixando sua pistola para trás. Kai abaixou o bastão, andando em direção a Sérpico e ajudando-no a levantar.

— Obrigado garoto. — Disse, estendendo a mão. — Mas deixe-me perguntar.. quem é você? O que faz por essas partes esquecidas?

Off: Só curiosidade, a arma de fogo ficou comigo, ou o Kai a pegou, ou o pirata o fez quando me derrubou? Não faço questão da arma, ate por que estou me dando bem com um personagem “sem capacidades”, mas, seria bem util...

Off: Está com você. Arma simples de pólvora. Tem somente um tiro (piratas são meio pobres)

Kai apanhou a carta. Abriu-na e começou a ler, sem olhar para Sérpico. Em seguida abriu um sorriso cansado, soltando uma baforada. Parecia que estava levemente entediado. Amassou a carta e colocou as mãos sobre a mesa, entralaçando seus dedos. Só entao olhou para o garoto.

— Tá, calma rapaz! — Disse. — O rastro pela clareira fui eu mesmo que fiz, simplesmente para ter uma rota onde caçar. Agora as outras clareiras eu não sei. Talvez sejam os piratas. — Ficou um pouco pensativo antes de continuar. — Olha, por enquanto eu recomendo que cumpa sua missão e depois volte.. não adianta relatar para as autoridades. Os piratas são seres muito furtivos e simplesmente fugiriam com a aproximação de soldados. Vá, entregue as cartas e depois volte com mais pessoas para explorar isso.

Off: Ok. Devo postar atualização na minha ficha?

Off: Sim.

Kai levantou-se junto com Sérpico, acompanhando-o junto à saída. Respondeu ao obrigado de Sérpico com um aceno de cabeça e um leve sorriso. Quando o garoto falou dos piratas foi que Kai falou.

— Pois não se preocupe com esse velho marinheiro. Sei me cuidar. — Olhou brevemente para suas armas nas prateleiras. — Se está tão preocupado comigo volte e traga amigos para expulsar esses piratas da ilha. Adeus.

Esperou Sérpico começar a andar para fechar a porta. Sérpico foi caminhando por onde tinha voltado, sem problemas. Agora já conhecia a trilha e, em pouco tempo, já estava na passagem aquática que dava para a praia de Ruff. A noite já tinha caído nessa hora e muitas luzes iluminavam o chão de Ruff. Uma imensa construção branca denunciava a Estalagem e um caminho sinuoso para o Norte de Ruff era onde a estrada para Hilydrus e Calm estava. Tudo estava calmo, sem nem mesmo uma brisa mais fria para deixá-lo mais a vontade.

@Todos

De volta às ilhas gêmeas. Para Sérpico parecia muito menos ameaçador agora do que da primeira vez que pisou na orla dessa floresta. Talvez por ter passado por tanta coisa após isso ou talvez, simplesmente, por estar junto de amigos. Atravessaram o banco de areia, apesar da densidade da escuridão em volta das ilhas. Saíram, finalmente, na ilha da direita.

Uma sensação de crescente ansiedade tomou conta dos aventureiros. Todos sabiam que a ação iria começar muito antes de chegaram à casa de Kai. Estava mais escuro nessa parte de Ruff que em qualquer outra.. mais silenciosa também. Nenhum pio de animal era ouvido por muitos metros. Nem mesmo Tenkai conseguia captar algum som. Tudo estava em silêncio e as nuvens acima, carregadas.

O caminho da orla da praia era visível por muitas léguas. Mesmo em semi-escuridão o grupo ficaria bem exposto pra qualquer coisa que caminhasse ali perto. O caminho pela mata à dentro era desconhecido para Sérpico, já que quando encaminhou-se para a casa de Kai ele tomou uma rota pela orla. Talvez fosse mais rápido pela floresta se não se perdessem. Por onde iriam?

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Off: Decidam-se ;D

Tenkai se depara em uma duvida de caminhos com seu companheiro. Visto que a floresta estava em uma penumbra muito grande e o silencio era a unica coisa sendo emitida naquele momento, o elfo deu a palavra entao.

— Acho melhor irmos pela orla, o que voces acham? A floresta esta um tanto sinistra em seu subto silencio.

Tenkai espera a reação dos demais.

oFF - Gold, Serpico, Green... Vejam a pm que envia a voces.