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Mensagem por Goldsilver Ironsteel Ter 24 Jul 2012, 1:34 am

Os 3 sóis brilhavam fortes no meio do céu mas nem isso era suficiente para romper o frio dos ventos gélidos do norte que castigavam a tundra e todos que por ali ousavam passar. Mas mesmo o frio e todo o gelo não eram suficientes para incomodar algumas dezenas de homens que se encontravam ali naquele vale congelado. Brandindo suas armas com violência, os guerreiros iam tombando seus inimigos transformando aquele vale branco em vermelho com o sangue que se espalhava pela neve.

Gritos de fúria, de dor e de morte explodiam por toda a parte misturando-se ao som de aço chocando-se contra aço. Aquele vale que era costumeiramente deserto agora havia se tornado palco de um espetáculo de horrores, um campo de batalha cruel e sangrento. Um verdeiro festim macabro onde a morte se fartava com a vida dos derrotados. Para todos os lados que se olhava tudo o que se via era a morte, pilhas e mais pilhas de corpos mutilados espalhavam-se pela paisagem enquanto que o sangue deles ao escorrer, formava um tenebroso rio que atravessava todo o campo de batalha.

Em meio aos mortos, alguns guerreiros que foram infelizes o suficiente para ter o azar de não terem uma morte rápida, rastejavam pelo chão a procura de um braço ou perna amputados, na vã esperança de que ao encontrá-los pudessem se curar e voltar ao normal. Outros ainda mantinham-se quietos no lugar enquanto usavam suas mãos para impedir que suas entranhas saissem por enormes cortes em seus corpos, mas tudo não passava de um esforço inútil e eles sabiam disso, pois em poucos minutos estariam mortos pelo frio e pela perda de sangue.

Mas nem mesmo o drama dos ultimos segundos de vida daqueles que estavam mortalmente feridos, nem mesmo o silêncio macabro dos mortos, eram capazes de cessar o combate que se desenrolava entre aqueles que ainda podiam de ficar de pé. No começo eles eram centenas, agora não passavam de dezenas. A redução nos números havia começado pela madrugada e desde então continuava a se desenrolar até o meio dia.

Dois exércitos, ou o que restou deles, disputavam ferrenhamente a vitória, tamanha era a violência e agressividade entre os rivais que até mesmo o motivo daquela batalha havia sido esquecido. Nenhum guerreiro ali se preocupava mais com as razões que os levaram até aquele vale, no começo talvez mas agora que a exaustão dominava seus corpos e o frio inclemente roubava-lhes o precioso calor, a única motivação que se tinha em mente era a de sair vivo. Tamanho eram o caos e o desespero que existia ali, que nem mesmo era mais possível a ninguém reconhecer quem era quem, pois todos os guerreiros estavam banhados em sangue dos pés a cabeça, sangue que se havia espirrado em seus corpos a medida que eles derrubavam seus inimigos.

No meio de toda aquela carnificina existia um guerreiro que se destacava de todos os outros, pois sua arma era diferente e incomum assim como sua forma de lutar. O espadachim era bastante jovem, tinha um corpo robusto e bem desenvolvido e trazia com ele uma enorme espada, maior que ele próprio. Seus cabelos eram pretos, bem curtos e espetados, ele tinha a pele branca e os olhos na cor castanho escuro.

O jovem guerreiro lutava furiosamente do alto de uma pequena elevação de neve, sua enorme espada balançava velozmente indo e vindo em todas as direções fatiando e aniquiliando aqueles que ousavam se aproximar. Ele estava ali desde que o ataque havia começado pela madrugada e até então se manteve firme, lutando por sua vida, o que fez que consequentemente um anel de corpos mutilados se formasse ao redor da elevação onde estava.

Agora aquela carnificina ia chegando ao fim conforme os números de ambos os lados decresciam cada vez mais, o guerreiro por sua vez continuava a brandir sua enorme espada com uma maestria incomum para a sua idade, tamanha era a sua habilidade que ele muitas vezes naquele combate se viu cercado por até quatro inimigos e mesmo assim triunfou. Ele não era somente forte e habilidoso, mas veloz com sua arma, mesmo sua espada sendo muito grande e pesada ele consguia movê-la muito mais rápido que o normal deixando os inimigos atônitos por verem uma arma de porte tão grande balançar com tamanha velocidade.

Mas mesmo sendo forte e habilidoso, assim como qualquer outro homem ali ele também era vítima da exaustão e do frio, a cada hora que se passava sua arma ia ficando mais pesada, seus movimentos iam se tornando mais lentos, ele já não lutava com tanta maestria quanto lhe era de costume e talvez naquela situação não seria mais capaz de derrotar 3 ou 4 inimigos de uma só vez como fizera várias vezes no decorrer daquele combate. Mas sua vontade de viver era enorme e o fazia recusar os protestos de cansaço do corpo, a adrenalina impregnava seu sangue enquanto o medo e o desespero o faziam se esforçar ao máximo.

Finalmente aquele embate feros ia chegando ao fim, os inimigos que outrora não cessavam de vir estavam diminuindo e agora Aldarion se via cercado por apenas dois guerreiros. Um dos inimigos usava um escudo médio, vestia uma cota de malha e tinha como arma um truculento machado de uma mão só, o outro inimigo encontrava-se mais distante as costas do espadachim, este tinha como arma uma espada longa, um machado de arremesso e também usava uma armadura de cota de malha.

Os dois homens aproximavam-se de Aldarion com cuidado, o guerreiro por sua vez se mantinha em guarda tentando manter os dois inimigos no foco de sua visão, mas esse esforço era falho pois os adversários astuciosamente se posicionavam de tal modo que era impossível visualizar os dois ao mesmo tempo. Sem muita escolha o espadachim decidiu por focar-se no sujeito que se aproximava perigosamente com seu machado, ele sabia que sua armadura barata de couro curtido não seria capaz de absorver o impácto daquela arma, se fosse atingido ali naquele frio ele morreria ou pelo ferimento ou pela hipotermia causada pela perda de sangue.

Agora o guerreiro de machado passava por cima da pilha de corpos que se amultuavam ao redor da elevação onde Aldarion estava, seus olhos furiosos encaravam o espadachim revelando um desejo insano de matar. Aldarion devolvia o olhar encarando-o com frieza enquanto erguia seu espadão mantendo-se em guarda. Gostas de suor que eram produto de seu nervosismo formavam-se em sua testa e escorriam por sua face imunda de sangue, suas mãos que também estavam sujas com sangue seguravam firmemente sua espada. Apesar da determinação que o espadachim tinha em viver a exaustão lhe cobrava seu preço, sua visão estava ficando turva e enevoada, suas pernas doiam e pediam por descanço, como se isso já não bastasse ele também estava ferido com pequenos cortes em várias partes do corpo.

Felizmente para Aldarion seus dois ultimos inimigos não estavam em uma situação muito melhor que ele, também estavam feridos, cansados e á mercê do frio. Mas nenhum dos 3 combatentes que estavam ali de pé demonstrava qualquer sinal de desistência, nem os inimigos que avançavam nem o espadachim que se defendia. Desta forma os momentos finais daquela luta iam se aproximando até que Aldarion tomou uma atitude inusitada.

- Por que ainda estamos lutando? - Questionou em voz alta.

Seus inimigos por sua vez não cessaram o avanço.



[Continua...]
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