Cemitério

Como imaginara, o poder daquela espada era assustadoramente gigantesco. Viu alguns vultos atrás de Skar ao tomar-lhe a espada, e logo esses mesmos vultos estavam atrás de si. De imediato, achou que a espada seria leve, mas logo após esse evento chegou a ajoelhar-se devido ao grande peso. Apesar destas dificuldades, um sorriso aparecia no rosto do Hanyou. Com o poder que agora estava em suas mãos, seus planos iriam tomar um novo rumo e provavelmente seriam completamos muito mais rápido do que imaginara. — E você acha que eu iria devolver algo tão precioso assim? Poupe-me de sua preocupação, guardião, como eu já lhe disse várias vezes, não sou medíocre como os seres que você já encontrou. — E então, sem perder mais tempo, dirigiu-se até a saída indicada por aquele homem. Se o que ele falou for verdade, felizmente Kazama não levaria horas para sair, igual ao que fez quando passou por todas aquelas inúmeras armadilhas. Agora, tudo que lhe restava era sair daquela tumba imunda e então, dar continuação aos seus planos.

Ao sair, pode notar a luz do sol atingindo todo o cemitério. De fato, era algo bem raro e já fazia tempo desde que via o sol tão forte em alguma parte de Takaras. Ali, pode observar melhor o seu estado. Além de exausto devido a tudo que precisou passar, suas roupas que tanto estimava estavam parecendo um trapo velho e sujo. Estava com alguns machucados pelo corpo, provavelmente adquiridos no combate contra Skar, o que o deixou levemente irritado. Por fim, ouviu a pergunta de Saphira, o que fez voltar para a realidade. Sim, a mulher estava certa, eles não haviam tempo a perder caso quisessem, de uma vez, atingir todos os seus objetivos. — Por enquanto, nada. — Disse, logo retomando. — Preciso encontrar roupas novas, além de descansar um pouco e aprender como usufruir totalmente de meu novo brinquedo. — Comentou, referindo-se a espada. De certa forma, ele estava certo. Aquilo não era uma arma normal, e tentar controlá-la em algum momento crucial era arriscado, pois ninguém podia dizer os efeitos que ela poderia causar. No entanto, Kazama pretendia ir além. Ignorando completamente os avisos de Skar, ele estava decidido a usar os poderes daquela arma amaldiçoada completamente. Se ninguém até aquele momento fora capaz de suportar o seu incrível poder, ele seria o primeiro. — Porém, Saphira. Tenho outro serviço para você. —

Disse, com um sorriso um tanto sarcástico. Aquela mulher estava sendo extremamente útil, muito mais do que ele jamais imaginou que seria. Portanto, enquanto ela ainda estivesse com ele, ele deveria aproveitar ao máximo possível. — Volte a fazer o que estava fazendo, continue espalhando rumores nas tabernas e o centro de Takaras. Pode exagerar um pouco se quiser, pois provavelmente não seremos capazes de atingir nosso objetivo se o mesmo boato repetitivo continuar, dando a impressão de ser falso ou que o tão famoso "general" não estar avançando nada. Além disso, há algo mais. — Disse, logo se virando para a mulher. Provavelmente ela não gostaria muito dessa parte, por isso Kazama queria ver a sua reação. — Precisamos começar a encontrar homens dignos, imediatamente, para serem meus futuros comandantes. Ainda é cedo para formarmos um exército, primeiro precisamos das "cabeças" que irão controlar os peões da linha de frente. Enquanto espalha os rumores, fique de olho se alguma criatura com tais qualidade se interessa, e então... — Sorriu, com um sorriso sínico. Seduza-os, beije-os, durma com eles. Ilude-os a ponto de que assim que necessitarmos, eles atendam nosso chamado sem hesitar um único segundo. — Então se virou e, pelo mesmo caminho que chegou ao cemitério, se dirigia a saída. No entanto, ao se distanciar alguns metros, parou, voltando a olhar para ela. — Quando for a hora, irei arrumar uma maneira de lhe contatar. Até lá, não me procure. —

Spoiler:

@ Seishirou

Não demoraram para chegar no cemitério. O cenário já estava mudando desde a estrada e tudo que tinham a fazer era se aproximar e terminar o serviço que tinham começado. Não seria fácil. Isso era uma certeza para Seishirou e Edward. A única que não sabia muito bem o que faria era Chris, mas na hora tudo iria se encaixar; isto, é claro, era o que queria e pensava. Uma coisa é pensar, outra que é bem diferente é agir.

A charrete parou na frente dos portões do cemitério. Eles estavam abertos com as criaturas já perambulando. O cheiro fétido de carne podre inundava tudo e fazia Chris quase vomitar. Edward já estava acostumado a este cheiro então nem parecia nervoso ou enjoado, estava apenas apreensivo. Teriam de achar o mausoléu para entrar. O cemitério era grande, tinham vários deles! seria difícil ainda mais atravessar o cemitério inteiro sem ser impedido por criaturas.

— Teremos de ser rápidos. Teremos de achar o mausoléu. Ainda tenho um pouco dos meus poderes então posso deixar as criaturas se aproximarem. Vou chamar suas atenções para mim enquanto vocês dois procuram o mausoléu. Ele é preto de pedras pontiagudas roxas, não há como errar. — Sem mais avisos, andou para o dentro do cemitério e todos olharam para ele quando pisou os pés. Devagar, quase mais lento que ele próprio, as criaturas avançaram loucas por tua carne.

Assim chegamos ao cemitério. Não seria fácil concluir o que viéramos fazer, mas era só esperar o que Edward queria de mim, e de Chris também. A charrete parou à frente dos portões, e o cheiro de podridão me nauseou, quase levando Chris a vomitar, mas a Edward sorrir de forma saudosa, com apreensão. Criaturas andavam dali pra lá, e de lá para ali, nos deixando uma tarefa realmente complicada de ser realizada, passar sem chamar a atenção.

Foi quando Edward disse que chamaria a atenção das criaturas enquanto procurávamos o mausoléu que utilizaríamos, e nos explicou como era o mesmo: preto, de pedras pontiagudas roxas... E Edward, no momento seguinte, entrou no cemitério, atraindo as criaturas sedentas de carne para ele. Eu podia sentir cada um, eles liberavam energia das trevas, que contrastava com a minha.

-Vem, Chris. Vamos andando.

E entrei no cemitério com Chris em meu encalço, olhando primeiro para ver o quanto aquelas criaturas se afastavam de nós. Olhando de fora, os mausoléus eram de mármore branco, então o que procurávamos deveria estar mais ao centro, e aquele tipo de construção que vimos de fora do cemitério era algo tido como padrão...

Andando cautelosamente pelo cemitério, ao longe comecei a ver algumas construções mais escuras. Era hora de continuar andando...

-Vamos, Chris, por aqui.

Se eu não sabia o que aguardava, tendo somente uma leve ideia, tentei imaginar o que seria de Chris, que não sabia de nada e também não fazia a menor ideia.

OFF: Shao, desculpe, eu perdi a linha do tempo XD

Após procurar um bom bocado, achamos o mausoléu que queríamos encontrar. Porém, uma fechadura diferente das outras estava em nosso caminho. Chris pareceu conhecer o símbolo, e além de tampar o rosto com as mãos, apontou seu anel para a fechadura e ela pareceu 'pulsar'. Como isso poderia acontecer? Em seguida, encaixa o anel na fechadura.

Edward aparece apressado, com todas as criaturas atrás dele, e com um movimento, lá estávamos nós três dentro do mausoléu, mas não sem antes ela girar o pulso para abrir a porta e também me empurrar porta adentro. Os zumbis tentaram entrar logo atrás de nós, mas empurramos a porta e, com um grande berro usando de força, a fechamos, não sem amputar braços dos zumbis que rolaram escadaria abaixo. Chris se assustou com uma teia de aranha em seguida, e eu, nesse meio tempo, consegui sentir o vento vir da escadaria.

Assim que Edward os instiga a descer, sinto minha espinha esfriar de um jeito intenso, fiquei completamente arrepiado. "O que era aquilo?", pensei. Ainda atormentado por aquele arrepio, Chris perguntou o porque o anel dela tinha o mesmo símbolo. Foi quando eu pensei... "Boa pergunta. Essa eu quero ouvir a resposta".

Foi quando Edward perguntou à ela sobre o anel... "Outra boa pergunta. Esse não dá ponto sem nó", pensei. Edward sequer olhava para Chris, apenas olhava para o final da escada, iluminado, mas que parecia não ter fim. Foi quando veio a primeira resposta... O anel era da avó de Chris. Edward desconversou após olhar fixamente para a menina... Aquilo foi muito, mas muito estranho mesmo.

Num silêncio modorrento, até os passos ecoavam demais... Foi quando um urro surgiu no andar de baixo... Congelando meu sangue, e uma sobra gigantesca apareceu... Eu, assim que vi a sombra, parei de imediato, vendo Chris colocar a mão em sua boca e Edward praguejar... E quando consegui atinar o que era, era um basilisco, e já tinha nos notado. Era lutar ou morrer. Edward disse que era o guardião do lugar.

Nem era preciso Chris gritar para que corrêssemos.

Nós três corremos para baixo, deixando provisoriamente o basilisco para trás... Eu também corri. Não sabia se seria necessário lutar, mas caso fosse preciso, eu já tinha uma estratégia, e meu poder era o ideal para parar aquele ser.

A criatura desceu de boca aberta, e se tivéssemos corrido menos do que naquele momento, com certeza teríamos sido pegos. A boca não me acerta por pouco... Havia um cheiro azedo naquela movimentação, era o veneno que emanava dali. Edward demonstrou preocupação, e nos informou que a criatura preferia o escuro.

Nem foi necessário Chris me perguntar se eu tinha, meu golpe era perfeito... E era tudo de acordo com a minha estratégia.

-Raio de Luz! - bradei eu, mirando o disparo entre os olhos da criatura, para que o efeito fosse maior e conforme eu havia esperado. Se acertasse, tinha chances de tirá-la de combate, ou assim pensei eu; E não usei o cajado, pois o túnel era apertado e não me daria espaço pra manobrar a arma, que era de médio e longo alcance.

Espalmei a mão direita e um globo de luz se formou, girando e brilhando, e quando formou a estrutura de cone, ou seja, partindo de um ponto de minha mão e alargando até chegar na criatura, eu pensei ter ouvido um berro de terror, tamanha minha empolgação.

E realmente eu escutara a criatura urrar, acertou o olho direito dela, o que nos deu tempo o suficiente para fugirmos mais rápido. Ela balançava a cabeça e foi pra trás como se houvesse visto algo que a paralisasse de medo. Edward nos indicou a descer mais rápido. Mas era claro que quanto mais o tempo passasse, mais ele ficava mal... Ele cambaleava bastante. Algum tempo depois, que eu não pude quantificar, chegamos no patamar mais baixo daquela descida e passamos correndo pela porta, fechando-a em seguida.

Chris estava bastante aliviada. Coalhados pelo chão que acabamos de ver, a decoração normal do fundo de uma masmorra, teias de aranha por todos os lados, poucas tochas pelo caminho e alguns cadáveres... Talvez alguns que quiseram entrar ali e obviamente não conseguiram. A menina tolamente perguntou para onde iríamos naquele momento, e sem objetar mais nada, se ofereceu como muleta para ele.

Em seguida, Edward disse que teriam que entrar no quinto túnel da esquerda e pegar o primeiro caminho da direita, tive o cuidado de memorizar o que tínhamos de fazer enquanto Edward estivesse consciente, porque se ele a perdesse, eu teria que assumir a liderança de nossa empreitada... E, de acordo com ele, havia um sarcófago grande... Então seria mais fácil de localizar.

Os túneis abaixo eram de tamanho padrão, bastante largos... E naquela instância não convinha gastar energia. Peguei uma tocha e, ao lado de Chris e de Edward, comecei a caminhada para os fundos daquele lugar, atento a qualquer movimentação suspeita. Era melhor do que ser surpreendido.

Muito tempo havia se passado desde que o elfo havia estado no cemitério e aceitado a missão de Kjeen. Mas enfim o bravo guerreiro tinha concluído sua missão e estava de volta para o local marcado de se re-encontrar.

— Vamos Kjeen. Aparece, sei que está ai.

Certamente o elfo já não era mais o mesmo de antes, que da última vez nem ao menos havia conseguido ver o vampiro se aproximar dele. E agora conseguia sentir a presença de Kjeen.

" Será que estou fazendo o certo, entregando essa pedra, mesmo com os poderes selados? "

Um vento frio arrastava a poeira daquele lugar esquecido. A muito tempo os mortos já não eram mais enterrados, apenas jogados ao relento. Túmulos e mausoléus, mesmo havendo centenas, não pareciam ser suficientes. A terra era seca, acinzentada, nenhum tipo de planta nascia por mais que houvesse corpos apodrecendo em todo canto. Vez ou outra Tenkai avistava um hellhound se alimentando de um cadáver ou procurando ossos que ainda pudessem ser roídos.

Ao chamar pelo vampiro, Tenkai apenas continuou ouvindo o sussurro do vento. Olhou em volta, apenas os túmulos e estátuas pareciam assistir ao seu chamado. Até que uma das estátuas se moveu.

– Ah, achei que você não apareceria mais! – O ser aos poucos se movia. Era um licantropo de pelagem mesclada entre cinza e negro carvão, não muito corpulento, mas sua musculatura era definida. Ele se levantou, ficando sobre as duas patas, encarando o elfo. Riu – Aquele vampiro cretino não está mais atendendo, se é que me entende... Então ficarei com a pedra.

Spoiler:

Ele estendeu sua mão com garras, seus olhos amarelos encarando Tenkai como se fosse uma presa fácil. Era difícil saber se o que aquele licantropo estava falando era verdade, e o elfo deveria pensar rápido.

Tenkai esperava por algum sinal de Kjeen, pois havia dito ao elfo que quando Tenkai tivesse terminado a missão, estaria aqui quando o guerreiro chega-se. Entretanto, a figura na qual Tenkai se deparou foi outra.

Era uma criatura sinistra e alta, muita pelagem e garras que aparentavam rasgar até mesmo o aço. Porém Tenkai não se intimidou com aquela criatura e suas prezas ferozes.

— Não está mais atendendo, hu?

Tenkai não sabia da rivalidade de vampiros e Licantropos, mas parecia entender o que o Licantropo dizia a respeito de Kjeen. Mas com isso a missão do elfo ia para o espaço e uma nova situação intrigadora surgia, a criatura que parecia ter dado cabo do vampiro, exigia a pedra.

— Lamento. Meus assuntos são com Kjeen — O elfo pensou e percebeu — Por que acha que eu tenho uma pedra comigo? E se eu tivesse tal pedra pertencente ao vampiro, por que eu lhe entregaria. Não o conheço e não teria vantagem nenhuma nisso.

Tenkai agora estava testando o licantropo, poderia ser ele um aliado ou mais um inimigo?

O licantropo deu uma risada rouca e sinistra que durou alguns segundos.

– Acha que aquele morcego lhe daria algo em troca pela pedra? Você teria sido morto no instante em que tivesse pisado aqui. Vampiros são criaturas ardilosas, cínicas, que vão usar você até que não sobre nada. Jamais deixam você sem saída, o brigam a seguir suas ordens. – Ele rosnou por alguns instantes, avaliando o elfo – Era para você estar cercado de vampiros neste momento, e sua vida passaria a ser um tormento. Serviria a Kjeen contra sua vontade.

Ele subiu em um dos túmulos, ficando agachado ali, e mesmo assim era muito mais alto que Tenkai.

– Não pense que somos selvagens como os Filhos da Lua. Não não... somos racionais, e sabemos que a melhor forma de conseguir algo de alguém, é oferecendo uma real recompensa em troca. Você passou por bons bocados para conseguir esta pedra, por acaso sabe do que se trata? Ela potencializa o poder dos vampiros, fazendo-os ter sangue quente! Os desgraçados podem até mesmo se transformar em criaturas aladas piores do que qualquer coisa que você já viu. Lhe dou uma dica, caro elfo: não confie em ninguém de Takaras, principalmente vampiros.

O elfo agora se mantinha calado, a criatura parecia ser amigável e contava certas verdades.

— Sim, você está certo sobre aquele homem Kjeen, ele não era confiável, pois quando cheguei em Ruff, descobri que o colar que era o símbolo dessa vampiro, era uma maldição que só acabaria quando eu completação a missão — O elfo retirou um colar do pescoço, deixando apenas o colar do concelho na qual não se podia retirar do pescoço, e imediatamente jogou e deu-lhe um pisão forte que quebrou o símbolo — Mas minha missão já foi completada e essa maldição não está mais sobre efeito de mim.

Agora o Licantropo parecia bem relaxado e se sentava. Tenkai ficava observando suas atitudes e palavras.

— Você parece ser uma criatura sensata e que conhece bem os vampiros, e sobre essa pedra, pois bem, também sei sobre essa pedra e descobri da pior maneira possível, porém essa pedra já não tem mais os poderes que tinha, ela foi selada por um mago e seus poderes já não existem mais ou foram reduzidos absurdamente. Kjeen só receberia uma pedra comum, e bem, se ele tenta-se me matar, acho que ele não conseguiria mais. Se fosse quando nós conhecemos, poderia me matar, mas agora não mais, tanto que eu pretendia dar fim a vida dele.

O elfo olhou para criatura novamente e depois pegou no pingente do colar do concelho e deu uma olhada sem o licantropo ver o que estava na mão de Tenkai. Logo em seguida voltou a falar.

— Quando sai da Estalagem de Ruff, foi me dado um título do concelho, e esse título é de Representante das Raças ao Concelho. Eu não sei bem o que esse título faz, mas acredito que deva ser um equilíbrio entre todas as raças. Eu poderia lhe dar a pedra sem maiores problemas, mas acredito que eu deva ficar com ela, para ninguém ter posse sobre ela e tentar usar seus poderes selados. Como você me disse, és uma criatura racional, então deve perceber o peso que carrego comigo agora. O que me diz? E não se preocupe, não confio em ninguém de Takaras, não sou desse continente.