[Península de Ruff] Piratas!

Gin está sentado numa mesa redonda, com inúmeros olhos avaliando-no enquanto contava sua fábula. Poucos acreditavam, já que aquela taberna era uma das quais chegavam mais bêbados do que devidos forasteiros com histórias para contar. Mas tamanha era a convicção do garoto que, mesmo os que não acreditavam, estavam com as orelhas apuradas para qualquer detalhe.

— Estou dizendo! — Disse, batendo a palma da mão em cima da mesa e fazendo um dos copos de cerveja tombar. — Opa, desculpe.. Mas então! Eu vi! Tenho certeza que vi um navio de pirata ir para uma das ilhas em volta de Ruff. O que eles fazem lá, só nossos Deuses sabem.

Pegou um pedaço de queijo de um de seus espectadores e matou sua cerveja.

— Pois então! Eu sei quem são! São os mesmos piratas que roubaram a corte Real de um continente a muitas léguas do nosso. Será que vieram para cá esconder seu precioso tesouro?

Algumas risadas eram ouvidas, porém todos sem dúvida estavam curiosos com aquilo. Afinal, um tesouro precioso de outro continente? Era uma terrível tentação.

Gin somente continuava tomando sua cerveja, acompanhando a reação das pessoas ao seu redor.

Zato não era de beber, pra falar a verdade bebeu umas 10 vezes na vida no maximo, Não era por achar errado, achava perfeitamente normal, era simplesmente por achar o gosto ruim. Durante um tempinho ele ouviu a história de Gin e deu ligeiras risadas, não porque achava engrassada ou desacraditava, muito pelo contrario, ele estava querendo saber o que realmente era. -Sabe, pode até parecer estranho mas eu acredito em você colega- Disse o Jovem sentado em sua caderia num mesa não muito distante de onde se encontrava Gin.

-Eu mesmo ja ví piratas aqui, entrei no navio de um deles, fui prisioneiro, tripulante. Os caras são maus mesmo.- Disse Zato olhando fixamente para Gin com uma certa expreção de monotonia. Foi a uns 2 anos atrás, um bom tmepo antes da grande guerra, mas Zato se lembrava de quase tudo. -Fui nocauteado e capturado, o nome do capitão? Não me lembro mas acho que era Flint, ou algo do genero- Zato deu um longo suspiro enquanto falava -Fugi, sem levar uma moeda sequer do tesouro deles.-

O garoto se levantou e aproximou-se da mesa ja mudando sua expressão para uma cara mais sorridente. - não me lembro da bandeira do navio, mas garanto a vocês que caso aquele capitão volte com sua tripulação monstros, definitivamente teremos um grande problema. São todos marujos fortes, e sua tripulação varia de humanos até lobsomens e demonios, acho que ninguem gostaria de arriscar a cabeça lá, não é?-

Descia as escadas da taberna com as mãos nas temporas, e de péssimo humor. Com um parco dinheiro que havia conseguido, ela pensou ter uma boa noite de sono numa cama de fato, quente e macia. Mas o máximo que conseguiu foi ouvir toda uma algazarra do andar debaixo, que não permitiam que a garota descansasse.

Parou no meio das escadas, quando captou uma conversa de fato, e não apenas bêbados se xingando ou falando alto. Desceu até o último degrau, apoiando-se no corrimão. C.B em seus pés, farejando e rindo.

Piratas? Vamos, seja mais original, não é algo assim tão espantoso!

Passou por algum bêbado jogado no chão, pisando propositalmente em cima dele, dando um pulinho para voltar ao chão. Clock Bunny já havia saltado para a mesa, em frente a Cobernick, rindo, e repetindo palavras da frase de Ree. A conversa continuou, e ela parecia cética quanto a história, mas havia sido o suficiente para prender sua atenção. Ela deu uma risada quando ouviu a última frase de Zato.

Huhuhu, seria um lugar interessante para uma colheita.... - A frase fazia mais sentido para ela, por conta de seu hábito de colecionar almas. Clock Bunny assustou um bêbado que teimava em cutucá-lo e encher-le a paciencia, fazendo ele cair da cadeira. Ree imediatamente tomou conta do lugar, sentando-se elegantemente naquela zona, juntando-se a Cobernick e Zato.

A quanto tempo foi isso rapaz? Para que direção iam?

Zato se manteve passivo enquanto todos falavam sobre os piratas, a tempos não se reunia naquela taberna para conversar com outras pessoas, era bem sociavel, mas ao mesmo tempo estranhava as pessoas com quem estava. A garota do coelho parecia ser muito estranha mesmo. e na hora que ela mencionou fazer uma "colheita" Zato moveu o banco um pouco mais para o lado, se afastando alguns centimetros dela.

A conversa continuou, aos olhos de Zato todos pareciam entretidos nas histórias contadas. Mas no momento exato em que Cobernick citou o nome Zato viu algo como um flashback. -Era isso mesmo- disse o garoto com um ar de preocupação -Não sabia que existiam livros sobre ele.-

O garoto achou estranho que Cobernick falasse daquele modo e depois fosse calmamente brincar com o coelho, pelo que se lembrava Flint era cruel e estava disposto a matar qualquer um. Zato abriu um sorriso meio de lado. Apoiou a cabeça nas mãos e ficou pensativo enquanto ouvia a conversa.

Com um tom calmo falou ao vento baixinho -Capitão Nathaniel Flint... um rosto que dá medo em qualquer um.-

Não era comum para ele, participar de tal tipo de situação, mas colher informações nunca era demais, principalmente, de inimigos interessantes.

Devido ao seu estilo, talvez ninguem tivesse notado sua presença de fato. Estava alí, encostado observando, apenas quieto, ouvindo e aturando os seres bebados do local.

Se aproximou calmo e silêncioso, sua voz era calma e de leve fria, sua expressão, tédio absoluto, um olhar quase que de um peixe morto.

- Ele se faz tão importante assim? - A voz parecia desinteressada, apenas parecia. Um pirata, uma tripulação mista, talvez fosse algo de fato interessante. - Humano, ao menos?

Completou, sentando-se em um dos bancos ao redor daquela mesa que agora, parecia bem movimentada. As figuras alí, eram de leve estranhas, completamente distintas e diferentes. Mas não era de todo, tão ruim.

Após ouvir o longo discurso feito por Gin, e ficar sendo encarado por um tempinho, Zato não sentiu necessidade de responder a pergunta antes feita. Não importava conhecer Flint, se a pessoa, o capitão do navio que se falava, era outro. Zato ficou pensativo e deu um longo suspiro sem ter muito o que falar. Talvez fosse realmente só uma brincadeira de um mago, ou Gin só estava querendo atenção para sí.

O garoto seguiu com os olhos Gin até a saída e voltou a olhar o movimento do bar. Virou-se para o resto das pessoas que estavam alí, presentes na mesa. -Ele tava irritado ou animado?- Gin saiu muito rapido do bar para alguem que queria informar as pessoas de algo. e se ele não sabia mais nada, por que deixar todos discutindo alí?

Zato coçou a cabeça pensou um pouco se virou para Cobernick e o coelho, ficou olhando o relogio na cabeça do Clock Bunny, lembrou-se que o coelho parecia ser um animal de estimação da garota psicopata. entou fitou ela por alguns segundos e a ela perguntou: -Seu relógio ta certo?-

Ree era mais uma ouvinte do que uma integrante efetiva da discussão. Balançava o pé vez ou outra, fixando um ponto qualquer no chão, de braços cruzados. Ela ouvia, e assimilava tudo.

Flint... Jamais conheci. Tsc, preciso deixar de ser anti-social.

....

....

Nah, eu acho outros meios.

A conversa prosseguia, se desfiando a história em suposições e ao menos, uma localização mais exata. Ree não estava interessada no dinheiro. Mas nas criaturas. Claro que, levar o dinheiro junto, era sempre um adicional bem vindo a ela.

Clock Bunny rosnava e atacava os pequenos vapores que Cobernick lhe lançava, rolando pela mesa. Mas era realmente como se estivesse brincando. Claro que se ele o mordesse sem querer, não seria de todo mal para ele, e ria desses seu pensamento vez ou outra.

O rapaz tagarela finalizou seu conto, deixando todos os outros a mesa, pensativos.

Flint, monstros, dinheiro......almas fortes....

Ree lambeu e mordiscou o lábio, contendo um sorriso, como uma criança gulosa faria diante de uma loja de doces.

Será divertido uma pequena visita até lá...

Falava para si, mas deixou escapar o pensamento. Descruzou as pernas e levantou. Clock Bunny imediatamente parou a brincadeira, levantando-se e olhando atentamente durante alguns segundos. Parecia se comunicar com sua dona mentalmente. Sim, ele podia sentir as emoções de Ree naquele instante, e ele gostou. Soltou sua risada maníaca.

-Seu relógio ta certo?-

Mas antes de pular para o ombro dela, ameaçou morder Zato, abrindo sua boca e avançando contra a cara dele, para então rir do susto dado, e ai sim voltar a sua mestra. Ree sorriu, afagando sua cabeça.

Fufufu... Não, e agradeça por isso, ou você não teria mais cabeça.

Ela sorriu sarcasticamente, e com uma pitada de malvadeza, como se esperasse que isso realmente acontecesse. A história a fazia acordar seus instintos de superioridade e sadismo.

Deu as costas, e enquanto passava por Kieran, falou baixo.

Alma interessante a sua...

Disse num tom de cobiça. Ela não tinha deixado escapar o fato do rapaz ter alguma habilidade parecida a sua. Suas almas seriam sempre mais conturbadas que o normal.

Depois disso, passou pela porta, colocou o capuz na cabeça, enquanto Clock Bunny voltava ao chão. Os dois sumiram logo em seguida pela multidão, Ree com uma boa caçada em mente.